Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 461 | Agosto de 2016 | Campo Mourão - Paraná

ENCONTRO DE INVERNO

VOZES DA CIÊNCIA E DO CAMPO

Duas vezes ao ano, no verão e inverno, a porteira da Fazenda Experimental Coamo se abre para que a experiência que vem do campo se una a pesquisa científica. São oportunidades que se abrem tanto para cooperados quanto para pesquisadores dos principais institutos do país. Os associados obtém informação de primeira mão sobre o que há de mais moderno na agropecuária e os órgãos de pesquisa levantam demanda para dar continuidade ao trabalho.

Em julho entre os dias 20 e 21, foi realizada a 10ª edição do Encontro de Inverno, com sete estações de pesquisa e a participação de cerca de 900 cooperados de toda a área de ação da Coamo nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Os participantes aprendem novas técnicas para aprimorar o trabalho de produção que no final irá ser matéria- -prima para a industrialização de alimentos e exportação de commodities.

De acordo com o chefe da FazendaExperimental Coamo, Lucas Simas de Oliveira Moreira, foram elencados sete assuntos de relevância para os cooperados. “Nosso objetivo é trazer o que existe de informação mais atual, direto da pesquisa para que nosso cooperado esteja sempre um passo à frente, sabendo quais são os cuidados e atenções que devem ter para tirar o máximo de proveito de uma determinada tecnologia ou ferramenta aplicada na agricultura e pecuária.”

Para que todo esse laboratório a céu aberto aconteça, Simas explica que tudo é preparado com muita antecedência. “Tanto na parte agrícola como pecuária, testamos e avaliamos. São trabalhos consistentes com mais de três anos. Existem alguns como o da brachiária, por exemplo, de cinco anos, onde estamos fechando um ciclo de estudo a respeito do tema, para que possamos entregar ao cooperado a informação segura.”

Assim, por meio desse trabalho observa-se uma evolução nos campos dos cooperados que buscam informação e aplicam as novas tecnologias nas propriedades. Conforme o gerente de Assistência Técnica da Coamo, Marcelo Sumiya, os associados trazem as demandas e a Coamo busca alternativas para aprimorar a agropecuária. "O Encontro de Inverno é no mesmo modelo do evento de verão, onde é possível abordar tecnologias para a pecuária e lavouras para a segunda safra”, lembra.

Sumiya observa que as culturas de inverno necessitam de um planejamento melhor, pois é exposta a um risco climático maior. “Precisamos planejar com um critério maior, otimizando as ações realizadas no inverno para ter rentabilidade e não se tornar um problema financeiro dentro da propriedade. Por isso, é importante o que fazemos aqui, uma abordagem para que se desenvolva a cultura e a implantação de um sistema, seja na pecuária ou agricultura.”

O superintendente Técnico da Coamo, Aquiles de Oliveira Dias, salienta que é um dia de campo, e de transferência de tecnologia muito importante. “Temos condições de melhorar muito mais os resultados das propriedades no inverno e a oportunidade de ver novas tecnologias. Aqui, vemos esse entusiasmo da pesquisa porque eles geram informações, novos resultados e o que eles querem é transferir isso para os técnicos e agricultores.”

Dias ainda lembra que essa sempre foi uma preocupação da cooperativa. “A Coamo foi fundada em 1970 e a Fazenda Experimental é de 1975. Portanto, desde o início tivemos essa forte preocupação de levar tecnologia para os agricultores, e isso só cresceu ao longo dos anos. Estamos com o que há de mais moderno em termos de tecnologia. É gratificante para todos nós, porque a participação dos cooperados é expressiva. São dois dias, onde tivemos a participação de 900 cooperados.”

