Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 517 | Setembro de 2021 | Campo Mourão - Paraná

TECNOLOGIA NO CAMPO

Reunião Técnica leva informação relevante aos cooperados

Marcelo Sumiya, gerente de Assistência Técnica da Coamo

Foi realizada no dia 09 de setembro, no formato virtual, a Reunião Técnica Coamo. O evento foi transmitido ao vivo pelo canal da cooperativa no YouTube, e continua disponível na plataforma para quem ainda não assistiu ou pretende rever. A Reunião Técnica contou com participação de pesquisadores e debates técnicos.

Foram apresentados os seguintes temas: Resultados de pesquisa Coamo, coordenado por João Carlos Bonani, chefe da Fazenda Experimental; Orientações técnicas para o manejo de plantas daninhas para a safra 2021/2022, apresentado por Fernando Adegas, pesquisador da Embrapa Soja; e Estratégias para o manejo de doenças na cultura da soja, conduzido por Claudia Vieira Godoy, da Embrapa Soja.

De acordo com o gerente de Assistência Técnica da Coamo, Marcelo Sumiya, o evento virtual não substitui o presencial, porém, é uma alternativa viável para continuar levando informação aos cooperados. “O principal objetivo é oferecer ferramentas que ajudem a solucionem os problemas no sistema de produção, e inserir novas tecnologias. A eficiência da atividade agrícola é essencial e a Reunião Técnica oferece oportunidade de melhoria na propriedade rural.”

Sumiya destaca que entre os assuntos estão os resultados dos trabalhos de pesquisas apresentados no encontro de verão. “São vários os assuntos que podem ser inseridos no sistema de produção”, frisa. Ele diz que também foi abordado o manejo das plantas daninhas, que tem um valor significativo no custo de produção. “São dicas importantes para esse período que estamos passando de deficiência de chuva em algumas regiões. Foi uma boa oportunidade para os cooperados se prepararem para a entrada na safra.”

Também foram apresentados os resultados sobre fungicidas no controle de doenças para a safra de soja, já que em meados de novembro e dezembro serão realizados os tratos culturais.

Resultados compartilhados

João Carlos Bonani, chefe da Fazenda Experimental da Coamo

João Carlos Bonani, chefe da Fazenda Experimental da Coamo, diz que a safra de inverno está encerrando e a de verão começando, e nada mais importante que rever as informações e fazer um bom planejamento. “No encontro do início do ano, falamos de alguns trabalhos que estávamos conduzindo na Fazenda Experimental. Alguns foram finalizados e outros ainda estão em andamento, já que são trabalhos para mais de uma safra. Estamos monitorando todos os assuntos técnicos para levar, cada vez mais, conhecimento aos cooperados.”

Um dos trabalhos é a respeito do controle biológico, com ênfase para nematóides e cigarrinha. Bonani diz que quando se maneja nematóides no sistema de produção é preciso pensar em algumas situações como, por exemplo, o manejo genético, de cultivares, químico, físico e cultural com as coberturas do solo.

“O controle biológico é um aliado para a estratégia de manejo da praga, sendo o ideal, evitar a entrada dos nematóides na área. Realizamos um trabalho com cinco tratamentos e quatro repetições. Utilizamos produtos à base de bactéria e fungo. Esse trabalho nos trouxe mais segurança para manejar está praga.”

As doenças causadas pelas cigarrinhas vêm causando grande preocupação para os cooperados que cultivam milho, tanto no verão como na segunda safra. “A cigarrinha é a responsável por transmitir os enfezamentos na cultura do milho. Para o controle químico, temos vários ingredientes ativos registrados. Em se tratando de biológico, temos basicamente dois fungos, com várias marcas comerciais, porém com poucos trabalhos de pesquisa, e ainda muitas dúvidas em relação ao uso e eficiência do controle”, diz.

Fazenda Experimental mantém mais de 200 experimentos por ano. Resultados dos trabalhos são repassados aos cooperados por meio da assistência Técnica da Coamo

Na Fazenda Experimental foram avaliados dois produtos biológicos, comparados com produtos químicos e, também, associando os dois segmentos. “Quando falamos em químico, temos controle de 54%, e usando o químico e biológico associados, avanço da eficiência em 76%. Só com o biológico, a eficiência foi de 24%. Considerando a praga, mesmo 76% de controle ainda é pouco. É um inseto de difícil controle devido a sua mobilidade no campo”, observa Bonani. Ele acrescenta que está sendo estruturado um posicionamento sobre os produtos biológicos para controle de cigarrinhas do milho, que em breve será repassado ao departamento Técnico da Coamo.

