Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 507 | Outubro de 2020 | Campo Mourão - Paraná

PLANTIO DE VERÃO

NASCE UMA NOVA SAFRA

Márcio Rogério da Silva, de Boa Esperança (PR), diz que o plantio sempre foi realizado com cautela, acompanhando as previsões climáticas e as condições de umidade

A cena mais comum no campo neste momento são máquinas riscando o solo na semeadura da safra de verão. Os cooperados não perdem tempo neste trabalho, considerado mais da metade do sucesso da lavoura. O ritmo é ditado pelo clima e pelas características de cada variedade e região. São dias de muito trabalho para garantir um bom início na fase mais importante de produção no meio rural. É quando se coloca em prática todo o planejamento, respeitando um conjunto de ações necessárias para o bom estabelecimento e desenvolvimento da lavoura.

Márcio Rogério da Silva, cooperado em Boa Esperança (Centro-Oeste do Paraná), entende que uma boa safra começa antes mesmo do plantio, com o manejo adequado do solo. Ele fez dessecação antecipada em 70% da área, logo após a colheita do milho segunda safra. O trabalho foi importante para eliminação da buva e deixou a área limpa para semear a nova safra. “Tivemos a felicidade de ter pancadas de chuva na área que estava preparada, e entramos com o plantio. Fechamos uns 30% da área na primeira etapa e no início de outubro já tínhamos soja emergindo”, comenta.

O plantio nas áreas do cooperado foi realizado com cautela, sempre acompanhando as previsões climáticas. “Plantamos somente onde havia umidade ou perto de uma boa previsão de chuva. O resultado positivo da safra depende de um bom início. Não podemos errar nesse momento tão importante”, comenta.

Com alto investimento nos insumos e nos tratos culturais, o cooperado espera uma grande safra, assim como foi a passada. “Fazemos altos investimentos e pedimos para que Deus mande um bom ano para que possamos produzir bem. Na safra 2019/2020 fechamos com 191 sacas de média de soja. O clima também foi irregular, com pouca chuva no início, mas que se normalizou durante o desenvolvimento da lavoura. Esperamos que o mesmo ocorra nesta que estamos iniciando”, destaca.

Conforme o cooperado, as incertezas com o clima não mudam o planejamento. Ele conta que não gosta de antecipar muito o plantio da soja. “Se fizermos isso, podemos até ter perdas de produção. Plantando dentro do mês de outubro está bom e, assim, podemos plantar a segunda safra de milho em fevereiro.

Engenheiro agrônomo, Luiz Eduardo de Oliveira, acompanha desenvolvimento da nova safra com o cooperado Márcio Rogério da Silva, em Boa Esperança (PR)

Fica dentro do esperado. Não adianta apavorar e plantar a soja sem que a terra esteja com umidade. Não compensa fazer loucura por causa do milho”, diz.

O engenheiro agrônomo, Luiz Eduardo de Oliveira, da Coamo em Boa Esperança, revela que as chuvas de final de setembro foram mal distribuídas. “Tivemos algumas áreas que choveu bem e em outras nada. Há uma grande ansiedade para o início do plantio. Porém, orientamos os cooperados para que semeiem a safra somente nas áreas com umidade no solo.” Ele recorda que no ano passado o clima estava parecido, com falta de chuva no início do plantio, e alguns cooperados que plantaram sem umidade correta foram obrigados a refazer o plantio. “A vontade é grande de ver a soja nascendo, mas é preciso muito cuidado porque o custo é elevado. Se errar, tem outra questão que é a escassez de sementes no mercado e o cooperado pode não encontrar a cultivar de sua preferência.”

Segundo Oliveira, quem conseguiu fazer manejo da área logo que tirou o milho segunda safra saiu na frente para o plantio. Ele destaca ainda que, nesta safra, os pré-emergentes foram importantes para um bom manejo da área. “Essas práticas deixaram os cooperados mais tranquilos. As buvas estão, cada vez mais, resistentes e o cooperado que deixou para dessecar muito perto do plantio, não conseguiu aproveitar a umidade de solo para semear a safra.”

De acordo com o agrônomo, a palavra mais adequada para este início de safra é cautela. “É preciso esperar o momento certo de plantar. O cooperado deve acompanhar o clima e as condições do solo antes de tomar a decisão. O resultado de uma safra está em um plantio bem feito e qualquer erro agora poderá ter consequências lá na frente.”

MÁQUINAS NO CAMPO E OLHOS NA COMERCIALIZAÇÃO

A safra 2020/2021 de soja ainda está sendo plantada, mas a comercialização está aquecida, com cerca de 37% da previsão de recebimento comercializada pelos cooperados. Em 2019, eram 36%. “O diferencial está nos preços praticados em comparação ao ano passado”, comenta Fernando Domingues Bosqueiro, gerente Comercial de Produtos Agrícola da Coamo.

Ele explica que o preço da soja está sendo impactado por três situações. A primeira delas é a forte demanda chinesa por soja para alimentar o rebanho de suínos que está sendo recomposto após a peste suína. Outro ponto é o câmbio desvalorizado causado pela pandemia e suas consequências econômicas. O terceiro ponto é a forte demanda por óleo de soja para biodiesel e quebra de safra no Rio Grande do Sul.