Idealizador da Coamo e também da Fazenda Experimental, o presidente da cooperativa, José Aroldo Gallassini, sempre valorizou esse trabalho de difusão de tecnologias. “O associado tem um diferencial que garante o sucesso da cooperativa, ele sempre busca evoluir. Essa sempre foi uma preocupação da Coamo, garantir a evolução tecnológica do quadro social, e os cooperados fazem jus, sempre participando e mostrando interesse. Temos ainda muito o que caminhar para obter mais rentabilidade nas culturas de inverno, mas com certeza, vendo essa efetiva participação o caminho é sempre mais promissor.”

“É uma viagem longa, mas que vale a pena. Volto para a casa com mais conhecimento, disposto a implantar novas tecnologias. Buscamos sempre melhores produtividades e as tecnologias mostradas nestes encontros nos ajudam. Cada ano é diferente, pois são novas práticas, novos sistemas apresentados e quem participar sai sempre na frente.” Antonio Pierezan, de Aral Moreira (Sudoeste do Mato Grosso do Sul). “Levo para casa bastante conhecimento sobre vários assuntos, inclusive, a respeito do milho safrinha que já está sendo uma opção de segunda safra. São tecnologias que diminuem a chance de errar, proporcionando segurança para o cooperado trabalhar, pois temos sempre um departamento Técnico buscando novidades para auxiliar o trabalho no campo.” Nelson Bellé, de São Domingos (Oeste de Santa Catarina). “A cada encontro, aprendo novas tecnologias para aprimorar as nossas técnicas. Trabalhamos mais com a pecuária e bastante coisa que vimos, aqui foi empregada na propriedade, pois já são resultados consolidados pela pesquisa e pela Coamo. É a segurança que temos em trabalhar com uma cooperativa que pensa nos associados” Peterson José Alves da Silva, de Altamira do Paraná (Centro-Oeste do Paraná).

AJUSTE FINO DAS CULTIVARES

Estação 1 - Manejo de manchas foliares em trigo. Transmitiu aos cooperados a importância de um diagnóstico correto das doenças foliares em trigo

Com a demonstração de 16 cultivares das parceiras Embrapa, Fundação Meridional, Iapar, OR Sementes, Coodetec e Biotrigo, o Encontro de Inverno trouxe novamente a tradicional estação de variedades de trigo, que na prática tem a proposta de apresentar aos cooperados as melhores opções de cultivo e os novos materiais.

Manoel Carlos Bassoi (Embrapa/Soja)

O coordenador da estação, engenheiro agrônomo Breno Rovani, chefe do Laboratório de Sementes da Coamo, lembra que mesmo com os altos e baixos do mercado, a cultura é extremamente importante para o sistema produtivo. “O trigo é uma cultura que em algumas regiões chega a ser a mais importante no sistema de produção”, observa Rovani.

Ele lembra que nos últimos anos a pesquisa tem buscado critérios pontuais para atender o produtor. “O primeiro é relacionado a característica agronômica da cultura, como: produtividade, arquitetura, acamamento e o comportamento em relação às principais doenças, entre outros. O outro critério é a qualidade industrial do trigo. É isso que a indústria preconiza para bem atender tanto os produtores como o mercado”, esclarece.

Segundo o melhorista Manoel Carlos Bassói, da Embrapa/ Soja, uma autoridade no desenvolvimento de novas cultivares, que mais uma vez fez questão de participar do evento, é importante não apenas colocar as novas cultivares no mercado, mas, sobretudo, ensinar a manejá-las de forma adequada. “Todo ano, sempre tem alguma novidade. Mas, não adianta criar um monte de novas cultivares e não apoiar o produtor no manejo porque cada cultivar tem as suas características. Por isso, estamos afinando as recomendações e ajustando as cultivares que eles já estão acostumados a trabalhar. Temos que municiar o agricultor com essas informações para ele extrair o máximo do potencial de cada material”, alerta.

