Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 498 | Dezembro de 2019 | Campo Mourão - Paraná

DIVERSIFICAÇÃO

A cachoeira do empreendedorismo

Associado, Edvaldo Costa, de Faxinal (PR), em uma das atrações da propriedade: Cachoeira da Fonte, de 52 metros de altura

Quem chega ao sítio Santo Antônio, de propriedade do cooperado Edvaldo Costa, localizado no vale que corta a comunidade Bufadeira, no município de Faxinal (Centro Norte do Paraná), logo se encanta com a beleza da região, rodeada por uma paisagem que valoriza ainda mais o lugar. Da porteira já é possível ouvir o som da queda d’agua da Cachoeira da Fonte, de 52 metros de altura, uma das atrações da propriedade, visitada por milhares de pessoas ao longo do ano, principalmente depois que ele resolveu apostar num nicho de mercado que começa a ganhar força naquela região: o turismo rural.

Há três anos e meio residindo e explorando a propriedade, Costa lembra que foi incentivado por amigos e conhecidos a abrir trilhas que levassem até a cachoeira, esculpida pela natureza. “Logo que abrimos as trilhas, uma com cerca de 850 metros e outra com 350, os amigos começaram a vir e junto com eles os amigos dos amigos. O público foi aumentando, quando tivemos a ideia de explorar este mercado. Passamos a cobrar uma pequena taxa de entrada e oferecer café colonial, feito com produtos daqui do sítio como doces, geleias de tomate e morango, pão caseiro, leite, queijo e etc. E também almoço com cardápio variado, que vai desde um franguinho caipira até o porco na lata”, conta Costa, orgulhoso do empreendimento. “Hoje, além de consumir aqui, as pessoas compram os produtos e levam para casa”, comenta.

O sítio de apenas sete alqueires, é a principal fonte de renda e sustento de toda família, onde se produz leite, morangos e suinocultura em pequena escala, com 100% da produção absorvida pela atividade turística. Para dar conta do trabalho o cooperado conta com a ajuda da esposa, dona Silva Roque Silva, participante assídua dos cursos sociais da Coamo, dos filhos e até da sogra, num verdadeiro espírito de cooperação.

Café colonial servido pela família com produtos da própria propriedade Trabalho envolve toda a família, num verdadeiro espírito de cooperação

Os fins de semana e feriados são agitados na propriedade. Períodos de alto índice de visitação e muito trabalho para a família, que agradece o movimento dos turistas campestres. Até o final de 2018, desde que começaram a catalogar e computar o número de visitantes, mais de 2.000 pessoas haviam passado pela propriedade em busca de desfrutar da cachoeira e das guloseimas preparadas pelos Costa. Em 2019 foram mais de três mil visitantes presentes no paraíso da família. As visitas são previamente agendadas por telefone e são realizadas de todas as formas, individual, casal e, em grande parte, em grupos, sempre animados e deslumbrados com a atmosfera do lugar.

“No início não imaginava que esse lugar se tornaria tão atrativo para as pessoas, mas hoje estamos muito contentes e otimistas. Queremos melhorar, ampliar e fazer o negócio crescer a cada dia”, planeja Edivaldo, que já pensa em abandonar o trabalho de pedreiro na cidade, para se dedicar apenas ao novo negócio. “É tão bom que muita gente vem e volta uma, duas, três vezes ou mais”, comemora o empreendedor. Feliz com o progresso da atividade. “E tem gente que vem só para tomar café”, brinca.

Belezas naturais são as atrações na propriedade Por meio de trilhas no meio da mata, visitantes têm contato com a natureza

Café e renda

Associado Edvaldo Garbelini, de Ivaiporã (PR) é de família tradicional de cafeicultores

O aroma de café é sempre inconfundível e irresistível. A bebida faz parte da cultura dos brasileiros e é consumida diariamente. O café combina com quase tudo, inclusive, com produção e renda no campo. A região de Ivaiporã (Centro-Norte do Paraná) já foi uma grande produtora de café, mas as áreas foram ao longo dos anos perdendo espaço para outras lavouras como a soja, por exemplo. Contudo, muitas famílias ainda resistem e apostam na cafeicultura como opção para diversificar, ou mesmo como a principal cultura na propriedade.

Edvaldo Garbelini entrega toda a produção na Coamo. Ele diz que se sente orgulhoso de ver o produto industrializado e sendo consumido por milhares de pessoas

É o caso do associado Edvaldo Garbelini, morador na comunidade do Santa Barbara, região de Jacutinga, distrito de Ivaiporã e onde abriga a maior parte das lavouras de café. Ele é de família tradicional de cafeicultores e cresceu no meio das lavouras. Hoje, com 50 anos de idade, é o responsável pela continuidade do trabalho iniciado em 1962, pelo seu avô. “Ele [o avô] veio de Rancho Alegre [Norte do Paraná]. Em 1969, meu pai também se mudou para Ivaiporã. Eu estava com três meses de idade e posso dizer que fui criado no meio do café”, destaca.  

O associado revela que tudo o que conseguiram foi com a cultura. “Somos gratos ao café. Também plantamos um pouco de soja para ter uma renda a mais, mas não tenho a intensão de deixar o café. Pelo contrário, a ideia é investir sempre para que tenhamos boa produção e qualidade no produto”, pondera Garbelini.

Na propriedade existem cerca de 15 mil pés de café espalhamos em quatro alqueires. As plantas têm como características o ciclo de produção bianual, ou seja, em um ano produzem bem e no seguinte uma quantidade menor. De acordo com o cooperado, 2019 foi um ano de baixa produção. “Tradicionalmente, nos anos bons produzimos mais de mil sacas de café. Já em anos ruins, a produção cai até 70%”, revela. 

Ele revela que ao longo dos anos as lavouras foram diminuindo devido aos preços, falta de mão de obra e geadas, que erradicaram muitas áreas. “Ficaram as famílias tradicionais, àquelas que gostam e que fazem questão de manter o café”, frisa. De acordo com ele, toda a produção é entregue na Coamo e se sente orgulhoso em ver o produto industrializado sendo consumido por milhares de pessoas. “É uma sensação muito boa. Produzir uma bebida admirada e faz parte da família brasileira.”

Conforme o engenheiro agrônomo Danilo Prevedel Capristo, da Coamo em Ivaiporã, a região de Jacutinga é onde se concentra a maior parte das lavouras de café. Ele revela que são estimados cerca de 200 alqueires com a cultura. “As famílias que ainda resistem estão sempre buscando novas tecnologias e alguns deles dependem exclusivamente da cultura como fonte de renda. Eles não abrem mão de lavouras produtivas e de produzirem café com qualidade.”

Na propriedade existem cerca de 15 mil pés de café espalhados em quatro alqueires
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