Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 485 | Outubro de 2018 | Campo Mourão - Paraná

MULHERES NO CAMPO

O CAMPO ESTÁ MAIS FEMININO

Maria Helena da Silva Rafaeli, de Pitanga (PR), tem uma história de superação, empenho e dedicação à atividade agrícola

O campo sofreu grandes transformações nos últimos anos. Novos sistemas de produção e tecnologias impulsionaram a produção, deixando o trabalho menos pesado e melhorando a qualidade de vida das famílias. Mas, não é só isso: o campo está mais feminino. A porcentagem de mulheres à frente da agropecuária tem crescido ano a ano. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA) realizada em 2017 apontou que uma em cada três propriedades rurais do país tem mulheres ocupando funções de comando. São filhas e esposas de agricultores ou viúvas que resolveram encarar os desafios de trabalhar na atividade agrícola.

Ao longo dos anos, os órgãos de divulgação da Coamo mostraram dezenas de casos de mulheres corajosas que enfrentaram os desafios e mantiveram, ou até mesmo aumentaram, a rentabilidade nas propriedades rurais. Nesta edição serão destacados mais dois exemplos de quem encarou os obstáculos do dia a dia e ajudam na produção de alimentos com qualidade e sustentabilidade.

O primeiro exemplo vem de Pitanga (Centro do Paraná). A história da associada Maria Helena da Silva Rafaeli é de superação, empenho e dedicação. Viúva há nove anos, ela tem o cooperativismo como filosofia de vida. A parceria com a Coamo começou em 1976, quando o marido Edevi Luiz Rafaeli, se associou. Na época eles moravam em Mamborê (Centro-Oeste do Paraná). A mudança para Pitanga ocorreu em 1998.

Ela recorda que a Coamo sempre os acompanhou e mostrando o melhor caminho para alcançar boas produções. Contudo, a participação mais importante da cooperativa na vida dela foi logo após a morte do marido, quando a ‘dona’ Maria Helena decidiu tocar a atividade. “O cooperativismo representa a união e a ajuda mútua para o bem de todos. Quando fiquei viúva eu senti isso na pele. Se não fosse a Coamo e os colegas agricultores, não sei o que seria de mim”, comenta.

A associada trabalha com duas atividades principais: pecuária de corte e agricultura. Diariamente ela vai até a propriedade e acompanha tudo de perto ao lado dos funcionários e da assistência técnica da cooperativa. Todas as decisões são tomadas visando o melhor resultado e o sucesso tanto na criação de gado quanto na produção agrícola. “Se fizermos uma comparação, hoje estamos mais preparadas para trabalhar no campo. Não ficamos atrás dos homens e nem somos melhores, estamos no mesmo nível. Com trabalho e respeito conquistamos nosso espaço, mostrando que a agropecuária também é lugar para a mulher.”

Dona Maria Helena participa de forma ativa nos eventos promovidos pela Coamo. Em setembro ela integrou o grupo de mulheres que esteve em Campo Mourão, em um dia dedicado a elas, com palestras e visitas as indústrias da Coamo. Dona Maria Helena viu de perto, mais uma vez, a transformação da produção dos cooperados em alimentos. “É um orgulho saber que milhares de famílias se alimentam diariamente dos produtos que vêm do nosso campo. Faço a minha parte com amor e dedicação e sei que meus netos e bisnetos terão orgulho em saber que procuramos sempre fazer o melhor, um Brasil melhor.”

Dona Maria Helena valoriza o trabalho de assistência técnica e parceria da Coamo para o bom trabalho

Maria Helena participa de forma ativa nos eventos promovidos pela Coamo. Em setembro ela integrou o grupo de mulheres que esteve em Campo Mourão, em um dia dedicado a elas, com palestras e visitas  às indústrias da cooperativa

Profissão de fortes

Joselma: “Eu não me vejo em outro lugar a não ser trabalhando na agricultura."

O dia a dia de Joselma Spilka de Mamborê (Centro-Oeste do Paraná) começa bem cedo. A rotina está dividida entre cuidar de duas casas – uma na cidade e outra no sítio -, dois filhos, da roça e da sua saúde, pois ela não abre mão da prática do pilates. Não é para qualquer um. Mas, a agricultora cumpre muito bem suas atividades e não se imagina em uma vida diferente. Inclusive quando questionada se pudesse escolher outra profissão, sem hesitar, ela respondeu que continuaria na mesma. “A vida toda fui do campo. Desde menina já ajudava meu pai na roça.”

No sítio Volta Grande ela e o marido Eliseu Spilka, realizam todo o trabalho do plantio à colheita. Cada um é responsável por uma etapa no processo de produção. Quando a equipe de reportagem da Revista Coamo chegou à propriedade do casal, Joselma estava colhendo o último talhão da lavoura de trigo que, inclusive, teve bons resultados. “O resultado foi além do que pensávamos. As condições climáticas nos favoreceram. Vai dar para pagar as contas e obter lucro.”