Fernando Mauro Soster (Ivaiporã), Luís Cesar Voytena (Campo Mourão), Breno Rovani (Campo Mourão) e Rubem Carlos de O. Hubner (Mamborê) Sérgio Ricardo Silva (Embrapa/Soja), Luis César Vieira Tavares (Embrapa/Soja), Ralf Udo Dengler (Fundação Meridional) e José Salvador Foloni (Embrapa/Soja)

DE OLHO NAS MANCHAS FOLIARES

Diego Monteiro (Mamborê), José Eduardo Frandsen Filho (Pitanga), Guilherme Montenegro Sávio (Campo Mourão), Paulo Henrique Boeing Noronha Dias (Campo Mourão) e João Carlos Bonani (Campo Mourão)

Outro tema relacionado à cultura do trigo que chamou atenção no evento foi sobre as principais doenças foliares que acometem o cereal. Na estação os técnicos da Coamo retrataram a necessidade de um correto diagnóstico dessas doenças, lembrando que quando o manejo é efetuado de forma adequada é possível melhorar a performance e preservar a longevidade dos fungicidas, em geral.

“Além do enfoque que estamos dando em todas as doenças, o foco maior é o controle de manchas foliares. Alertamos que o controle químico não é a única alternativa para essas doenças. Indicamos outros manejos que podem auxiliar o produtor no combate de manchas na cultura do trigo”, explica o engenheiro agrônomo Guilherme Montenegro Sávio, supervisor da Gerência de Assistência Técnica da Coamo e responsável pela estação.

Conforme o técnico, além do controle químico, uma outra e importante alternativa é a rotação de culturas. “O produtor que adota a rotação elimina boa parte do problema com manchas. Junto com isso, é importante utilizar sementes fiscalizadas e tratamentos de qualidade, e quando necessário usar os fungicidas foliares”, orienta.

Outra preocupação é dar longevidade aos fungicidas, pensando também em rentabilidade da cultura, tornando o cereal uma opção mais atrativa. Para isso, segundo Guilherme Sávio, é fundamental contar com os melhores manejos e ferramentas, sempre com objetivo de se obter lucro com o trigo.

As principais doenças foliares do cereal são o complexo de manchas, que atualmente causam mais preocupação, além das ferrugens, oídio, mal do pé e as doenças que acometem as espigas como a bruzone e giberela. Algumas com potencial de dano de até 60% de queda de produtividade.

Estação 2: Cultivares de trigo. Mostrou o que há de melhor quando se pensa em cultivares de trigo, bem como as novidades que serão lançadas no próximo ano

POR UMA LAVOURA MAIS SAUDÁVEL

Estação 3 - Utilização de fungicidas em milho 2ª safra. Apresentou um trabalho de pesquisa conduzido com o Iapar sobre o controle de doenças em milho segunda safra, com ênfase em mancha branca

Com a consolidação e crescimento da área de milho segunda safra em várias regiões do Brasil, aumentam também as preocupações em relação ao manejo da cultura, principalmente os que podem afetar a produtividade. E um assunto que sempre chama a atenção é relacionado a doenças. Pensando nisso, uma estação na Fazenda Experimental apresentou um trabalho de pesquisa conduzido junto com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) sobre o controle de doenças em milho segunda safra, com ênfase em mancha branca.

Esta doença é conhecida como complexo da mancha branca, por ser tratada como um complexo fitopatogênico (associação de bactéria + fungo). O fato é que nos últimos anos houve um aumento de incidência e severidade em lavouras de milho, causando redução de produtividade quando não manejada adequadamente. Pesquisas mais recentes sobre a etiologia da doença apontam a bactéria P. ananatis como o único agente causal envolvido e que os fungos eventualmente encontrados nas lesões são meramente oportunistas.

De acordo com o agrônomo José Marcelo Fernandes Rúbio, encarregado do Detec da Coamo em Mamborê (Centro-Oeste do Paraná) e coordenador da estação, a incidência da doença tem se mostrado severa e o ataque está relacionado, principalmente, as condições climáticas. “Geralmente, essa doença requer clima mais ameno para o desenvolvimento. Temperaturas noturnas ao redor de 14 e 15 graus é o ideal. Quem planta o milho mais cedo, acaba tendo menos problemas, pois as temperaturas ainda estão altas. Quanto mais tarde plantar, maior é a chance de a doença aparecer”, comenta.

