Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 516 | Agosto de 2021 | Campo Mourão - Paraná

ENTREVISTA

CAROLINA DEUNER Pesquisadora e professora da Universidade de Passo Fundo (RS)

Carolina Deuner é engenheira agrônoma, doutora em Fitopatologia, professora universitária, consultora e palestrante. Possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa (2001), mestrado em Fitossanidade pela Universidade Federal de Pelotas (2004) e doutorado em Agronomia (Fitopatologia) pela Universidade Federal de Lavras (2007). É professora da graduação e pós-graduação em Agronomia da Universidade de Passo Fundo. Atua na linha de pesquisa etiologia e manejo de doenças em grandes culturas com ênfase em controle químico. É coordenadora do curso de especialização em Proteção de Plantas da UPF pela terceira vez. Também ministra palestras e participa de dias de campo para várias empresas na área de doenças de plantas.

A pesquisadora e professora da Universidade de Passo Fundo (RS), Carolina Deuner, é a entrevistada desta edição da Revista Coamo. Ela atua na linha de pesquisa e manejo de doenças em grandes culturas com ênfase no controle químico." Minha missão é gerar e divulgar informações de qualidade que sirvam de referência para os produtores", diz.

De acordo com ela, a cada ano há um desafio na área de doenças de plantas, que é muito influenciada pelo clima, época de semeadura e reação às doenças. "Por isso, temos que estar atentos a esses fatores para ser mais assertivo no manejo das doenças", ressalta.

Para a pesquisadora, a pandemia trouxe um avanço tecnológico muito grande e percebeu-se que nem sempre precisa estar presente para transmitir conhecimento. "Conseguimos fazer vários treinamentos online de qualidade", frisa Carolina.



Revista Coamo: Qual é a área da sua pesquisa e principal missão?

Carolina Deuner: Atuo na área de agronomia, fitopatologia em soja e trigo, área que estuda as doenças de plantas. Minha missão é gerar e divulgar informações de qualidade que sirvam de referência para os produtores.



Revista Coamo: Quais são os desafios para os próximos anos?

Carolina: Cada ano temos um desafio novo na área de doenças de plantas, que é muito influenciada pelo clima, época de semeadura e reação às doenças. Por isso, temos que estar atentos a esses fatores para ser mais assertivo no manejo das doenças. Além disso, considero que nos próximos anos, além das doenças foliares em soja como antracnose e mancha alvo, teremos grandes desafios com as doenças radiculares (podridão de macrophomina, síndrome da morte súbita, podridão de fitoptora e geográfico), pois essas são mais difíceis de identificar e manejar durante a safra. Para essas doenças o manejo integrado é fundamental, por isso, é necessário fazer um planejamento a médio/longo prazo para ter resultado de controle dessas doenças.



Revista Coamo: A ferrugem da soja e a mancha alvo são doenças na cultura e aumentam as perdas de eficiência para alguns grupos químicos de fungicidas. Quais as soluções para resolver este problema?

Carolina: Sem dúvida alguma, a ferrugem asiática e a mancha alvo em soja são os grandes desafios atuais. Nos últimos anos, temos adotado como principal medida de controle, o uso de fungicidas, e por isso, houve redução de eficiência de alguns grupos químicos. Para que o controle químico seja sustentável e perdure, é necessário adotar estratégias que evitem a redução de eficiência de controle dos fungicidas como, por exemplo, fazer aplicação de fungicida de forma preventiva, alternar grupos químicos do fungicidas, utilizar fungicidas multissítios e adotar tecnologia de aplicação eficiente. É importante salientar que para obtenção da máxima efetividade e longevidade do controle químico, o mesmo, deve estar inserido dentro de um programa de manejo integrado, no qual outras medidas de manejo devem ser utilizadas como, resistência genética, vazio sanitário, tratamento de sementes, rotação de cultura e uso de sementes de qualidade.



