Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 438 | Julho de 2014 | Campo Mourão - Paraná

Safra de inverno

Trigo como opção para a segunda safra

Resposta positiva aos investimentos tecnológicos e opção de renda e diversificação são fatores que agradam os cooperados

A cultura do trigo vem recuperando espaço na preferência dos associados da Coamo e a opção é devido a vários fatores.

Entre os principais estão a importância econômica do cereal e o encaixe ao sistema de rotação de culturas. A resposta positiva aos investimentos tecnológicos também é outro fator que agrada os cooperados. Parte dos investimentos efetuados na lavoura de trigo permanecem no solo após a colheita e são reabsorvidos pela cultura seguinte, no caso a soja. Isso ajuda o agricultor a reduzir os custos de produção no verão, ampliando ainda mais o lucro.

Na região de atuação da Coamo, o trigo teve um incremento de 24% na área de plantio deste ano, saltando de 296,6 mil hectares na safra passada, para 367,9 mil hectares. O aumento de plantio de trigo é em função dos preços que vem se mantendo desde o ano passado. “Aumentou bastante a área de plantio. Agora estamos com parte das lavouras na fase de enchimento dos grãos. Mais para o sul do Paraná, o trigo é plantado mais tarde. O que preocupa um pouco foi a ocorrência de algumas doenças como brusone e giberela, devido ao clima. Houve uma necessidade maior de tratamento. As lavouras plantadas mais tarde ainda não tiveram problemas maiores com doenças”, comenta o presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini.

Segundo ele, em termos de volumes, não há como fazer uma projeção porque o trigo é uma lavoura de risco e é bom falar depois, mas deve ser bem maior que do ano passado, já que a geada matou 70% do cereal. “Se tudo correr bem, deveremos receber na Coamo umas 12 milhões de sacas. Porém, temos que aguardar devido à ocorrência de doenças e há ainda um ciclo todo para correr, principalmente na região sul”, diz

Otimismo com o trigo em Ivaiporã

A região de Ivaiporã (Centro-Norte do Paraná) é uma das que mais produz trigo no Paraná. O clima favorável, a qualidade do solo associada ao pacote tecnológico e ao sistema de produção adotado pelos associados da Coamo favorecem o desenvolvimento do cereal.

Engenheiro agrônomo Rafael Fernando Viscardi com o cooperado Ademar Marcelino

Ademar Marcelino plantou 32 alqueires de trigo e espera repetir os resultados obtidos nas safras anteriores. Morador na comunidade do Alto Porã, o cooperado já trabalha com trigo há pelo menos 20 anos. “ É uma cultura que nos proporciona uma renda a mais no ano e também traz benefícios com a palhada deixada no solo. Na região, o clima não permite o plantio de milho safrinha e o trigo acaba sendo a melhor opção”, comenta. O cooperado espera colher entre 120 e 130 sacas por alqueire.

O plantio na propriedade do cooperado iniciou em 03 de abril e foi realizado de forma escalonada para escapar de possíveis geadas. “Sempre plantados em épocas diferentes e dessa maneira temos conseguido boas médias. Não adianta arriscar tudo de uma vez só.”

De acordo com o cooperado, o momento ainda é de alerta contra as doenças. “Já fizemos as aplicações necessárias, mas ainda precisamos ficar atentos e monitorar a lavoura. O trigo é uma cultura que produz bem, mas que precisa de um bom manejo para alcançar todo o seu potencial”, comenta Marcelino.

Conforme o engenheiro agrônomo Rafael Fernando Viscardi, do Detec da Coamo em Ivaiporã, os cooperados da região plantam trigo com alta tecnologia e vem alcançando bons resultados. “O ano passado a geada frustrou a safra, mas mesmo assim o investimento nesse ano foi grande. Os agricultores têm feito a sua parte e estão torcendo para que o clima contribua para uma boa safra”, assinala.

Integrando o sistema em Janiópolis

Sidney Aparecido da Silva, é triticultor tradicional de Janiópolis e um dos que adota a cultura como fonte de renda e de rotação na propriedade

O cooperado Sidney Aparecido da Silva, é triticultor tradicional de Janiópolis (Centro-Oeste do Paraná). Ele conta que a cultura faz parte do sistema de produção desde quando a família ainda cultivava algodão. “O trigo integra a rotação de cultura. Em áreas de trigo a lavoura de verão tem um desenvolvimento melhor e há pouca incidência de buva e de doenças. O custo com manejo de pragas, doenças e plantas daninhas é bem menor”, comenta.

Cooperado Sidney Aparecido da Silva com o agrônomo Ulysses Marcellos Rocha Netto, do Detec da Coamo em Janiópolis

De acordo com ele, de maneira geral, não tem enfrentado problemas com a comercialização do trigo, pois tem aproveitado os incentivos do governo para comercializar a safra. “É preciso acompanhar o mercado. Neste ano, por exemplo, estou mais confiante com o trigo do que com o milho”, frisa. Até o momento, a safra transcorria de forma normal e com perspectivas de bons resultados. “Houve um aparecimento de doenças um pouco acima do normal, mas fazendo as aplicações de forma correta as doenças foram controladas”, comenta o cooperado que espera colher de 120 a 130 sacas por alqueire.

O cooperado cultiva aproximadamente 165 alqueires, sendo cerca de 62 ocupados com trigo, outros 62 com milho safrinha e o restante com aveia branca. “No inverno sempre faço rotação com essas três culturas e os resultados têm sido bons”, comenta. Ele conta que o melhor benefício do trigo para o sistema de produção é aumento da produtividade de soja e menor custo na dessecação. “Em áreas de trigo há um aumento de 12 a 15 sacas de soja por alqueire e além disso não é preciso fazer a dessecação enquanto que nos locais com milho é preciso fazer até três aplicações para dessecação antes do plantio. Isso significa que o trigo diminui o custo de plantio da safra de verão e ainda aumenta a produtividade”, salienta.

O engenheiro agrônomo Ulysses Marcellos Rocha Netto, do Detec da Coamo em Janiópolis , comenta que os cooperados da região sempre destinam uma área para o cultivo de trigo como opção de rotação de culturas e também em conseguir uma renda a mais. “Quem é triticultor tradicional acaba investindo um pouco mais do que o normal, mas nem todos se animam em investir devido aos riscos da cultura. Em um ano bom se colhe entre 120 e 140 sacas por alqueire o que é uma média considerada boa”, observa.

De acordo com o agrônomo, nessa safra houve um atraso no plantio por falta de chuva e depois houve excesso de água que acabou influenciando para o surgimento de doenças. “Contudo, até o momento a expectativa é de produtividades dentro da média histórica da região”, destaca.

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