Odair Johanns (Goioerê), José Petruise Ferreira Júnior (Engenheiro Beltrão), José Marcelo Fernandes Rúbio (Mamborê), Paulo Henrique Battisti (Brasilândia do Sul) e Diego Ferreira de Castro (Mamborê)

A mancha branca, segundo o agrônomo, pode ser bastante agressiva causando perdas que chegam a 60% da produtividade. “É uma doença que o cooperado tem que ficar atento”, frisa Rúbio. Há relatos de aparecimento em todo Brasil e a incidência está atrelada ao próprio sistema de produção. “A área de milho safrinha saltou de 500 mil para dois milhões de hectares no Paraná. No Brasil, há 20 anos eram dois milhões de hectares e hoje já são mais de dez milhões. Com esse aumento de área, tem mais presença de inóculo, mais alimento para o fungo, além de o produtor fazer sempre o mesmo cultivo, que é soja no verão e milho na segunda safra. Essa palhada serve de hospedeiro para que a doença permanece na área”, assinala.

A doença pode aparecer a qualquer momento, desde a emergência até o final do ciclo da planta. Porém, geralmente, ocorre com mais intensidade no final de ciclo, pois é quando as temperaturas estão mais baixas. “O fungicida é um tratamento de controle, mas tem outros como a escolha de um híbrido mais tolerante, época de plantio e rotação de culturas. São práticas que continuam valendo para todas as doenças”, observa o agrônomo.

Adriano Augusto de Paiva Custódio, pesquisador do Iapar

Presente nos dois dias do encontro o pesquisador do Iapar, Adriano Augusto de Paiva Custódio, ressalta a importância de adotar o manejo integrado de doenças para uma melhor eficiência de fungicidas. “A utilização de fungicida é uma alternativa extremamente viável. Contudo, existem produtos mais efetivos para o controle de uma doença específica e o produtor deve, junto com a assistência técnica da Coamo, monitorar a área para identificar a doença e direcionar o melhor tratamento.”

Conforme o pesquisador, o planejamento deve ocorrer antes mesmo do plantio com a escolha de um híbrido com melhor nível de resistência genética a uma determinada doença. “Esse é o primeiro passo. Tentar conciliar a produtividade do híbrido, o bom posicionamento, mas sem esquecer também de observar a questão de resistência à determinada doença. Outro ponto é fazer uma boa fertilização do solo, seja química, por meio da correção do pH, aplicação adequada de fertilizantes e descompactação do solo. São fatores que se somam para melhorar o manejo da doença. E por último, mas não menos importante, é o controle químico, que é uma ferramenta que não pode ser ignorada”, reitera Custódio.

CONSÓRCIO CONTEMPLADO

Estação 4 - Resultados de 5 anos consórcio milho 2ª safra com brachiária. Foram abordadas questões técnicas atreladas a qualidade, quantidade e densidade dessa cobertura, bem como seus efeitos e benefícios ao sistema de produção

Um estudo de cinco anos na Fazenda Experimental da Coamo mostra a viabilidade do consórcio de milho segunda safra com brachiária ruziziensis. Os cooperados conheceram as técnicas, efeitos e benefícios do consórcio no sistema de produção. Entre as vantagens está um sistema radicular profundo, elevada produção de matéria seca/hectare, reciclagem de nutrientes, menor gasto com herbicidas, menor risco de compactação e erosão, menor variação de temperatura na superfície do solo, entre outros. Além disso, foi apresentada uma análise econômica do sistema.