Um trabalho desenvolvido na Fazenda Experimental é com consórcios de plantas na cobertura do solo, denominado como mix de cobertura. O trabalho é relacionado ao inverno do ano passado e na área foi semeada soja. “Nas embalagens de mix vêm diferentes plantas, além dos consórcios tradicionais como, por exemplo, aveia e azevém, aveia e nabo, e trigo, opções de inverno com retorno financeiro”, assinala Bonani.

De acordo com ele, foram analisados, também, o efeito dos herbicidas na cultura de cobertura para verificar a possibilidade de plantas resistentes. “Tivemos um controle satisfatório e é um ponto interessante”, frisa.

Cigarrinha é a responsável por transmitir os enfezamentos na cultura do milho

Em relação a produtividade da soja implantada na área pós o mix de cobertura, Bonani explica que há um benefício, porém o mais importante é não deixar a área em pousio. “Qualquer cultura de cobertura inserida no sistema, independente de custo direto, traz benefícios e acréscimo na produtividade.”

O percevejo-marrom da soja é a praga mais importante da cultura. Na Fazenda Experimental um trabalho desenvolvido com premissa do Manejo Integrado de Pragas (MIP), está consolidando os protocolos já estabelecidos pela pesquisa. Nesse sentido, o pano de batida é o principal aliado para o monitoramento. “Temos produtos com eficiência quando aplicados de maneira correta e seguindo as recomendações técnicas. O monitoramento continua sendo uma ferramenta muito importante no sistema de produção, principalmente, na cultura da soja.”

A sensibilidade de mancha alvo aos fungicidas, também, é outro ponto de estudo na Fazenda Experimental. “É um trabalho em nível de laboratório para um melhor entendimento das moléculas isoladas aplicadas sobre o fungo. A avaliação é para ver a reação da doença frente aos produtos”, assinala Bonani. Outra fonte de estudos é relacionada a lagarta falsa-medideira. “É um trabalho em parceria com a Adapar para avaliar a praga nas lavouras de soja.”

Percevejo-marrom da soja é a praga mais importante da cultura

Recomendações técnicas e manejo de plantas daninhas e doenças

Fernando Adegas, pesquisador da Embrapa Soja

Claudia Vieira Godoy, pesquisadora da Embrapa Soja

Fernando Adegas, da Embrapa Soja, falou sobre as orientações técnicas para o manejo de plantas daninhas para a safra 2021/2022. De acordo com ele, o cenário é de apreensão para a nova safra porque o clima está semelhante ao ano passado em algumas regiões, prejudicando o manejo. “Temos uma condição de clima muito complicada e com essas plantas já presentes nas áreas que receberão as lavouras de verão. O importante é que a soja, ou milho, sejam semeados no limpo e, para que isso ocorra, é preciso fazer um bom controle, mesmo em situação de clima adverso.”

Adegas recomenda que os cooperados caprichem no processo de pré-semeadura. “Normalmente, a melhor dessecação é aquela realizada em duas etapas, que chamamos de sequencial. É necessário utilizar os produtos corretos para um bom controle e evitar plantas daninhas nas lavouras. Quem não controlar antes do plantio, terá dificuldade quando a lavoura estiver estabelecida.”

O pesquisador ressalta que para uma aplicação mais eficiente é recomendado que o clima esteja mais úmido. “O ideal é esperar pela chuva. Em princípio, são duas aplicações. Normalmente, a primeira com herbicidas sistêmicos e a segunda com produtos de contato. É preciso considerar uma boa tecnologia de aplicação e seguir as recomendações técnicas para definir o melhor horário de aplicação.”

Claudia Vieira Godoy, da Embrapa Soja, falou sobre as estratégias para o manejo de doenças na cultura da soja. Segundo ela, são várias as doenças que podem surgir durante o ciclo da lavoura, e a maioria depende das condições climáticas. “A ferrugem, apesar de ser a principal doença, vem sendo controlada em função das estratégias adotadas com o vazio sanitário. Já outras doenças, como a mancha alvo, de final de ciclo e oídio, vem surgindo com mais frequência.”

A pesquisadora ressalta que para cada doença há um fungicida mais específico. “As doenças estão diretamente ligadas as condições climáticas. O agricultor tem que ficar atento as condições para definir a estratégia de manejo e controle, evitando assim reduzir a produtividade.”

Claudia observa que o manejo integrado é uma ferramenta importante e as ações não devem ser realizadas isoladas. “É preciso estar atento e monitorando sempre. Conhecer a característica da região e utilizar cultivares com mais resistência pode ser um diferencial. São várias as estratégias que ajudam no controle e a reduzir o custo das lavouras.”


