Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 516 | Agosto de 2021 | Campo Mourão - Paraná

PECUÁRIA

EXPANSÃO LEITEIRA

Gaúcha, Prenda, Bonita, Rastoio. Esses são alguns dos nomes das vacas criadas pela família Konig, em Mangueirinha (Sudoeste do Paraná). Cada animal tem a sua identificação e é tratado com carinho e dedicação, afinal produzem o leite que gera boa parte da renda que mantém a propriedade. A atividade se encaixa como alternativa para dezenas de famílias na região, que é uma das principais produtoras de leite do Paraná.

A produção de leite atualmente é a terceira atividade do agronegócio em valor bruto de produção e uma das mais importantes atividades econômica e social da agricultura paranaense. Em alguns municípios, é a ocupação que movimenta a economia, e Mangueirinha é exemplo disso.

Coamo mantém em Mangueirinha o Grupo de Assistência Veterinária (Gave) que trabalha de forma intensiva para melhoria constante da produção do leite

Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o leite está entre os seis primeiros produtos mais importantes do ramo, e quase 47% do volume total produzido no país vem de pequenas propriedades. A produção leiteira desempenha um papel importante não só econômico, como também, social e nutricional.

Mangueirinha está inserida na bacia leiteira da região Sudoeste do Paraná, uma das mais importantes do Estado, e representa aproximadamente 25% da produção paranaense. Mangueirinha está na quinta colocação, com uma produção total de 41.897.956 litros, em um rebanho de aproximadamente 10,7 mil cabeças.

Produção de leite entra como alternativa de renda para a família Konig. O jovem Ederson coordena os trabalhos em parceria com o irmão Adriel, a mãe Dolores e o pai Ernani
FAMÍLIA KONIG

25 a 30 vacas em lactação

750 litros/dia produção média

Animais em sistema de semiconfinamento, com acesso a pasto e suplementação com silagem, ração e aditivos concentrados no cocho

Trabalho familiar constituído de quatro pessoas

A Coamo desenvolve um importante trabalho de difusão e integração da atividade leiteira em toda a sua área de ação. Em Mangueirinha, por exemplo, a cooperativa mantém o Grupo de Assistência Veterinária (Gave) que trabalha de forma intensiva para melhoria constante da produtividade e qualidade do leite, incentivando a adoção de tecnologias de manejo, alimentação, sanidade e genética dos animais.

A família Konig é uma das integrantes do grupo Gave e vem alcançando bons resultados. A atividade entrou como fonte de renda complementar. O jovem Ederson coordena os trabalhos com os animais em parceria com o irmão Adriel, o pai Ernani e a mãe Dolores. A pecuária leiteira começou em 2003, quando seu pai buscou os seis primeiros animais no Rio Grande do Sul, em propriedades de conhecidos.

Atualmente, são cerca de 60 vacas, sendo entre 25 e 30 em lactação e uma produção média de 750 litros por dia. Os animais vivem em sistema de semiconfinamento, com acesso a pasto e suplementação com silagem, ração e aditivos concentrados no cocho. Uma das atenções da família é com a genética, que vem melhorando a cada ano. “A cada geração, temos incremento na genética”, frisa Ederson.

Ele diz que no início a atividade era desenvolvida de forma bem mais rústica. “O leite era tirado em um ‘puxadinho’. A estrutura era precária. Com o passar do tempo, tudo foi melhorando. Houve uma grande evolução”, observa.

O cooperado conta que a ideia da família é continuar investindo na produção de leite para aumentar o faturamento da propriedade. “Queremos chegar a pelo menos 40 vacas em lactação e investir no confinamento dos animais. O leite é uma boa atividade. Tem as oscilações de preços, mas, em geral compensa. Produzir leite é uma paixão, uma atividade que tem que se dedicar 24 horas por dia”, destaca.

