Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 446 | Abril de 2015 | Campo Mourão - Paraná

Ponto de vista

30 ANOS CONSTRUINDO ECOSSISTEMA DE PRODUÇÃO RURAL

Celso de Almeida Gaudêncio, Engenheiro Agrônomo com experiência em sistema de produção rural

A comunidade técnica presente no 27º Encontro de Cooperados na Fazenda Experimental da Coamo foi de efusivas manifestações no dia 06 de fevereiro de 2015, quando se noticiou e mostrou no campo tamanho feito. Destaca-se nessa contribuição em cooperação técnica Coamo/Embrapa, o trabalho com esmero de Joaquim Mariano da Costa e de Ademir Antônio Semionatto, ambos da Coamo, que participaram em todas as fases na condução do ensaio, desde a implantação das espécies vegetais até a interpretação dos resultados.

O presidente da Coamo e Diretoria homenagearam um pesquisador em nome de toda a equipe, que nesse período conduziu e continuará conduzindo a pesquisa de alcance agronômico e ambiental. O que valoriza e estimula ainda mais o trabalho, vindo da Coamo a mais importante Cooperativa do Brasil.

A chamada rotação de culturas, objetiva criar sistemas no qual espécie vegetal antecessora atue positivamente na cultura sucessora. Mas, quando conduzidas por longo período substitui o ambiente original evoluindo em essências nos ecossistemas rurais, mais produtivos e com contribuição ambiental ampliada, pelo maior aproveitamento energético no processo fotossintético. É o que se chama em produzir preservando.

As sequências de espécies vegetais formadoras a longo do tempo dos ecossistemas rurais, apresentou efeitos diversos, entre os quais: aumentando agregação do solo, evitando o adensamento, aumentando o armazenamento de água, o aprofundamento das raízes, a eficiência das adubações, a reciclagem de nutrientes e a prevenção da erosão. Pelo aporte de material orgânico de qualidade, aumenta a capacidade de troca catiônica transformando os solos de baixa produtividade em altamente produtivos.

São inúmeros os efeitos da rotação pela ação dos fortes agentes biológicos das espécies comerciais e de cobertura verde do solo, efeitos que se complementam em sinergismo e não acontece na monocultura ou no monocultivo. Muitos desses efeitos foram demonstrados no referido ensaio, onde se destacam pontos importantes para o planejamento dos sistemas.

No inverno, não se deve repetir uma mesma espécie vegetal por mais de dois anos e deixar igualmente sem cultivo de uma mesma espécie de no mínimo dois anos. Aveia preta, embora uma espécie anual, constitui num forte agente biológico para anteceder tanto o milho como a soja. Resultados de outros experimentos indicam que as brachiarias podem substituir a aveia preta, quando cultivadas em consórcio com milho antecedendo a soja, numa enorme abrangência geográfica. Pode-se vislumbrar para uma agricultura avançada no uso do guandu em consórcio com o milho obedecendo a sequência aveia/milho+guandu e trigo/soja a cada 15 anos. Usando assim, o sistema de cinco anos recomendado, para transformar os solos nos mais produtivos do mundo. O guandu foi escolhido pelo potencial forrageiro, pode ser substituído por outra leguminosa semiperene, desde que não apresente problema de nematoides.

Ressalta-se, que a rotação de espécies vegetais, deve ser antecedida pelas demais tecnologias, para alcançar efeitos em plenitude, numa determinada área rural. Nesse caso, as cultivares produtoras de grãos atingem seu potencial produtivo e a máxima eficiência econômica.

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