Conhecimento em vídeo

José Petruise Ferreira Junior, engenheiro agrônomo da Coamo Marcus Vinicius Goda Gimenes, engenheiro agrônomo da Coamo

A plantabilidade é um dos fatores que interfere na qualidade e na eficiência da operação de semeadura. O potencial de rendimento de uma lavoura é definido no momento do plantio. “Do que adianta ter um trator de 500 cavalos, semeadora de 50 linhas, solo equilibrado, utilizar o melhor fertilizante, a melhor semente, fazer o melhor tratamento de semente, se não realizar a operação com qualidade, eficiência e capricho”, diz o engenheiro agrônomo da Coamo, José Petruise Ferreira Junior.

De acordo com ele, a plantabilidade está relacionada com a uniformidade e a distribuição da semente ao longo do suco de plantio. “Plantabilidade nada mais é do que a deposição da semente realizada de forma correta pela máquina com uma adequada distribuição longitudinal e vertical, dentro da densidade recomendada tecnicamente. São fatores que impactam diretamente antes, durante e depois na qualidade das lavouras.”

Manejo de plantas daninhas em pré e pós-emergência da cultura do trigo, foi outro assunto de um vídeo técnico. “O cereal de inverno tem importância econômica e, também, para o sistema de produção. Contudo, com o passar dos anos, o trigo trouxe desafios em relação ao controle de plantas daninhas. As ervas daninhas no manejo geral das culturas, têm grande relevância”, destaca o engenheiro agrônomo da Coamo, Marcus Vinicius Goda Gimenes.

Para exemplificar, ele cita um trabalho da Embrapa de 2017. “Em um cenário onde não se apresenta grandes problemas com resistência ou plantas de difícil controle, o custo de produção girava em torno de R$ 120 por hectare naquele ano. Mas, se nessa área encontrarmos uma planta, como a buva resistente ao glifosato, por exemplo, esse custo pode ser maior em 42%. Se tiver uma planta de azévem esse aumento pode ser em até 48%. Se contar com amargoso, o custo se eleva em 165%.”

Consórcio milho-braquiária com foco em alguns aspectos especiais da implantação e manejo, também é tema de vídeo. “O consórcio de culturas anuais com forrageiras vem sendo trabalhado no Brasil desde a década de 1990, no caso específico do consórcio do milho com a braquiária, com dados de pesquisa, começaram a ser publicados a partir do ano 2000. O sistema tinha como objetivo inicial a recuperação de pastagens degradadas. A partir das pesquisas mostrando os benefícios desse sistema, passou a ser adotado em diversas propriedades”, diz coordenador de suporte Técnico da Fazenda Experimental, Marcos Vinicios Garbiate.

Marcos Vinicios Garbiate, coordenador de suporte Técnico da Fazenda Experimental Henrique Debiasi, pesquisador da Embrapa Soja

Ele explica que o principal objetivo do consórcio é o aumento na produção de biomassa, proporcionado pela braquiária. “Essa biomassa pode ser utilizada com dois focos distintos. O primeiro, servindo de pastejo animal logo após a colheita do milho e, o segundo, com foco na melhoria do sistema de plantio direto proporcionada pela melhor cobertura de solo”, diz e cita os principais benefícios do consórcio: redução na emergência de plantas daninhas, especialmente aquelas de difícil controle; aumento nos teores de matéria orgânica, melhorando a atividade biológica do solo e alguns atributos físicos; outro aspecto interessante diz respeito à diversificação de culturas, proporcionados pela inclusão da braquiária no sistema produtivo; por último, a possibilidade de exploração econômica dessa forrageira feita especialmente por aquelas propriedades que já trabalham o sistema de integração Agricultura e Pecuária.

Henrique Debiasi, pesquisador Embrapa Soja, explica que a braquiária ruziziensis é a espécie mais indicada para a produção de palhada, pela facilidade de dissecação e características durante o desenvolvimento.

De acordo com ele, o sistema de consórcio é simples de ser implementado na propriedade, porém, acaba tendo algumas limitações, principalmente devido ao espaçamento da entre linha do milho. “O produtor utiliza a semeadura do milho no mesmo espaçamento da soja. Esse é principal limitador para o sistema. Embora, do ponto de vista técnico, seria um sistema de implantação da braquiária com mais segurança de sucesso”, destaca.

Debiasi observa que o consórcio de milho com braquiária é uma excelente ferramenta para controlar plantas daninhas e conservar o solo, contribuindo para aumento de produtividade da soja, principalmente em anos secos. “O benefício é claro, a pesquisa já comprovou. Porém, toda tecnologia necessita de uma série de adaptações conforme a realidade de cada propriedade. A dica para o cooperado é que inicie o consórcio em uma área pequena e não desista. É um processo de aprendizado e persistência, pois, certamente, é uma tecnologia que proporciona muitos benefícios.”

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