Quando o trabalho é prazeroso não existem empecilhos para aprender e Joselma é a prova disso. “Eu não me vejo em outro lugar a não ser trabalhando na agricultura e colocando a ‘mão na massa’.  Todo o trabalho na roça sempre foi realizado por mim naturalmente. Sem muito pensar fui parar dentro de uma colheitadeira e cercada por tanta evolução tecnológica. Isso é muito gratificante, eu não imaginava que conseguiria. Quando comecei a dirigir a colheitadeira por exemplo, eu só entrei na máquina, liguei e comecei a colher. Na prática fui me aprimorando. ”

Para Joselma ser agricultora é motivo de orgulho. “Me sinto emocionada por produzir alimentos. Sei que o que estou produzindo irá para a mesa de milhares de brasileiros. Saber disso nos enche de satisfação.”

Ela ainda valoriza o fato do trabalho do agricultor ser amparado pelo cooperativismo. “Como cooperada, filha e esposa de cooperado posso dizer, sem dúvidas, que o apoio que temos da Coamo é tudo. Quando chego na unidade tudo que eu preciso encontro lá. Tenho onde entregar minha produção. Tenho até além do que preciso. É um suporte muito grande. Sem contar que a diferença de trabalhar com a Coamo também está na honestidade da cooperativa. A Coamo nunca te deixa na mão. ”

Inclusive, sempre participativa nos assuntos da cooperativa, Joselma recentemente esteve em Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná), participando do FamíliaCoop. “Quando vi no evento a industrialização dos Alimentos Coamo me senti muito feliz, pois ali tem também um pouco do meu trabalho. Sem contar, que de lá eu sei que retornará para a minha mesa, e minha família irá consumir o alimento que saiu da nossa propriedade e, claro, de todos os cooperados. As vezes cai um grãozinho que foi meu (risos)”, brinca.

Joselma com o marido Eliseu Spilka e ao lado durante visita às indústrias da Coamo em evento realizado para mais de 1,5 mulheres em Campo Mourão

Quando a equipe de reportagem da Revista Coamo chegou à propriedade do casal, Joselma estava colhendo o último talhão da lavoura de trigo

Voz e atitude

É uma realidade a presença da mulher em atividades antes exercidas predominantemente por homens. Sejam agricultoras, executivas, pesquisadoras, operadoras de máquinas ou comandando a boleia de um caminhão, elas encaram as tarefas com perseverança. Provam com isso que capacidade e eficiência não são questão de gênero. No Brasil, elas já ocupam quase a metade dos empregos formais e em 40% dos lares é a mulher quem mais contribui para o orçamento familiar, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na agropecuária, elas também vêm galgando espaço. Estudo da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio revela que o índice de mulheres com voz ativa no comando das propriedades chega a 10%, quando há apenas uma década não passava de 1%. 

O movimento crescente de inserção do público feminino também ocorre no cooperativismo. No Paraná, estima-se que elas representam cerca de 15% dos mais de 1,4 milhão de associados das cooperativas e 36% do quadro de funcionários. Se incluir no cálculo esposas, filhas e demais familiares do gênero feminino que participam das atividades promovidas pelas cooperativas, o número de mulheres integradas ao sistema cresce substancialmente. “Temos todo o interesse em apoiar as ações cooperativistas com as mulheres, porque isso fortalece a organização e a profissionalização do quadro social”, pontua o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken.

Alinhadas ao perfil da mulher contemporânea, no cooperativismo elas arregaçam as mangas e vão à campo buscar conhecimento e reconhecimento pelo que pensam e fazem. Não à-toa, são presença constante nos projetos de formação do sistema cooperativista. “Nos últimos anos, houve uma mudança no foco dos projetos de formação para o público feminino, com destaque maior para o ramo agropecuário”, revela o superintendente do Sescoop/PR, Leonardo Boesche. Quando o Sescoop surgiu, em 1998, houve um impulso nos eventos de formação e capacitação feminina, já que o setor passou a contar com uma instituição do Sistema S provedora de recursos para tais atividades. Porém, os temas trabalhados abrangiam, basicamente, culinária, artesanato, jardinagem e corte e costura, fato que espelhava a ideia de que a função da mulher rural ainda se restringia aos afazeres domésticos.

A Coamo vem acompanhando a mudança e realizando encontros, cursos e treinamentos para as mulheres. Anualmente, a cooperativa recebe em Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná) mais de 1,5 mulheres em um dia dedicados a elas. São realizadas palestras, repassadas informações sobre o cenário agrícola e econômico, além de visita às indústrias da Coamo. Além do encontro no município sede da cooperativa, são realizados eventos voltados para as mulheres em diversas regiões. O Curso de Formação de Jovens Líderes, mantido pela Coamo desde 1998, também já está de cara nova. Desde 2015, o grupo conta com a participação feminina.

A diretoria da Coamo incentiva o envolvimento das mulheres, sejam elas filhas, esposas ou cooperadas. “No início da Coamo, a realidade era outra. A agricultura era exercida por homens. Aos poucos esse cenário foi mudando e hoje vemos mulheres tomando conta de tudo, desde a administração de uma propriedade até dirigindo tratores, colheitadeiras e caminhões. São mulheres determinadas que conquistaram o seu espaço e mostraram que são capazes”, comenta o diretor-presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini. (Com Informações  da Revista Paraná Cooperativo).

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