Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 474 | Outubro de 2017 | Campo Mourão - Paraná

ENTREVISTA

“O COOPERATIVISMO É UMA COISA FANTÁSTICA"

João Carlos de Oliveira é professor, consultor e palestrante

O professor, consultor e palestrante João Carlos de Oliveira conhece como poucos o funcionamento e os resultados da participação de cooperados e familiares no cooperativismo. Com experiência em motivar e colaborar na transformação de pessoas, para a construção do bem comum e da felicidade, João Carlos vem despertando há mais de 20 anos a importância do relacionamento e da prática da cooperação para um mundo melhor.

Ele foi palestrante no evento FamíliaCoop 2017 da Coamo, no mês de setembro, organizado para 1.500 mulheres cooperadas, esposas e filhas de cooperados, de todas as regiões da cooperativa. João Carlos concedeu entrevista à Revista Coamo e abordou a importância do cooperativismo e do agronegócio, e das pessoas como atuantes na sociedade. “Vejo no semblante dos cooperados e da família cooperada, a satisfação de pertencer a uma cooperativa fantástica como é a Coamo.”


Revista Coamo: Quem é João Carlos de Oliveira?

João Carlos de Oliveira: Sou filho de agricultor vindo de Ivaiporã, na região do Vale do Ivaí, no Paraná, que um dia ousou sonhar em conversar com as pessoas sobre aquilo que é apaixonado. Hoje sou professor, trabalho nesse Brasil, principalmente no Paraná, falando de uma coisa simples, mas que completa o ser humano: o cooperativismo, que é família. Tenho quatro filhos, e eles são uma dádiva de Deus. Eles nos mostram que temos condições de vencer, vencer e vencer!


RC: Nessa andança pelo cooperativismo conhecendo várias regiões, como define este movimento?

Oliveira: O cooperativismo é uma coisa fantástica, na primeira vez que tive a ideia do que era isso, na verdade não dava para acreditar. O cooperativismo é o fortalecimento de uma sociedade, onde as coisas funcionam de forma fácil e são feitas por pessoas. Vejo o cooperativismo, principalmente no Paraná, como um exemplo, de como uma comunidade pode trabalhar pelo bem comum. O Brasil está começando a enxergar isso e tem nas cooperativas esse modelo. Mas, tem que vir in loco para ver e aprender com vocês. É muito bom respeitar o aprendizado dos outros, e com o cooperativismo nosso país tem uma grande chance de ser melhor e mais produtivo.


RC: Há quantos anos está nessa jornada como palestrante e atuando junto aos associados e família cooperativista?

Oliveira: No cooperativismo estou há mais de 18 anos, e falando com as pessoas há quase 30 anos, porque sou professor e, uma vez em sala de aula, sempre se está palestrando. Palestrar é trocar ideias. Desde os meus 20 anos de idade, adoro trocar ideias, então faz exatamente 28 anos que eu atuo com isso.


RC: O que mais motiva o senhor quando sobe no palco?

Oliveira: As pessoas e olhar os sorrisos delas. É enxergá-las acreditando, é quando tenho o desafio de subir no palco e levar a verdade. Sou apaixonado em entregar algo para as pessoas que me assistem não importa onde estejam, nem que seja um sorriso, um abraço, mas eu gosto disso, porque isso faz a diferença.


RC: E por falar em pessoas, como é esse reencontro com quem já ouviu o senhor em palestras?

Oliveira: É a perfeição de tudo, é aí que consigo entender e ter créditos, porque elas vêm falar, “professor eu já assisti uma, duas, três, quatro, cinco vezes, mas eu gosto de ver o senhor falar”. Para mim, isso é perfeito, fico feliz em fazer as pessoas melhores e mais felizes para transformar o ambiente, onde estão e com quem estão de acordo com a sua realidade.


RC: O mundo está mudando de forma veloz e as pessoas também. Nesses anos todos o que o ser humano mudou?  

Oliveira: Somos de uma época que tínhamos medo de viver, onde era costume falar que ´vamos sobreviver´. Ainda sinto falta e acho que as pessoas podiam ter mais fé, perdemos um pouco dessa essência. E em uma crescente com a família, temos que fazer esse resgate. Acredito nas pessoas e quando praticamos o cooperativismo e com a família, ajudamos a despertar esse sentimento de fé e de construção no seu negócio, porque todos têm sonhos e trabalham todos os dias, mas somente juntos é que podemos resgatar esta sensação de comunidade.