Giovani Augusto Geron Pinheiro (Fênix), Brian Kim Neves (Ivaiporã), Alvimar Vergilio Castelli (Campo Mourão), Adriano Fernandes Raposo (Dourados) e Luiz Eduardo de Oliveira (Boa Esperança)

Conforme o engenheiro agrônomo Luiz Eduardo de Oliveira, encarregado do Detec da Coamo em Boa Esperança (Centro-Oeste do Paraná), e coordenador da estação, os resultados obtidos nos cinco anos evidenciam o sistema, tanto no consórcio com a brachiária, principalmente nas regiões mais quentes da Coamo, como a utilização de aveia, que também tem mostrado bons resultados com o milho safrinha.

Oliveira explica que haviam alguns questionamentos em relação ao consórcio de milho safrinha com brachiária, e que foram respondidos nos cinco anos de experimento. O primeiro ponto era o que seria mais viável: o plantio do milho solteiro ou do milho consorciado?

“Vimos que o resultado do consórcio é muito positivo e não interfere na produção do milho segunda safra”, assinala e acrescenta que o segundo ponto era se o consórcio poderia interferir na produção de soja. “A interferência é positiva porque estamos agregando matéria orgânica no sistema. A palhada ajuda a reter mais água no solo e diminui o impacto da gota de chuva, reduzindo o efeito da erosão. Sem falar na reciclagem de nutrientes proporcionada pela raiz da brachiária, que é eficiente e agressiva”, assinala.

O agrônomo observa que o sistema exige alguns cuidados e o primeiro passo para quem quer iniciar é procurar orientação da assistência Técnica da Coamo. “O processo é simples, mas é preciso atenção. Por exemplo, em um ano seco tem que usar herbicida para dar uma supressão na brachiária e evitar a competição com o milho. São cuidados que o cooperado tem que ter e o departamento Técnico da cooperativa está capacitado para orientar e recomendar”, diz Oliveira.

Júlio Cesar Franchini, da Embrapa/Soja

Para o pesquisador da Embrapa/Soja, Júlio Cesar Franchini, a grande vantagem do sistema é a produção de palhada. “Os produtores querem estabilidade contra as questões climáticas. Uma hora é seca, outra é excesso de chuva e nesta realidade a única forma de ter uma produção mais estável é ter uma boa qualidade de solo. Para que isso ocorra, é necessário colocar mais matéria orgânica e a brachiária permite isso.”

Conforme Franchini, o maior receio do produtor é perder produtividade no milho e os resultados na Fazenda Experimental mostram que não há queda de rendimento e que até o milho se beneficia do consórcio ao longo do tempo. “É uma prática a longo prazo para que possa dar estabilidade para o sistema”, frisa. A utilização da brachiária solteira é outra alternativa e, segundo o pesquisador, apresenta um retorno ainda mais rápido, já que não tem competição com o milho. “No sistema de consórcio, o retorno demora mais, sendo necessárias duas ou três safra de milho para chegar a um nível de recuperação de solo. Trabalhando com a brachiária solteira, o solo ganha outra característica em função do sistema radicular da planta que é bastante agressivo e traz um grande benefício para o sistema, conseguindo aumento de até 10% na produtividade de soja.”

NOVAS CULTIVARES DE AVEIA

Estação 5: Características, qualidade e alternativas de novas de cultivares de aveia. Cooperados conheceram cultivares de aveia (preta e branca) desenvolvidas pela pesquisa nos últimos anos

Alfredo do Nascimento Júnior, da Embrapa/Trigo

Uma das estações do encontro de inverno deste ano, tratou exclusivamente sobre as características, qualidade e alternativas de uso de novas cultivares de aveia. Foram apresentadas variedades de aveia – preta e branca – desenvolvidas pela pesquisa nos últimos anos e que tem adaptação e posicionamento para as várias modalidades de utilização, seja pastejo, cobertura do solo e produção de grãos.