Bosqueiro ressalta que o mundo está vivendo tempos turbulentos, com alta de preços internacionais e câmbio desvalorizado favorecendo a exportação. De acordo com ele, a produtividade foi recorde e a demanda está aquecida, uma combinação rara de fatores positivos para o agricultor. “Há que aproveitar para travar os ganhos. Não tem como dar errado. Sempre falamos que é difícil acertar o máximo, e que aproveitar as altas para vender é a melhor estratégia para fazer uma boa média”, diz.

Em relação aos possíveis riscos em comercializar antecipadamente a safra, Bosqueiro destaca que se o cooperado fizer o contrato com a Coamo, a cooperativa vai honrar e isso dá segurança. Ele recomenda que o cooperado preserve uma parcela da produção para comercializar depois, pois a produtividade é ainda uma incerteza. “Limitamos os contratos a 100 sacas por alqueire, no máximo, justamente para preservar o cooperado”, frisa.

Plantio ditado pelo clima

Em Juranda (PR), o cooperado Iolando Alves de Souza, aproveitou as chuvas de final de setembro para dar largada no plantio da soja

Em Juranda (Centro-Oeste do Paraná), o cooperado Iolando Alves de Souza, também aproveitou as chuvas de final de setembro para dar largada no plantio da soja. Ele conta que a expectativa é boa com a nova safra e que o investimento vem sendo alto, na expectativa por bons resultados. “Estamos fazendo tudo que está no nosso alcance e esperamos que o clima nos ajude”, diz.

O início do plantio, segundo o cooperado, começou atrasado em pelos menos 20 dias em comparação aos anos anteriores. Porém, ele lembra que na safra passada também ocorreu atraso com a soja, que foi semeada no dia 21 de setembro. “Prefiro plantar a soja mais antecipada para cultivar o milho segunda safra mais cedo e tentar escapar de possíveis geadas”, assinala.

Na safra passada a média na propriedade do cooperado oscilou de 170 a 176 sacas. “Foi uma produção boa e esperamos o mesmo para esta safra. O clima também foi irregular. Esse ano tem tudo para dar certo. Vamos ter uma boa produção porque Deus não deixa a gente na mão, ele nos ajuda sempre.”

De acordo com o cooperado, a safra 2020/2021 está tendo um incremento em adubação e terá mais investimento nos defensivos agrícolas. “Seguimos as recomendações técnicas corretamente e tem valido a pena. Esperamos que as lavouras possam corresponder. As plantas mais nutridas suportam por mais tempo a falta de água e tem potencial de produzir mais, mesmo que o clima não seja favorável”, comenta Souza que sempre trabalhou no campo e sabe das incertezas e oscilações de clima. “Sabemos que um ano não é igual ao outro. Estamos acostumados com isso. Contudo, não podemos perder a esperança e torcemos para que no final tenhamos uma boa produção”, assinala.

O engenheiro agrônomo Getúlio Adriano Espindola Filho, da Coamo em Juranda, revela que as chuvas neste início de plantio foram irregulares e os cooperados aproveitaram os locais com umidade para dar largada ao plantio. “A safra está tendo mais investimento, motivado pelo bom ano para os cooperados. Em comparação a sacas por alqueire, ficou menor do que em anos anteriores”, comenta.

Ele orienta para que os cooperados sigam as recomendações técnicas e caprichem no plantio. “São ações importantes nesse momento de início de safra. Os cuidados devem ser redobrados com o clima menos favorável. Isso tudo para que as lavouras possam se desenvolver e proporcionar o resultado esperado.”

Engenheiro agrônomo Getúlio Adriano Espindola Filho, revela que as chuvas neste início de plantio foram irregulares e os cooperados aproveitaram os locais com umidade para dar largada ao plantio

Chuvas no Paraná

O Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab) divulgou no início de outubro um relatório que analisa as precipitações pluviométricas do terceiro trimestre de 2020. A escassez de chuva vem desde junho de 2019. Em setembro de 2020, as temperaturas estiveram acima do normal em todas as regiões do Paraná, atingindo 4,3 graus acima da média em algumas localidades. Portanto, além da estiagem prolongada, o Estado registrou temperaturas acima da média para a época do ano e, acompanhada pela incidência de mais ventos, as umidades do solo e do ar ficam muito baixas.

O relatório divulgado analisa as precipitações pluviométricas do terceiro trimestre de 2020, abrangendo praticamente todo o inverno.

Em julho de 2020, em todas as regiões, o volume de chuva foi muito inferior à média histórica. O mês de agosto foi totalmente diferente e o volume de chuvas foi maior. Geralmente, esse é um período em que as precipitações pluviométricas são baixas. Em setembro, a escassez de chuvas voltou com mais força. Na região Noroeste, o volume de chuva atingiu apenas 6% do total registrado na série histórica. Na região Norte, choveu somente 14% do que normalmente choveria nesse mês, e na região Oeste, 16%.

Por mais que o mês de outubro de 2020 tenha começado com chuvas em vários municípios do Estado, a estiagem continua. Os volumes registrados até agora foram irregulares. Na região Centro-Sul, por exemplo, choveu de 4 a 5 mm, em apenas duas das oito estações meteorológicas existentes na região.

Apenas a região Sul registrou chuvas em praticamente em todas as estações meteorológicas, mas os volumes foram superiores a 40 mm somente nas proximidades de Laranjeiras do Sul, Pinhão, Candói, Guarapuava e Castro. Nas demais, o volume foi bem menor.

Nas regiões Oeste, Centro-Oeste, Noroeste e Norte praticamente não choveu nos seis primeiros dias de outubro, pois os registros não chegaram a 1 mm em algumas estações meteorológicas.

Fonte: Seab/Deral

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