RC: Como seria o Brasil se espelhasse nos valores do cooperativismo, como honestidade, partilha e ética?

Oliveira: Seria maravilhoso, muito melhor com certeza, pois o Brasil é um país grande e poderia ser ainda mais maravilhoso, pois o brasileiro é um povo que trabalha e trabalha muito, sabe o que é certo, o que é ter ética, respeito e honestidade. Mas, infelizmente, alguns que estão em cargos e no poder, parecem ter esquecido as lições dos seus pais e das salas de aula, e se aproveitam de pessoas e de determinadas situações para obter vantagens e praticar atos vergonhosos. Com certeza, o cooperativismo é espelho para o nosso país, porque quando falamos em cooperativismo, falamos de valores, princípios e sabemos que nenhuma cooperativa e nenhum cooperado deve trabalhar sem princípios.


RC: O senhor tem falado e despertado em suas palestras o sentimento de ser feliz e uma das vertentes do cooperativismo é exatamente propiciar o bem-estar e a felicidade.

Oliveira: Claro, eu andava na estrada um tempo atrás e via casas quase caindo, porque as pessoas tinham costume de dizer que eram ´casas de agricultores´. Mas, hoje passo na estrada e vejo outro cenário, com propriedades mais organizadas, casas bonitas com conforto e ambiente saudável. Vejo agricultores e famílias mais felizes, que sabem de sua missão como empreendedores e produtores de alimentos, e que sem o trabalho deles não haverá comida na mesa dos brasileiros e do mundo todo. Então, diferente de décadas anteriores, hoje vemos agricultores que não têm mais carroça, mas sim carros bons e modernos, maquinários com últimas tecnologias, inclusive colheitadeiras com direito a GPS e ar-condicionado. Isso é maravilhoso, é uma conquista que a geração atual tem, bem diferente dos nossos pais e avós que usavam arados, carroças, enfim, uma geração que deu o sangue com muito suor e dedicação. É graças aos agricultores de ontem que temos essa facilidade e os benefícios de hoje. Por isso, tiro o chapéu para os agricultores que construíram ao longo dos anos essa maravilha de agricultura que temos.


RC: Todos estão colhendo os frutos dessa evolução?

Oliveira: Sim, porque continuam trabalhando, só que melhores que antes, e com esperanças renovadas, acreditam em produtividades maiores e em dias melhores, e isso faz toda a diferença. Gosto muito de andar pelas estradas e comprovar essa mudança, essa transformação. Temos que falar do agronegócio com orgulho, com brilho nos olhos, porque os agricultores brasileiros fazem bem feito, sabem plantar e colher com eficiência.


RC: O senhor esteve várias vzes na Coamo. Como analisa o trabalho praticado pela cooperativa?

Oliveira: É assustador, sabe porquê? A Coamo assusta no bom sentido, é gratificante você estar em uma das maiores cooperativas do mundo e ver essas pessoas – cooperados, diretoria e funcionários- acreditando que existe essência, que não é só negócio de comprar e vender, mas muito além. É emocionante ver um homem de 76 anos – José Aroldo Gallassini - celebrando a semente lançada no final de 1970, há 47 anos, sendo exemplo e falando com cooperados e família com alegria, entusiasmo e retidão. Gente isso é motivador, pois vejo aqui na Coamo a prática desse cooperativismo com energia e harmonia, a gente vê pessoas boas, bem-intencionadas e comprometidas, de gente que vibra e sabe que é importante para o bem comum.


RC: E quando sobe ao palco e vê centenas de mulheres cooperadas, esposas e filhas de cooperados no FamíliaCoop?

Oliveira: É maravilhoso, elas se sentem valorizadas e vibram com a sua cooperativa, estão sorrindo, se abraçam e tem uma grande energia. Elas voltam para casa e vão replicar toda essa aprendizagem. Você já viu coisa melhor do que você replicar a alegria, os valores, o sucesso e o respeito da sua Coamo por elas? Parabéns a Coamo por esse dia (Encontro da Família Cooperativista – FamíliaCoop), esses dias vou denominar de “Dia da Mulher Coamo”, porque a mulher é a rainha, e rainha é a rainha.

João Carlos durante evento do FamíliaCoop realizado para as mulheres na Coamo
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