Uma das atenções do cooperado Sedenir Lazzari é com a qualidade do leite, que tem gerado uma remuneração a mais
FAMÍLIA LAZZARI

75 a 80 vacas em lactação

2.600 litros/dia produção média

Animais em sistema de confinamento, com toda a alimentação sendo feita no cocho e animais encontram-se em sistema de confinamento total

4 funcionários, sendo 2 no manejo da ordenha e 2 no manejo geral

Sedenir Lazzari iniciou na atividade leiteira pensando em uma nova alternativa de incrementar a renda. É um trabalho que começou há mais de 30 anos. Lazzari observa que no início os animais eram de pouca genética, mas aos poucos, aproveitando o incentivo de um programa da prefeitura local, passou a melhorá-los por meio de inseminações.

De acordo com ele, a evolução nos últimos 15 anos foi mais intensiva. Atualmente, os animais são criados em sistema de confinamento, com alimentação a cocho. São mantidas entre 75 e 80 vacas em lactação, com uma produção média de 2.600 litros por dia. A atividade conta com quatro funcionários, sendo dois no manejo da ordenha e dois no manejo geral.

Lazzari explica que o sistema de confinamento dos animais ajudou a melhorar o trabalho. Ele revela que o investimento no Compost Barns ocorreu há cerca de cinco anos. Antes disso, a família tinha pensado até em parar com a atividade de leite. “Sentamos e discutimos se realmente o leite estava sendo viável. Chegamos ao ponto de que ou investíamos em outro sistema de manejo ou parávamos, pois a quantidade de gado que tinha a pasto estava sendo inviável. Diante disso, optamos por continuar e investir mais em toda a estrutura física evitando o desgaste dos animais e deixando o manejo bem mais eficiente.”

Segundo o cooperado, uma das preocupações sempre foi com a qualidade do leite e esse trabalho constante de melhoria, vem trazendo uma melhor remuneração ao leite entregue no laticínio. “A qualidade começa com uma boa higienização de toda a estrutura de manejo dos animais e do local onde o produto é armazenado. Também temos uma atenção especial com a sanidade e alimentação das vacas.”

A raça predominante do rebanho é a holandesa e pensando em manter a qualidade do leite, cerca de 10% dos animais são da raça Jersey. Conforme Lazzari, isso para proporcionar um teor de gordura mais alta.

De acordo com o cooperado, a atividade foi planejada para que pudesse dar um bom resultado, e isso vem ocorrendo. “Temos desafios, principalmente, em relação ao mercado. Contudo, no fim das contas o leite proporciona uma boa remuneração, uma renda mensal que ajuda a manter a propriedade.”

Sedenir Lazzari diz que a atividade foi planejada para que pudesse dar um bom resultado, e isso vem ocorrendo

Valentino e Marcia Menegatti conduzem a pecuária de leite que tem como um dos objetivos a produção de queijos
FAMÍLIA MENEGATTI

143 a 140 vacas em lactação

3.500 litros/dia produção média

Animais em sistema de confinamento, com toda a alimentação sendo feita no cocho e encontram-se em sistema de confinamento total.

Trabalho com seis funcionários diretamente ligados ao leite e dois funcionários na fabricação do queijo.


Valentino e Marcia Menegatti
estão investindo na fabricação de queijos, como uma forma de agregar mais valor ao leite produzido na propriedade. A industrialização começou há cerca de dois anos e há seis meses houve uma intensificação do trabalho, com mais investimento em novas linhas de produtos. “O queijo está sendo um dos nossos diferenciais, agregando mais valor à produção”, diz Valetino. Ele cuida de toda a parte de manejo dos animais e produção do leite, enquanto a esposa Marcia está à frente da industrialização do produto.

Menegatti explica que a opção pela criação de gado de leite foi com o objetivo de otimizar a propriedade rural, deixando mais produtiva. “Trabalhávamos com gado de corte e há oito anos migramos para o leite visando melhorar o faturamento. É uma atividade que sempre gostamos e a partir do momento que decidimos trocar, fizemos um bom planejamento e investimento em toda a estrutura para abrigar e manejar os animais da melhor maneira possível.”

Na propriedade são entre 130 e 140 vacas em lactação e uma produção média de 3.500 litros por dia. Os animais são mantidos em sistema de confinamento, com toda a alimentação no cocho. A atividade conta com seis funcionários diretamente ligados ao leite e outros dois na fabricação do queijo.

