Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 492 | Junho de 2019 | Campo Mourão - Paraná

SANIDADE VEGETAL

Começa o vazio sanitário da soja

Vazio sanitário é o período de, no mínimo, 60 dias em que não se pode semear ou manter plantas vivas de soja no campo

O Paraná iniciou dia 10 de junho o vazio sanitário da soja, uma das principais estratégias para o manejo do fungo causador da ferrugem-asiática da soja. Desde o dia 15 de junho, o vazio sanitário se estendeu também para outros cinco estados brasileiros: Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia. No Brasil, 13 estados e o Distrito Federal adotam a medida, estabelecida por meio de normativas estaduais.

O vazio sanitário é o período de, no mínimo, 60 dias em que não se pode semear ou manter plantas vivas de soja no campo. A medida objetiva reduzir a sobrevivência do fungo causador da ferrugem-asiática (Phakopsora pachyrhizi ) durante a entressafra e assim, atrasar a ocorrência da doença na safra. De acordo com a pesquisadora Claudine Seixas, da Embrapa Soja, o fungo que causa a doença precisa da planta de soja para se desenvolver e se multiplicar. “Por isso, é importante que o produtor elimine as plantas de soja guaxa ou voluntária (plantas de soja que nascem espontaneamente) na entressafra para interromper o ciclo de multiplicação do fungo e reduzir a quantidade de esporos presentes no ambiente, retardando o surgimento da doença na safra”, diz Claudine.

A pesquisadora Cláudia Godoy reforça a importância da adoção do vazio sanitário para reduzir a população do fungo nas semeaduras comerciais precoces. “Com a disponibilidade de cultivares precoces de alta produtividade no mercado, muitos produtores têm adotado o plantio precoce para semear uma segunda safra de milho e escapar das altas pressões do fungo causador da ferrugem”, diz Cláudia.

Apesar de não existir soja imune à doença, há opções de cultivares com genes de resistência que reduzem o seu desenvolvimento. Essas cultivares não dispensam o uso de fungicidas, mas auxiliam no manejo da doença, porque o fungo se multiplica menos e a pressão da ferrugem-asiática é menor. Associada a esta questão, estas cultivares são mais estáveis em situações de alta pressão de doença como, por exemplo, semeaduras tardias ou situações onde ocorre atraso de aplicações em função de condições climáticas desfavoráveis”, explica Cláudia.

“A cultivar com gene de resistência tem a mesma limitação dos fungicidas sítio-específicos e essa resistência pode ser vencida pelo fungo, por isso, o uso dessas cultivares tem que estar sempre associada ao controle químico”, reforça. A pesquisadora explica que as duas estratégias, quando utilizadas juntas, colaboram para reduzir a seleção de populações do fungo com resistência aos fungicidas e também diminuir o risco de “quebra” de resistência das cultivares.

Fonte: Embrapa Soja e Ocepar


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