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Evento virtual teve milhares de acessos e recebeu elogios das cooperadas e família cooperativista |
Programa COAMO + MULHER
A mudança do FamíliaCoop para Coamo + Mulher tem como objetivo aumentar e valorizar a presença feminina nos diversos eventos da cooperativa. “O foco do + Mulher é disseminar o cooperativismo, interagindo com as cooperadas, esposas e filhas de cooperados. A presença da família cooperativista é um dos motivos do sucesso da Coamo”, afirma o engenheiro agrônomo Aquiles Dias, diretor de Suprimentos e Assistência Técnica da Coamo.
Segundo o assessor de Cooperativismo, José Ricardo Pedron Romani, a palestra foi uma oportunidade para as mulheres ampliarem o conhecimento com troca de experiências. “A gestão é fundamental para o êxito na administração do agronegócio. A experiência e partilha da professora Aline, que também é produtora rural, com foco na gestão, vem ao encontro dos objetivos do programa + Mulher”, explica.
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A gosto é um mês aguardado por cooperadas, esposas e filhas de cooperados. Tradicionalmente a Coamo realizava o FamíliaCoop, onde elas tinham um dia de conhecimento e descontração em Campo Mourão (Centro Oeste do Paraná). Mas, com a pandemia os eventos passaram a ser virtuais, e no caso do encontro feminino a situação não foi diferente. Uma outra mudança que já estava programada para 2020, foi a reestruturação do FamíliaCoop que passou a se chamar de programa + Mulher.
O evento no dia 26 de agosto teve como tema "A participação feminina na gestão da propriedade", com a consultora na área de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pessoas, Equipes e Líderes, Aline Dotta. A transmissão foi pelo canal da Coamo no YouTube, com a mediação da chefe do Departamento de Desenvolvimento de Gestores, Ana Claudia Periçaro. A abertura ficou por conta do idealizador e presidente do Conselho de Administração da Coamo, José Aroldo Gallassini.
Para Gallassini trata-se de um evento importante e valorizado na cooperativa. “A participação feminina faz parte da nossa história e é muito importante, pois as mulheres são muito antenadas, querem fazer as coisas muito bem feitas. Temos certeza de que elas crescerão ainda mais, contamos com as mulheres cooperativistas para continuar a história da Coamo.”
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Aline Dotta, consultora na área de Recursos Humanos e Desenvolvimento de Pessoas, Equipes e Líderes |
Aline Dotta é psicóloga por acaso, como ela mesmo se descreve. O seu sonho, no entanto, era ser veterinária. “Na adolescência ouviu de um primo que veterinária não era coisa para mulher. Esse foi o primeiro não que recebi com uma intensidade muito grande. Fui buscar então, um psicólogo para fazer uma orientação vocacional e gostei tanto que acabei me tornando psicóloga. A vida é uma caixinha de surpresas, pois trabalho num mundo bem masculino, em especial, no agronegócio. Trabalho com o desenvolvimento de pessoas dentro das organizações e é isso que me move e faz viver.”
A professora gosta tanto do agro que mora em uma propriedade rural em Erechim (RS). “Minha família não é do agro, e me apaixonei quando comecei a trabalhar, foi uma escolha de vida. Eu quis essa vida para mim”, contou.
Em sua palestra virtual Aline destacou que seja uma empresa familiar, do agro, ou de outro segmento, o que muda é a moldura, pois a essência é a mesma. “O desafio é olhar a propriedade rural como uma empresa. Existe uma dificuldade de dissociar o que é família e o que é negócio. A palavra é se apropriar. Aproveitamos melhor quando enxergamos a propriedade como um negócio.”
Para essa mudança, Dotta considera que é necessário esforço, treinamento e uma nova postura. “Convido vocês a pensarem na tomada de decisão e trazer para um outro nível. Nossa ação precisa partir de uma ideia, de um pensamento. Quando pensamos em agronegócio, em tomada de decisão, entendo que é justamente fazer essa relação. Quais comportamentos executamos sem pensar? Quem não entende de pessoas, não consegue entender de negócios. Para melhorar precisamos entender como o ser humano funciona.”
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Angelita Bortoli com o pai Reni Frigo Bortoli, cooperados em São Domingos (SC) |
Antes de iniciar a palestra, duas cooperadas foram convidadas a contar suas histórias de vida, que se confundem com as de tantas outras mulheres do campo. Uma delas é Angelita Bortoli, cooperada em São Domingos (Oeste de Santa Catarina). Formada em computação e com carreira na área de automação em um banco, ela falou sobre o começo da sua vida profissional. “No início da minha carreira não passava pela minha cabeça que algum dia iria voltar para a casa. Com o tempo percebi que aquele trabalho não me realizava. Decidi fazer agronomia enquanto trabalhava. Depois de formada, meu namorado, atual marido, topou voltar para Xanxerê”, lembra Angelita.
Atualmente, ela realiza uma gestão compartilhada com o pai na propriedade da família. “Gerir as atividades agrícolas exige tomadas de decisões diárias. Tenho o privilégio de experimentar a vivência do meu pai e, também, a experiência dos nossos colaboradores, e da Coamo que é a maior parceira do nosso negócio. Acredito que uma sucessão de sucesso é baseada numa relação de confiança e respeito”, revela.
Outra história inspiradora e transmitida no evento virtual foi da cooperada Daiane Trombini Gottardi, de Brasilândia do Sul (Noroeste do Paraná). Ela passou por uma experiência de desafios e superação. “Em setembro de 2017, meu pai faleceu em um acidente. Após esse acontecimento, comecei a administrar os negócios da família”, diz.
Daiane cresceu e se formou em história, casou e se mudou para Curitiba onde se especializou e começou a estudar para um concurso no Mato Grosso, onde acreditava que ela e seu marido teriam mais oportunidades de emprego. “Duas semanas antes do concurso aconteceu o acidente e meu pai faleceu. Hoje estou aqui administrando os negócios da família e muito feliz na agricultura. Não foi fácil, mas valeu muito a pena. Apesar de sermos uma pequena empresa familiar, existe um processo de transição quando a pessoa que é responsável chega a faltar e outra assume. Esse processo pode ser mais natural, quando a pessoa já está inserida no negócio, ou doloroso, como foi meu caso.”
A cooperada ressalta que a agricultura é gratificante e ainda deixa seus conselhos sobre determinação. “Pensando no que aconteceu e no futuro, gostaria que nem meu irmão ou meus filhos passassem pelo que passei. Aprendendo aos poucos é melhor do que entrar de uma vez. Dentro do que aprendi posso destacar quatro pontos fundamentais. Em primeiro, a união da família, pois as vezes discordávamos, mas conseguimos entrar num entendimento. Em segundo, o fato de que as pessoas e o mundo não esperam a gente viver o nosso luto para tomar decisões, mas, mesmo assim, precisamos ter cautela e reflexão antes de agir. O terceiro ponto, é fazer bem a sua contabilidade. E, por fim, mesmo tendo pessoas para te ajudar, existirão pessoas para atrapalhar. Nós mulheres somos muito mais fortes do que podemos imaginar. Nós conhecemos nossa trajetória e o que fazemos hoje afetam as futuras gerações. Por isso, não deixe de fazer o que gosta por medo das dificuldades.”
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Daiane Trombini Gottardi, cooperada em Brasilândia do Sul (PR) |
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