De acordo com o cooperado, para a pecuária de leite é preciso pensar em três situações que refletem diretamente na produção e qualidade: alimentação, genética e sanidade. “Fazemos um bom manejo em toda a cadeia produtiva. Temos um bom equilíbrio nutricional, mantemos a vacinação em dia para controle de doenças e escolhemos animais que se enquadrem no estilo de trabalho da propriedade. É importante ter vacas com boa qualidade.” 

O cooperado participa e incentiva o Grupo de Assistência Veterinária (Gave), da Coamo. Segundo ele, o grupo é um diferencial para quem quer alcançar bons resultados na produção de leite. “Sou um dos incentivadores e participo do grupo desde o início. É uma solução eficiente de baixo custo e com trabalho significativo dentro da propriedade. Ainda estamos corrigindo erros e implantando tecnologias que possam melhorar a atividade a cada dia.”

Marcia Menegatti observa que para fazer um bom queijo é fundamental que o leite seja de qualidade, por isso, há essa preocupação em toda cadeia. “A qualidade do leite interfere diretamente no sabor, textura e consistência do queijo. Buscamos uma melhoria constante para que os produtos sejam fabricados dentro de uma mesma qualidade.” Ela observa que a industrialização ainda está começando na propriedade. “Contudo, queremos que seja um trabalho a longo prazo e nos dê muitos resultados positivos. Estamos fazendo vários tipos de queijo e analisando qual terá mais aceitação pelos consumidores”, diz.

Marcia Menegatti está à frente da industrialização do leite Vários tipos de queijos são fabricados na propriedade

SAIBA MAIS

A bacia de leite do sudoeste é a maior produtora do Paraná, contando com aproximadamente 25% da produção total do Estado. Dentro dessa bacia leiteira destaca-se Mangueirinha, na quinta colocação, com uma produção total de 41.897.956 litros, em um rebanho de aproximadamente 10.741 cabeças.

Luís Gustavo Kapp Titski, médico veterinário da Coamo em Mangueirinha, diz que a bacia leiteira do município é uma das maiores do Paraná e tem uma grande importância local, sendo uma alternativa de renda para os cooperados. Ele diz que os produtores investem constantemente em tecnologia, para aumentar a rentabilidade com a atividade. “Os cooperados atendidos pelo Grupo de Assistência Veterinária (Gave) tem um perfil técnico de sempre aprimorar os trabalhos, buscando mais rendimento e o melhor custo-benefício.”

De acordo com ele, nas propriedades atendidas há um importante trabalho de nutrição, sanidade e genética dos animais visando produtividade e qualidade do leite. “Os cooperados estão sempre em evolução. Em parceria com a assistência Técnica da Coamo aproveitam as oportunidades para novos investimentos.”

O veterinário observa que são várias as características dos cooperados. Contudo, independente se é pequeno, grande ou médio, o objetivo é o mesmo: ter rentabilidade com a atividade. “Os caminhos e as condições podem ser diferentes, mas todos pensam igual e trabalham para melhorar os números, aumentando a produção e diminuindo o custo.”

A produção de cada cooperado, segundo Titski, depende muito do estilo de manejo adotado, do sistema de criação dos animais, já que a região conta com produtores que trabalham desde o extensivo até o confinado. A maioria trabalha com o semi-confinamento. São animais que têm acesso ao posto e com suplementação à coxo, principalmente com silagem e ração. “Nesse caso, a produção oscila de 25 a 32 litros por animal.” No confinamento Compost Barns há um incremento na produção. “Nesse sistema podem alcançar médias de 32 até 42 litros por animal, já que recebem uma alimentação mais balanceada.”

O veterinário explica que a principal atividade desenvolvida nas propriedades é a agricultura e a pecuária de leite entra como diversificação visando o incremento à renda. “É fundamental ter mais de uma fonte de renda na propriedade. Quando alguma atividade apresentar uma dificuldade, tem a outra que pode ser a solução. O leite, mesmo não sendo a atividade principal, é fundamental para a manutenção da propriedade.”

Luís Gustavo Kapp Titski, veterinário da Coamo, diz que nas propriedades atendidas há um importante trabalho de nutrição, sanidade e genética dos animais visando produtividade e qualidade do leite
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