Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 477 | Janeiro/Fevereiro de 2018 | Campo Mourão - Paraná

AGRICULTURA

À PROCURA DE ALTERNATIVAS

A vida dos produtores rurais na temporada 2017/18 não anda nada fácil. Depois de amargar seca no plantio da soja na safra de verão, que atrasou em até 40 dias o processo em algumas regiões do Paraná, e excesso de chuva no desenvolvimento das plantas, que ainda prejudica consideravelmente o trabalho de colheita, o próximo desafio recai sobre a safrinha. Sem tempo hábil para a semeadura dentro do calendário recomendado, os agricultores paranaenses estão revendo seus planejamentos para minimizar ao máximo os riscos.

Apesar de o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ter aumentado em 20 dias o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para 170 municípios produtores de milho, conforme solicitação da FAEP, a situação no campo ainda é de incertezas. Tudo por conta do lento trabalho de colheita da oleaginosa. Até o final de fevereiro, apenas 9% dos mais de 5,4 milhões de hectares semeados no Estado haviam sido colhidos, conforme relatório da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab). Na mesma época do ano passado, o índice era de 31%. A região de Campo Mourão é um exemplo nítido do atraso. Dos 682 mil hectares ocupados pela soja, apenas 3% tinham sido colhidos (20 mil).

Diante deste cenário nada confortável, os produtores têm procurado alternativas para, dentro do possível, realizar uma boa safrinha. Para isso, muitos optaram por sementes de ciclo curto com variedades precoce, superprecoce e hiperprecoce, na intenção de que essas se adaptem melhor ao curto calendário.

“Essa é uma estratégia que pode ser utilizada para ajudar na safrinha. Claro, vai depender do clima para o desenvolvimento das plantas. Se for muito frio, chuvoso ou nublado, pode não dar certo, pois alongaria o ciclo. Mas é uma alternativa adotada”, aponta Maiko Zanella, engenheiro agrônomo e analista técnico da Gerência Técnica e Econômica (Getec) da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar).

Apesar de o planejamento de plantio ser realizado com meses de antecedência, as intempéries climáticas da safra de verão têm feito com que produtores recorram sementes de ciclo curto.

Na área de atuação da Coamo, a situação é semelhante. De acordo com Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica, a maior parte dos produtores também irá utilizar variedade superprecoce. “Dentro de um planejamento, o pessoal tem analisado o potencial produtivo [da semente] levando em consideração deficiência hídrica e temperatura para dividir o risco. Essa tomada de decisão, considerando essas duas características, tem permitido maior assertividade no pós-soja”, destaca. “Produtores que pegaram uma só variedade terão mais riscos.”

COBERTURA

Neste jogo de indefinição da safrinha em função dos atrasos na soja, muitos produtores têm optado por não plantar o milho. Ou seja, apenas fazer uma cobertura para garantir a conservação no solo e, posteriormente, já destinar os esforços para a próxima temporada de verão.

“Lá no plantio da soja, por conta da seca, os nossos associados não tiveram movimento de compra para 100% da área da safra passada. Nossa redução na safrinha será de 20%. Essa decisão tem como base os problemas na semeadura de verão e os preços atuais do cereal”, diz Sumiya, da Coamo. “Se os produtores pudessem prever os problemas na colheita, o índice de redução seria ainda maior”, acrescenta.

Na safra 2016/17, somando as áreas no Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, os cooperados da Coamo semearam 1,2 milhão de hectares de milho safrinha. Na atual temporada, Santa Catarina está com uma situação climática mais equilibrada. Por outro lado, parte do Mato Grosso do Sul encontra-se na mesma situação do Paraná.

sma situação do Paraná. O técnico da maior cooperativa da América Latina vai além. Há uma parcela dos produtores que ainda está na dúvida, aguardando os desdobramentos, principalmente climáticos, das próximas semanas. “Muitos estão na dúvida se plantam ou não. Se persistir o clima e não tiver prorrogação do zoneamento vão desistir. Esse porcentual de 20% ainda pode aumentar. Produtor conhece bem o seu ofício, e não vai fazer plantio de área para perder”, aponta.

Até o dia 15 de fevereiro, os produtores ligados a Coamo tinham colhido apenas 6% da área de soja. No ano passado, a marca era de 27%. Na regional Goioerê, são 7% deste ano contra 50% de 2017.

TEMPO CHUVOSO

Janeiro já foi um mês com chuvas acima das médias históricas. Dados do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) mostram que muitas zonas produtoras no Estado ficaram reféns de São Pedro. Em Cascavel, na região Oeste, choveu 404,8 milímetros no acumulado de janeiro, a máxima registrada desde 1998, quando começou a medição.

A média histórica para esse mês no município é de 188 milímetros. A poucos quilômetros dali, em Palotina, o acumulado no primeiro mês do ano atingiu 212,8 milímetros,  bastante superior à média histórica de 145 milímetros.

Em Maringá, os pluviômetros marcaram 349 milímetros em janeiro, sendo que a média é de 229 milímetros. Na cidade de Londrina, a situação foi ainda mais complicada, com 394 milímetros no primeiro mês do ano, contra 215 milímetros do histórico. Em Guarapuava, o Simepar registrou 240 milímetros, quase 50 milímetros acima da média (193).

O clima só deve começar a melhorar no Paraná a partir de abril. “Massas de ar frio vão conseguir atingir a região Sul do Brasil em abril e as coisas devem melhorar”, aponta Rebello.

DOENÇAS

Diante de um cenário nada confortável, os produtores têm procurado alternativas para, dentro do possível, realizar uma boa safrinha

As chuvas em excesso também têm tirado o sono dos produtores em função das doenças. Com umidade em abundância, o que forma um ambiente ideal para proliferação de fungos e bactérias, os índices no Estado estão acima da média.

De acordo com dados do Consórcio Antiferrugem, coordenado pela Embrapa Soja, o Estado contabiliza 109 casos de ferrugem asiática até o final fevereiro. Na safra 2016/17, o Paraná registrou 78 ocorrências. Na sequência, o Rio Grande do Sula registra 99 casos, Mato Grosso do Sul 65 e o Mato Grosso com 51.

Fonte: Boletim Informativo do Sistema Faep

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