Empreender no meio rural nem sempre é tarefa fácil. Além de investimento, é preciso ter visão de mercado e olhos atentos para as oportunidades que surgem no dia a dia da atividade. Na família Silva, de Cruzmaltina (Centro-Norte do Paraná), o empreendedorismo é uma virtude absorvida desde cedo, ainda com o patriarca, Noel Francisco da Silva, que na década de 1990 resolveu investir no cultivo de uma fruta até então desvalorizada, mas que hoje em dia se tornou a “galinha dos ovos de ouro” da propriedade: o abacate.
A virada na valorização da fruta foi a partir do momento em que o abacate foi descoberto como fonte de gordura boa, que contribui na diminuição do colesterol e, consequentemente, na melhoria da saúde. “Tínhamos poucos pés, mas daí em diante passamos a cultivar uma área maior e aumentar a variedade”, conta Alex, filho do seu Noel, que herdou a visão de negócio do pai e não se arrepende do investimento realizado, já que os resultados são expressivos. “Atualmente, trabalhamos com cinco variedades diferentes e conseguimos colher o ano todo em uma área de 11,5 alqueires e 2.500 pés de abacate”, conta Alex, orgulhoso da história que vem construindo.
Para produzir com eficiência, a fruta exige cuidados que vão além de um simples cultivo. É preciso ter paciência e investir em manejo e mão de obra. “Como toda cultura, o abacate requer cuidados como análise de solo, pulverizações constantes contra pragas, doenças e uma boa adubação. É uma fruta que consome muito adubo para produzir bem. Sem contar a mão de obra que é constante, tanto no trato cultural como na colheita, que é feita toda de forma manual”, esclarece.
Agora rentável, amparado por um mercado aquecido e exigente, basicamente toda produção de abacate dos Silva é direcionada para consumo humano e vai para o Ceasa de Curitiba, e compradores do Rio Grande do Sul, que retiram as cargas na propriedade.
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Engenheiro agrônomo Mayckon Roberto Pedreira, da Coamo em Cruzmaltina (PR), acompanha desenvolvimento da segunda safra de milho com o cooperado Alex da Silva |
De olho no futuro, Alex tenta enxergar além e para incrementar a atividade está investindo num centro de distribuição de abacate, onde será feita a classificação do produto, antes de entregar diretamente para os supermercados. “Vamos empreender ainda mais. O consumo está aumentando, assim como a produção. Por isso vamos fazer este investimento”, afirma.
Além do abacate, a propriedade é explorada com o cultivo de soja, milho e a piscicultura. A criação de peixes é explorada particularmente pelo seu Noel, que faz da atividade o passatempo favorito. Ele construiu um pequeno pesqueiro, onde recebe, principalmente nos finais de semana, pessoas de toda a região.
O engenheiro agrônomo Mayckon Roberto Pedreira, da Coamo em Cruzmaltina, defende a diversificação como ferramenta de equilíbrio financeiro das propriedades. Para ele, o trabalho realizado na propriedade dos Silva, é exemplo de sustentabilidade na atividade rural. “Em anos de baixa produtividade de culturas como soja e milho, por exemplo, a diversificação garante a manutenção da propriedade. É o que aconteceu nesta safra com o abacate, que produz o ano todo. Temos outros produtores na região que também cultivam a fruta, mas o Alex é o que mais planta e mais investe nessa atividade”, diz.
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Além do abacate, a propriedade é explorada com o cultivo de soja, milho e a piscicultura. A criação de peixes é desenvolvida pelo seu Noel, que mantém no local uma área de lazer e pesqueiro |
O abacate é cultivado num espaçamento de 10x9.0, sendo possível fazer uma lotação de até 250 pés por alqueire. A produtividade da fruta inicia a partir do quinto ano de cultivo, quando é possível colher entre cinco e sete caixas por pé. O auge da planta se dá a partir do décimo ano, com produtividade bem mais elevada, chegando a 20 caixas por pé.
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