“Existem no mercado diversos materiais com potencial forrageiro superior aos mais antigos. Temos uma variedade lançada há mais de 20 anos e que continua sendo bastante procurada. É um material que ajudou muito, porém existem outras variedades com potencial superior tanto para produção de leite quanto para de carne ou ainda de grãos”, comenta o engenheiro agrônomo Edenei Swartz, do Detec da Coamo em Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná), coordenador da estação.

Nesta safra, foram plantados 500 mil hectares com aveia na área de ação da Coamo. A primeira finalidade é para o pastejo de animais, a segunda cobertura de solo e a terceira produção de sementes e grãos. Conforme Swartz, houve grande evolução de cultivares com mais produção de matéria seca e verde. “Na produção de leite e de carne, os novos materiais se destacam com praticamente mais de três mil quilos por hectares de matéria seca e as variedades mais antigas, produzem uma média de 2,5 mil quilos por hectare. O custo das sementes mais antigas pode ser menor, só que compensa investir um real ou dois reais a mais por quilo, pois a rentabilidade poderá ser duas vezes superior.”

Waltemberg Machado de Lima (Peabiru), Leandro Mansano Martines (Juranda), Edenei Swartz (Campo Mourão), Renato Roque Mariani Júnior (Manoel Ribas) e Tiago Ertel (Manoel Ribas)
Também foi apresentado aos cooperados um cálculo de viabilidade econômica, com base nos custos e preços praticados atualmente. A receita média com a produção de leite foi de R$ 2.595, com um custo médio de implantação por hectare de R$ 940, o que gera uma receita líquida de R$ 1.655. Já a receita média na produção de carne é de R$ 2.193. Tirando o custo de produção de R$ 940, há uma receita líquida de R$ 1.253. “De forma reduzida, para cada R$ 1 investido, temos R$ 2,76 de retorno com o leite. O mesmo cálculo segue para a produção de carne, onde para cada R$ 1 investido há R$ 2,33 de retorno. Se pensar o custo por hectare, pode impactar, mas quando se coloca a produtividade que esses materiais nos proporcionam, o retorno é muito maior do que se espera a campo”, analisa Swartz.

Conforme o pesquisador Alfredo do Nascimento Júnior, da Embrapa/Trigo, a variedade utilizada nestes mais de 20 anos mostrou as suas limitações em virtude da melhoria de outros materiais. “Os resultados do trabalho após várias amostras, análises de matéria seca e valor nutritivo evidenciaram o que nós já suspeitávamos: existe uma diversidade de aveia branca e preta que podem substituir os materiais mais antigos com custo pequeno que varia de R$ 20 a R$ 40 a mais por hectares, podendo ter rendimentos de R$ 900. São variedades mais tolerante à doenças, mais resistentes à nematóides, o que proporciona uma boa planta de cobertura, de pastagem ou para a produção de grãos.”

O pesquisador observa que a aveia se encaixa perfeitamente no sistema produtivo, sendo importante para a rotação de culturas. “De modo geral, a base da lavoura é soja e milho no verão, e trigo e milho safrinha no inverno. A aveia tem um sistema radicular mais agressivo e quebra o ciclo de muitas doenças. Pensando em cobertura, os novos materiais produzem mais palhada e auxilia no controle de ervas daninhas. Além disso, há alto rendimento para a alimentação animal. Então, não tem porque continuarmos com o nosso Fusquinha velho se temos disponíveis algumas Ferraris com um custo um pouquinho maior.”

PLANEJAMENTO, CONSTRUÇÃO E ELETRIFICAÇÃO DE CERCAS

Estação 6 - Planejamento, construção, manutenção e eletrificação de cercas. O objetivo foi responder todos os questionamentos referente a construção de cercas na propriedade

Clécio Jorge Hansen Mangolin (Goioerê), Fabiano Camargo (Campo Mourão) e Diones Adelino da Silva (Palmital)

As cercas fazem parte da maioria das propriedades rurais, seja para conter animais ou separar um espaço de lazer. Contudo, muitas vezes são construídas sem a devida técnica e por esta razão durante o Encontro de Inverno uma estação foi reservada para abordar o assunto. Com o tema Planejamento, construção, manutenção e eletrificação de cercas e sob a coordenação do médico veterinário, Clécio Mangolin, de Goioerê (Centro-Oeste do Paraná) foram apresentadas as cercas elétricas e definitivas.

