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Fernando Stopasol, de Manoel Ribas: “Sempre plantamos trigo, independente de mercado. É a nossa principal opção para rotação de culturas.” |
Não é por acaso que a região Centro-Norte do Paraná, onde estão concentrados alguns municípios da área de ação da Coamo, como Manoel Ribas, Ivaiporã, Cândido de Abreu, Faxinal, Cruzmaltina, Reserva e Marilândia do Sul, cultivam 29% do trigo produzido pelos cooperados, com uma capacidade de produtividade de 4,720 milhões de sacas, produzidas numa área de 92,3 mil hectares.
O clima favorável ao desenvolvimento e a própria cultura do produtor em cultivar trigo, além da contribuição para o sistema de produção das demais espécies exploradas na região, principalmente a soja no verão, são os maiores incentivadores para exploração do cereal.
Apesar da volatilidade do grão no mercado, ele é considerado um dos mais importantes produtos para a maioria dos agricultores, por conta do residual de palha e adubo, entre outros nutrientes oferecidos “gratuitamente” ao solo e as culturas subsequentes.
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Engenheiro agrônomo Andrei Henrique de Tomasi com o cooperado Fernando Stopasol |
Quem sabe bem dessa condição é o cooperado Fernando Stopasol, de Manoel Ribas, que sempre apostou no trigo não apenas pelo aspecto financeiro, mas também por conta do alicerce oferecido ao sistema produtivo. “Sempre plantamos trigo, independente de mercado. É a nossa principal opção para rotação de culturas aqui na região que sempre fez parte do nosso sistema. Temos dados comprovados de talhões onde a soja rendeu em média dez sacas a mais, quando semeada depois da retirada do trigo”, garante Stopasol, que trabalha em parceria com o pai e neste ano está cultivando 100 alqueires de trigo.
Lançando mão de alta tecnologia, o produtor colhe em média 180 sacas a cada safra e mesmo em anos adversos para cultura, lembra que não teve prejuízos. “Já empatamos, mas perder não. Quando isso acontece, ainda assim o resultado é bom, pois a soja ganha na sequência com o residual do cereal”, reforça o produtor, considerando que o trigo representa pelo menos 40% do orçamento anual da propriedade. “Com o lucro do trigo pago metade da despesa da soja, pelo menos. Então, é um bom negócio”, avalia.
O engenheiro agrônomo Andrei Henrique de Tomasi, do departamento de Assistência Técnica da Coamo em Manoel Ribas, reforça a tese de que a região favorece o desenvolvimento da cultura e ajuda na agregação de bons resultados. “Estamos numa região extremamente adaptada para o trigo e isso contribuiu muito para o sucesso dessa cultura que tem se comportado muito bem. Tivemos problemas com clima recentemente, mas a cultura se desenvolve bem por aqui com médias sempre superiores as 150 sacas, chegando a 180 sacas ou mais de média. Neste ano com o mercado em alta os produtores serão beneficiados se as produtividades se confirmarem, além de toda condição favorável para o sistema de produção que o cereal deixa como herança”, afirma.
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Campo de trigo no sítio Muraro, em Arapuã (região de Ivaiporã) |
Com ou sem lucro o trigo sempre foi valorizado também no sítio Muraro, de propriedade do cooperado Osmar Antonio Squizato, localizado na estrada Bem-te-vi, em Arapuã, município vizinho a Ivaiporã, também no Centro-Norte do Paraná.
Triticultor desde que chegou à região em 1989, quando migrou no Norte do Paraná, Squizato é outro que enxerga o trigo como a melhor opção para o inverno, já que o cultivo do milho ainda é arriscado por lá, por conta das baixas temperaturas registradas no período. “Para nós o trigo funciona muito bem como cobertura verde e quando o clima ajuda ainda rende um bom lucro, como deve acontecer neste ano”, observa.
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Osmar Squizato e o agrônomo Rafael Viscardi, da Coamo. Cenário positivo para o trigo |
Seguro, o cooperado que produz campo de sementes, lembra que só contabiliza o resultado quando o cereal está entregue no armazém da cooperativa. “Por ser uma cultura de risco não dá para contar com ele antes de entregar. Mas, no geral, nos dá bons resultados. Se acontecer de não conseguirmos boa produtividade, o residual deixado nos ajuda muito com a soja. Entretanto, já consegui fechar média de 186 sacas de trigo”, comemora Squizato, que neste ano quer fechar os 100 alqueires que está cultivando em pelo menos 160 sacas de média. “Estamos trabalhando para isso e, se Deus quiser, vamos ter lucro com o trigo e com a soja, no próximo plantio. Por enquanto não podemos reclamar”, diz o triticultor, que deve colher as primeiras áreas na metade do mês de setembro. Por enquanto ele segue de olho no céu, torcendo para que o clima continue contribuindo.
Na opinião do agrônomo Rafael Fernando Viscardi, a safra se desenha para ser uma das melhores já cultivadas na região, por conta das condições das lavouras e do mercado. “Se os preços continuarem nesses patamares acredito que será uma safra rentável. No geral as lavouras estão boas e a incidência de doenças foi menor que no ano passado. Esperamos fechar o ciclo do cereal com todo sucesso por aqui”, acrescenta.
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