Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 477 | Janeiro/Fevereiro de 2018 | Campo Mourão - Paraná

ENTREVISTA

AO LONGO DA HISTÓRIA, O COOPERATIVISMO DO PARANÁ E O BRDE ANDARAM DE MÃOS DADAS

Ex-governador do Paraná, Orlando Pessuti, 64 anos, é médico veterinário, graduado pela Universidade Federal do Paraná. Paranaense de Califórnia, foi deputado estadual por cinco mandatos, representando o Vale do Ivaí e a região Central do Estado. Exerceu a presidência da Assembleia Legislativa e participou da elaboração da Constituição do Paraná.

Pessuti também foi vice-governador do Estado do Paraná, secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, presidente do Conselho de Administração da Ceasa, Claspar, Codapar, Emater/Pr e Iapar.  Fez parte ainda do Conselho de Administração do BNDES e da Itaipu Binacional. Em março de 2015, assumiu, a convite do governador Beto Richa, à Diretoria Administrativa do BRDE.

Como controladores do BRDE, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul estabeleceram governança colegiada na instituição, cabendo a cada estado assumir a presidência do Banco por um período de um ano e quatro meses, dentro do tempo de mandato de seus respectivos governadores.

Costumo dizer que o cooperativismo do Paraná, a extensão rural e o BRDE formam um tripé que se fortaleceu ao longo das últimas décadas." A frase é do diretor- presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Orlando Pessuti.

De acordo com ele, o banco está ligado à história do cooperativismo do Paraná. "Queremos manter e ampliar nossa parceria de sucesso com as cooperativas", diz o entrevistado do mês na Revista Coamo.


Revista Coamo: Qual a missão do BRDE?

Orlando Pessuti: O BRDE é um banco público, focado no desenvolvimento socioeconômico dos três Estados do Sul e também do Mato Grosso do Sul. Tem por missão promover e liderar ações de fomento ao desenvolvimento econômico e social das regiões onde atua. Apoia e financia investimentos de empresas e de produtores rurais de todos os portes, nos mais variados segmentos de atividade. A visão da instituição é ser reconhecida como parceira estratégica na promoção do desenvolvimento econômico e sustentável da região de atuação.


RC: Quais os resultados do exercício 2017?

Pessuti: O BRDE contratou R$ 2,2 bilhões em financiamentos nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul em 2017. Encerramos o ano como o maior repassador de recursos entre as instituições credenciadas pelo BNDES na Região Sul e o sexto colocado quando são considerados todos os Estados do País. Esse desempenho impactou na criação ou manutenção de 33 mil empregos. As operações também geraram o recolhimento de ICMS incremental de R$ 359 milhões nos três Estados. Das 4.744 operações de crédito realizadas pelo BRDE, 79% foram para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). Somado o valor de R$ 2,2 bilhões das contratações aos recursos próprios dos investidores, o total aplicado nos projetos financiados pelo banco chega a R$ 4 bilhões.


RC: Quais os desafios para os próximos anos?

Pessuti: No momento, a principal prioridade é restabelecer os níveis de financiamento que vínhamos praticando e que, em 2017, foram reduzidos por conta da crise nacional e da exigência para que o BNDES devolvesse recursos ao Tesouro Nacional. Isso provocou redução do volume de recursos repassados pelo BNDES. Por isso, estamos buscando a diversificação das fontes de recursos, por meio de recursos próprios e de parcerias, como a que firmamos com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). O BRDE está captando 50 milhões de euros na AFD, que serão investidos em projetos voltados à produção e consumo sustentáveis. Além disso, o Banco passou a operar linhas do Fungetur, do Funcafé e do programa Avançar Cidades, que vem ao encontro de outro programa já existente, o BRDE Municípios. Temos ainda os recursos do FCO, para empreendimentos em Mato Grosso do Sul, e pretendemos ampliar os repasses pelo FGTS, para investimento em saneamento, mobilidade e infraestrutura, e pela FINEP, apoiando projetos inovadores. Mesmo operando somente no Sul, o BRDE é o campeão em repasses de linhas de inovação no país.

