Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 454 | Dezembro de 2015 | Campo Mourão - Paraná

LAVOURA X PECUÁRIA

HARMONIA ENTRE GRÃOS E BOI

SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA E PECUÁRIA FAZ COM QUE O AMBIENTE PRODUTIVO SEJA UTILIZADO DE FORMA RENTÁVEL E SUSTENTÁVEL, GARANTINDO ESTABILIDADE À PRODUÇÃO

Um entusiasta pelo sistema de integração lavoura pecuária. Assim podemos definir o cooperado Irineu Darcio Schwambach, na região de Laguna Carapã (Sudoeste do Mato Grosso do Sul). Defensor de uma agropecuária sustentável e rentável, ele se utiliza dos benefícios de colher em uma mesma área grãos e boi gordo. O sistema já vem sendo adotado há cerca de dez anos e surgiu após a necessidade de sair da monocultura com a soja. O que no início era apenas experimento, hoje se tornou uma prática rentável e amplamente difundida pelo cooperado. 

Com uma cuia de chimarrão sempre por perto e bom papo, o gaúcho de Marcelino Ramos (Noroeste do RS) está há mais de quatro décadas se dedicando à agricultura. Neste período, segundo ele, a integração lavoura pecuária ajudou a revolucionar o sistema produtivo. “Saímos de uma monocultura para uma agropecuária sustentável e rentável”, frisa o cooperado. 

O primeiro contato com o sistema foi com o também cooperado Ake Bernhard Van Der Vinne, um holandês que migrou de Castro, na região dos campos gerais no Paraná, para o Mato Grosso do Sul há mais de 20 anos, e que já foi personagem da Revista Coamo, em maio de 2015, falando sobre o cultivo de brachiária e os benefícios para a agricultura. “É um senhor bastante estudioso e dedicado. Foi com ele [Ake Bernhard] que aprendi os primeiros passos e que é possível ter no mesmo ano comercial pasto, no inverno, e soja, no verão”, comenta ‘seo’ Irineu. 

Antes de integrar a lavoura com a pecuária, o cooperado buscou outras alternativas para sair da monocultura. “O Paraná, por exemplo, planta milho no verão, mas para nós se mostrou inviável economicamente. Também tentamos com algodão e foi ainda pior. Foi nessa busca que optamos pelo sistema lavoura e pecuária”, frisa.  

De acordo com ele, o sistema tem sido bastante rentável, tanto na agricultura quanto na criação de bois. “Chamo a atenção dos companheiros produtores para que olhem para esse lado. Quem está procurando uma alternativa de rotação, essa é a melhor”, opina. 

Ele acrescenta que a soja é a lavoura mais rentável, além de ser a riqueza do Brasil, porém é preciso melhorar a produtividade com um custo mais compatível e, segundo ele, o sistema proporciona isso. “Em relação a soja, há um grande potencial pela frente. Colhemos, hoje, 60 sacas por hectare [145 por alqueire] e vemos, em concurso de produtividade, gente colhendo 141 sacas por hectare [341 por alqueire]. Claro que esse número não é em lavoura comercial, mas mostra que há potencial para crescer e isso só consegue, aliando vários fatores como plantio direto, boa cobertura e manejo do solo, além de equilíbrio nutricional e controle de doenças e de pragas. São situações interligadas uma a outra e que o sistema de integração tem nos proporcionado”, relata o cooperado.  

Com o sistema, além de elevar o número de animais na área, há uma melhora no desempenho do rebanho, já que a pastagem fica mais nutritiva, pois aproveita todo nutriente deixado pela agricultura. “Temos um pasto viçoso, em abundância e a baixo custo. Também diminui problema com ervas daninhas, doenças e fungos. Há ganho direto e indireto, para quem utiliza o sistema”, pondera ‘seo’ Irineu.

O cooperado relata ainda que o sistema proporciona renda segura e equilibrada, pois não fica dependendo apenas do mercado da soja. “Precisamos pensar também no mercado de carne. O Brasil se encaminha para ser um grande exportador e devemos olhar para isso com bastante carinho”, frisa. De acordo com ele, há muitos motivos para iniciar com o sistema. “Os fatores são acumulativos, vem aos poucos. Não são resultados que vêm de um ano para o outro, mas que com o passar do tempo se observa ganho importante, seja na renda ou para o sistema produtivo”, acrescenta. 

ENTENDA O SISTEMA

No verão, 40% da área é dedicada à pecuária e 60% para soja

No inverno, dos 60% que estavam com a soja, 50% é destinado para a pastagem e 10% com milho safrinha

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