Revista Coamo: Estamos na era do conhecimento e da agricultura digital. Como os pesquisadores estão convivendo com esta realidade?

Carolina: Essa pandemia nos trouxe um avanço tecnológico muito grande, percebemos que nem sempre precisamos estar fisicamente presentes para transmitirmos conhecimento. Nesse sentido, conseguimos fazer vários treinamentos on-line de qualidade, sem precisar nos deslocar horas de carro ou avião, reduzindo tempo e custo para todos. Sabemos que para o produtor, o presencial é muito importante, mas para técnicos, podemos tranquilamente fazer ações on-line, sem ter que deslocá-los de suas unidades e mantendo a qualidade do presencial. No meu caso, antes da pandemia, já tinha realizado alguns treinamentos on-line, então, foi um processo tranquilo, natural e provavelmente permanente em algumas situações.



Revista Coamo: Mesmo na pandemia, a Coamo vem realizando eventos para a capacitação dos técnicos, como, por exemplo, foi a Semana Acadêmica. Como observa esta iniciativa da Coamo?

Carolina: Tive a oportunidade de participar de várias ações com a Coamo, dentre elas a semana do conhecimento. Sabemos que a pandemia atrapalhou muito eventos presenciais, mas é muito importante atualizar os conhecimentos, já que a agricultura é uma área muito dinâmica. Sabemos que todos temos que nos cuidar, mas também sabemos que a agricultura não para, pois isso, fizemos treinamentos virtuais, onde os técnicos da Coamo foram muito participativos e questionadores, o que facilitou muito a interação on-line. Eles estiveram sempre focados e comprometidos em todos os treinamentos, não perdendo a oportunidade de se atualizar.



Revista Coamo: Diante da evolução, qual é o papel do pesquisador, da assistência técnica e do produtor rural?

Carolina: O pesquisador tem a função de gerar e difundir a informação, mas sabemos que muitas vezes isso não é feito. Aí entra o papel fundamental da assistência técnica, transportar a informação gerada pela pesquisa para a realizada no campo. Na minha opinião, a assistência técnica é a ponte entre a pesquisa e o produtor. Por isso, é fundamental que os técnicos se atualizem constantemente, tendo acesso a informações idôneas, de qualidade e aplicáveis para a realidade do produtor, para que no final, o produtor consiga aumentar a produtividade de sua lavoura e ter mais rentabilidade.



Revista Coamo: Como avalia o trabalho desenvolvido na Fazenda Experimental da Coamo para difusão aos cooperados?

Carolina: Considero fundamental a validação de tecnologias para a realidade do produtor, e a Fazenda Experimental faz isso com sucesso. Nada mais eficiente que mostrar no campo para o produtor, quais os manejos que funcionam e quais não funcionam para a realidade da região. Isso é uma ponte direta entre a pesquisa e o produtor, e a Coamo sabe fazer isso muito bem, com competência, imparcialidade e comprometimento.



Revista Coamo: Como analisa a importância do Cooperativismo para alavancar a difusão e evolução da agricultura e produção de alimentos?

Carolina: O cooperativismo é uma estratégia muito importante de colaboração e associação entre pessoas/grupos com os mesmos interesses. Vejo a Coamo como um caso de sucesso, sendo referência no Brasil.



Revista Coamo: Deixe sua mensagem para os cooperados da Coamo.

Carolina: A mensagem que deixo aos cooperados da Coamo é que valorizem a pesquisa e a assistência técnica, tudo que fazemos é para que no final, o produtor tenha sucesso no seu negócio. O nosso trabalho só tem propósito se o produtor tiver acesso às informações geradas pela pesquisa, por meio da assistência técnica, conseguindo ter mais rentabilidade na sua propriedade.

Carolina Deuner, pesquisadora e professora da Universidade de Passo Fundo (RS)
É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Os artigos assinados ou citados não exprimem, necessariamente, a opinião do Jornal Coamo.