RC: O BRDE é parceiro há várias décadas do cooperativismo, inclusive da Coamo desde o seu surgimento.

Pessuti: Ao longo da história, o cooperativismo do Paraná e o BRDE andaram de mãos dadas. Na década de 1970, muitas cooperativas do ramo agropecuário foram criadas por meio de uma ação efetiva do governo e da extensão rural desenvolvida pela Acarpa, atual Emater. Os primeiros financiamentos da maioria das cooperativas do Paraná surgiram dentro do próprio BRDE, resultado dessa parceria maravilhosa entre o banco e o setor cooperativista. Costumo dizer que o cooperativismo do Paraná, a extensão rural e o BRDE formam um tripé que se fortaleceu ao longo das últimas décadas. Da mesma forma, ouço líderes cooperativistas afirmarem que o cooperativismo do Paraná não seria o que é, não fosse o BRDE. O banco está ligado à história do cooperativismo do Paraná. Queremos manter e ampliar nossa parceria de sucesso com as cooperativas. Sem a menor dúvida, o cooperativismo é o grande responsável pela pujança do campo paranaense. A Coamo, parceira histórica do BRDE, por exemplo, é referência dentro e fora do país, pelo desempenho, organização e abrangência.


RC: O BRDE tem vínculo forte com a Coamo e Credicoamo, como analisa essa parceria?

Pessuti: O BRDE tem histórico longo de relacionamento com a cooperativa, que é nossa cliente desde 1971. Nos últimos cinco anos, a cooperativa contratou R$ 213,80 milhões em financiamentos, os quais foram aplicados para a expansão e modernização das operações da cooperativa. Hoje, a Coamo tem 16 contratos ativos com o Banco. Há projetos em andamento pela cooperativa, no valor de mais de R$ 16 milhões, relativos à modernização de 38 unidades armazenadoras de cereais no Paraná (27), Santa Catarina (3) e Mato Grosso do Sul (8). Mês passado, foi aprovada linha de crédito no valor de R$ 30 milhões para a cooperativa, dos quais 50% representam investimentos em modernização de sete unidades de recebimento, beneficiamento e armazenamento de grãos no Paraná e em Santa Catarina (1).

BRDE EM NÚMEROS

Fundado em 1961, o BRDE tem 536 funcionários, três agências e 10 espaços de divulgação nas capitais da Região Sul, um escritório de representação em Campo Grande (MS) e outro no Rio de Janeiro (RJ). Hoje são R$ 16,8 bilhões em ativos, dos quais R$ 13,9 bilhões em financiamentos, sendo R$ 5,7 bilhões investidos no Paraná. O patrimônio líquido do banco é de R$ 2,4 bilhões.

O BRDE tem 35.377 clientes ativos e está presente em 1.083 (90,9%) dos 1.191 municípios do Sul. É o maior repassador de recursos do BNDES na Região Sul e o 6º no Brasil. Foi o primeiro agente financeiro do país cadastrado para repasse da linha INOVACRED e o maior repassador de linhas de inovação do Brasil.

O banco é agente financeiro da ANCINE para produções de cinema e obras audiovisuais em todo o Brasil e também do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), para operações rurais e empresariais em Mato Grosso do Sul. É também agente financeiro do FGTS, beneficiando municípios e infraestrutura privada nas áreas de saneamento, resíduos sólidos e mobilidade urbana.

Neste ano, o BRDE fecha sua primeira parceira para captação de recursos externos, destinados ao financiamento de projetos de produção e consumo sustentáveis. O parceiro é a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). Em 2017, o Banco foi credenciado pelo Ministério do Turismo para operar o FUNGETUR – Fundo Geral de Turismo, beneficiando a infraestrutura deste setor.

O BRDE apoia a indústria, empresas de todos os portes, comércio e serviços, agronegócio e infraestrutura. De 2012 a 2016, a média anual de investimentos no Paraná tem se mantido acima de R$ 1 bilhão.

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