A ideia, segundo Mangolin, é mostrar o que as vezes o cooperado já sabe, mas precisa aprimorar. “Durante nosso trabalho em campo, percebemos que existem muitas cercas erradas, o que pode gerar problemas, como não conter os animais. Assim, nosso intuito foi mostrar na prática, como fazer uma cerca de qualidade, principalmente nas cercas que são elétricas.”

Dessa forma, na prática foram simuladas situações cotidianas.” Montamos duas cercas, uma da forma correta e outra da forma tradicional que geralmente vemos no campo. Explicamos o porquê de cada material, elementos e porque deve se fazer daquela forma, comprovando na prática para os cooperados, a eficiência da cerca quando feita da forma correta”, explica.

O médico veterinário orienta também quanto à escolha da cerca. “Com a utilização da integração lavoura-pecuária, vem se utilizando cerca elétrica, ou mesmo nos piquetiamentos, em toda fazenda há uma cerca definitiva e os piquetes são feitos com cerca elétrica. Temos também, a cerca mista que alguns produtores fazem com cinco fios tradicionais e um dos fios eletrificado para evitar que o animal force a cerca ou fique muito perto. Nessa cerca será criada uma barreira psicológica no animal, onde ele mantém sempre uma certa distância, diminuindo o problema com acidentes de raios.”

Para completar o trabalho realizado no Encontro de Inverno, a equipe técnica fez um levantamento de material e mão de obra na região de Campo Mourão. “Hoje 1km de cerca definitiva, com seis fios de arame, lasca de seis em seis metros, dois Balancim, um esticador a cada Quinhentos metros, fica em torno de R$10.450. Já uma cerca elétrica, com mão de obra fica em torno de R$5.500, representa de 50% a 60% do valor de uma cerca definitiva.”

BOI GORDO NO INVERNO

Estação 7: Estratégias emergenciais e alimentação bovina para finalização de carcaça e desempenho animal no inverno com sal mineral x sal proteinado. Foi apresentada a tecnologia de alimentação de bovinos para terminação e acabamento com grãos inteiros de milho + ração peletizada

“É um dia de trabalho e uma grande satisfa- ção para nós estarmos do lado da pesquisa e dos técnicos da Coamo. São os detalhes que fazem a diferença e vemos na prática como uma nova tecnologia ou um sistema de manejo faz toda diferença. É um orgulho fazer parte dessa cooperativa que nos dá todo o suporte e respaldo para produzir cada vez mais.” Marcelo Uhren, de Roncador (Centro-Oeste do Paraná).

“É um dia de aprendizado e de trabalho oferecido pela Coamo. Aprendemos bastante e depois discutimos as ações que se encaixam na nossa realidade. O encontro nos ajuda a planejar a próxima safra, já que conhecemos várias tecnologias, principalmente relacionadas ao milho segunda safra, que é o foco na nossa região. Levo para casa bastante novidade.” Verner Tehlen, de Nova Santa Rosa (Oeste do Paraná).

“Estratégia emergencial de alimentação bovina para finalização de carcaça e desempenho animal no inverno com sal mineral x sal proteinado”, foi o tema de outra estação de pesquisa na Fazenda Experimental. O nome é extenso, mas a ação é simples e eficaz. Sob a coordenação do médico veterinário, Hérico Alexandre Rossetto, de Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná) os cooperados tiveram acesso a uma pesquisa que vem sendo realizada há três anos e apresenta resultados sólidos.

