Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 451 | Setembro de 2015 | Campo Mourão - Paraná

SAFRA DE INVERNO

LUCRO NO BOLSO, APESAR DA CHUVA

CHUVA EM EXCESSO NO MÊS DE JULHO REDUZIU PRODUTIVIDADE DO TRIGO, MAS NÃO DESANIMOU TRITICULTORES. MESMO COM ACHATAMENTO DA PRODUÇÃO, CEREAL AINDA RENDERÁ BONS FRUTOS NESTA SAFRA

Pedro Antonio Salido, cooperado à Coamo em Ivaiporâ (Centro-Norte do Paraná). Produção menor e otimismo sempre em alta

Principal produtor de trigo brasileiro, o Paraná avança sobre as áreas cultivadas com o cereal neste inverno, recolhendo do campo o investimento e o esforço do trabalho aplicado durante o período. 

Considerado fundamental para o sistema de produção, favorecendo diretamente as culturas subsequentes, o trigo busca também valorização no mercado. Uma combinação que aliada à boa produtividade, quando ocorre, só traz vantagens para o triticultor. Isso porque, além de ajudar a equilibrar o solo, a cultura ainda rende um bom lucro para o bolso do produtor. 

Nesta safra, em especial, apesar da excelente qualidade do cereal que tem atingindo níveis acima do esperado, a produtividade vem deixando a desejar, por conta do volume de chuvas do mês de junho, que atingiu em cheio a cultura no momento de frutificação, prejudicando o rendimento em algumas regiões. 

É o que aconteceu na propriedade do cooperado Pedro Antonio Salido, localizada na comunidade Formoso, em Ivaiporã (Centro-Norte do Paraná). Triticultor tradicional, ele aposta na cultura todo ano e não abre mão de cultivar trigo no inverno. “Nunca tivemos prejuízo, mas tem ano que rende bem e ano que nem tanto. Nesta safra mesmo vamos produzir menos. Ainda assim teremos lucro”, conta Salido, que cultivou 120 alqueires de trigo neste ano e pretende fechar a média em pelo menos 120 sacas. 

Pedro Antonio Salido com o agrônomo Marco Antonio Capoci

trigo no inverno. “Nunca tivemos prejuízo, mas tem ano que rende bem e ano que nem tanto. Nesta safra mesmo vamos produzir menos. Ainda assim teremos lucro”, conta Salido, que cultivou 120 alqueires de trigo neste ano e pretende fechar a média em pelo menos 120 sacas. 

Num ano marcado por adversidades, para o agrônomo Marco Antonio Capoci, do departamento técnico da Coamo em Ivaiporã, os resultados são até surpreendentes. “Não foi só excesso de chuva, tivemos também um período de estiagem depois disso. Mesmo assim os resultados nos surpreenderam. O início foi um pouco mais fraco e, agora, temos lavouras com rendimento acima dos 150 sacas e, por isso, estamos contentes”, declara.

TUDO PELO SISTEMA

Em anos bons ou ruins, trigo equilibra sistema produtivo e melhora resultados da soja

Importante produtora na área de ação da Coamo, a região de Marilândia do Sul (Centro-Norte do Paraná), também investe na produção do cereal. O microclima da região é ideal para exploração da cultura, que impõe melhores resultados com a safra de soja, que vem logo na sequência.  

 Juan Guilherme Schultz, de Marilândia do Sul (Centro-Norte Paranaense) 

Na propriedade do cooperado Juan Guilherme Shultz, que fica entra as comunidades de Nova Amoreira e São José, o trigo tem papel fundamental e todos anos é cultivado com a função não apenas de gerar lucro, mas sobretudo de contribuir com o sistema de produção da propriedade. O cereal ocupou nesta safra a maior parte da área, cerca de 370 alqueires. “Cultivamos trigo há muitos anos e, cada vez mais, buscamos melhorar nosso sistema com essa cultura, que não pode deixar de ser plantada na propriedade. Estamos buscando sempre aumentar a produtividade e melhorar o custo-benefício. Estamos tendo uma boa produção nesta safra e pode melhorar”, afirma Schultz, que nos primeiros 30 alqueires fechou a média em 100 sacas, mas prevê uma sensível melhora nos talhões plantados mais tarde. “Esperamos melhorar muito essa média daqui para frente. Tecnologia para isso nós utilizamos”, garante o cooperado, que vai cobrir as áreas de trigo com milho e soja no verão, apostando na rotação de culturas. “Temos um planejamento estratégico bem definido aqui. A rotação de culturas sempre fez parte do nosso esquema”, diz.

O otimismo de melhora da produtividade estampado por Juan Schultz, é confirmado pelo agrônomo Fabio da Cruz, encarregado do departamento técnico da Coamo em Marilândia do Sul. De acordo com o técnico, a previsão é de rendimento melhor nas lavouras mais tardias, que foram menos prejudicas pelas chuvas de julho. “Cada lavoura tem seu particular e as mais tardias certamente terão as melhores produtividades. Tivemos mais de 500 milímetros de chuva na região, mas ainda assim vamos poder comemorar porque nossos cooperados fizeram um bom manejo da cultura”, comenta.

A MELHOR ALTERNATIVA

Na região de Cruzmaltina, ainda no CentroNorte paranaense, o clima também foi um redutor de produtividade do cereal, diminuindo os resultados. Mas, nada que desanime o cooperado Daniel Garcia Pascoal, que enxerga mais prós do que contra na cultura.

Ele chegou a colher 70 sacas de média nas primeiras áreas e deve fechar os resultados em pelo menos 120 sacas. “Já tivemos anos melhores. Em 2014 mesmo, colhemos uma média de 140 sacas por alqueire. Mas, faz parte e não podemos reclamar. O trigo tem mais a acrescentar do que a atrapalhar,
temos tido na balança muito mais bons resultados do que ruins”, compara. O cooperado enxerga o cereal como a melhor alternativa para a região. Tanto que cultivou 220 alqueires neste ano e 30 de milho.

No mesmo compasso das demais regiões, a qualidade do produto é o aspecto que mais agrada o triticultor em Cruzmaltina. Segundo o agrônomo Rodrigo Silva, se a produtividade ficou um pouco abaixo do esperado, a qualidade está compensando o trabalho. “Está excelente, quanto a isso não há que reclamar. A maioria das lavouras está com ótima qualidade, com pH muito bom”, observa.

Conforme o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura, a produção estimada para esta safra é de 3,93 milhões de toneladas, 3% maior em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram recolhidos 3,83 milhões de toneladas do cereal.

Ao todo foram plantados no Paraná neste ciclo 1,34 milhões de hectares, contra 1,39 milhões semeados no período de 2013/2014. A produtividade estimada para este ano é de 2.944 quilos por hectare (kg/ha), ante 2.747 kg/há de rendimento contabilizado na safra passada.

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