Segundo Rossetto, durante o evento abordou-se a viabilidade de utilização de cereais associado a uma ração peletizada para engorda de animais desde a recria até a terminação, ou na finalização de animais quando estão quase prontos para o abate. “Mostramos como é viável para o produtor realizar esse trabalho em bovinos sem a utilização de qualquer tipo de volumoso.”

O médico veterinário explica que há abundância de cereais no inverno, onde essa tecnologia era muito utilizada com grãos de milho, mas dependendo da época da oferta e do custo, o milho se torna inviável, pois encarece a dieta. “Mostramos ao produtor, a viabilidade da utilização de cereais de inverno, podendo utilizar aveia branca, aveia preta, triguilho, triticale, centeio e, assim por diante, em substituição ao milho, e tendo o mesmo desempenho com custo reduzido na dieta total. Dessa forma, se obtém quase 100% da busca da rentabilidade em qualquer sistema, ou seja, animais mais novos sendo recriados indo até a terminação ou animais sendo finalizados apenas para fechamento de carcaça”, explica Rossetto.

Outro aspecto abordamos na estação foi o decréscimo na qualidade das pastagens de outono e inverno. “Existe uma tecnologia muito básica, mas que, muitas vezes, o produtor não se atém a entendê-la da forma como deveria e a utiliza muito pouco. Durante todo o verão, ele utiliza um sal mineral adaptado para auxiliar os animais no verão, mas esse sal não é adequado para ser utilizado nos animais que estiverem consumindo uma pastagem em final de crescimento vegetativo ou até uma pastagem muito velha durante o período de outono e inverno.”

Rossetto indica para o outono e inverno a utilização de um sal acrescido de proteína. “Os bovinos precisam, que a dieta tenha no mínimo 7% de proteína. No inverno há um decréscimo muito grande desses níveis de proteína no pasto, indo para 5 a 3%, as vezes, o que faz com que o animal não aproveite aquele pasto que ele está se alimentando e perca peso. Quando adequamos a ingesta daquele volumoso pobre com o uso de sal proteinado, teremos o ajuste de uma dieta com níveis acima de 7% de proteína. Assim, o animal volta a ganhar peso.”

Hérico Alexandre Rossetto (Campo Mourão), Sandro Colaço Vaz (Engenheiro Beltrão), Adriano Regiani Pereira (Mamborê) e Cesar Augusto Pante Neto (Toledo)

ENCONTRO EM NÚMEROS

10 edições do Encontro de Inverno na Fazenda Experimental Mais de 1.000 participantes (cooperados, técnicos do Detec e pesquisadores)

04 Instituições de Pesquisa (Embrapa/Soja, Embrapa/Trigo, Iapar e Fundação Meridional)

35 empresas parceiras com demonstrações aos participantes.

Entre mais de 90 experimentos, foram escolhidas e apresentadas 07 estações aos cooperados e técnicos em 2015.

ESTAÇÕES APRESENTADAS

  1. Manejo de manchas foliares em trigo
  2. Cultivares de trigo
  3. Utilização de fungicidas em milho 2ª safra
  4. Resultados de 5 anos consórcio milho 2ª safra com brachiária
  5. Características, qualidade e alternativas de novas de cultivares de aveia
  6. Planejamento, construção, manutenção e eletrificação de cercas
  7. Estratégias emergenciais e alimentação bovina para finalização de carcaça e desempenho animal no inverno com sal mineral x sal proteinado
O engenheiro agrônomo Lucas Simas de Oliveira Moreira assumiu o cargo de chefe da Fazenda Experimental da Coamo após a aposentadoria do agrônomo Joaquim Mariano Costa. Lucas trabalha na cooperativa há 11 anos e atuava como supervisor da gerência de Assistência Técnica após ter trabalhado em várias Unidades.

É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Os artigos assinados ou citados não exprimem, necessariamente, a opinião do Jornal Coamo.