Irmãos Joel e José Francisco são tradicionais triticultores em Manoel Ribas

Além da parte econômica, o trigo tem papel fundamental para o sistema produtivo. Pensando nisso a família Ghizoni, de Manoel Ribas (Centro-Norte do Paraná), não passa um ano sequer sem a cultura. São cerca de 100 alqueires destinados para o cereal que já está todo semeado. A expectativa agora se volta para o clima, cuidados com os tratos culturais e para o mercado.

A propriedade da família Ghizoni fica na comunidade Alto Lageado, divisa com Ivaiporã. De acordo com José Francisco, que cuida das atividades em parceria com o irmão Joel, o trigo se encaixa perfeitamente ao sistema de rotação de culturas. Ele explica que parte do investimento no inverno permanece no solo após a colheita e é reabsorvido pela cultura seguinte, no caso a soja.

Os irmãos vêm conseguindo médias entre 130 e 140 sacas por alqueire. “São boas médias. Utilizamos sempre uma boa tecnologia esperando retorno do investimento. É uma aposta que fazemos pensando em lucratividade, é claro, mas também em todo o sistema de produção implantado na propriedade e que passa por um bom manejo no inverno”, comenta Francisco.

Segundo o engenheiro agrônomo Robson Noriaki Amano, do Departamento Técnico da Coamo em Manoel Ribas, a região tem por tradição plantar trigo. Ele ressalta que as lavouras são implantadas com alta tecnologia e o objetivo dos cooperados é ter uma segunda renda na agricultura durante o ano. “A assistência técnica da Coamo trabalha em parceria para que o trigo seja bem implantado e conduzido da melhor maneira possível. Isso para que possam ter uma renda a mais durante o ano”, destaca.

Nas últimas safras, a cultura do trigo vinha recuperando espaço na preferência dos associados da Coamo. Contudo, neste ano o cenário se mostra diferente. “Um dos fatores que leva o produtor a plantar trigo é o mercado. É uma cultura de risco e se os preços não estiverem bons os cooperados não se animam. Por outro lado, temos regiões como o Centro e Sul do Paraná, por exemplo, que são tradicionais produtoras de trigo até mesmo por falta de opção para a safra de inverno”, comenta o gerente de Assistência Técnica da Coamo, Marcelo Sumiya.

Ainda não há dados concretos sobre a área para essa safra, mas o cenário mostra que deverá ter queda de plantio. No ano passado, foram cultivados 421,1 mil hectares com o cereal na área de ação da Coamo. “Há uma tendência de queda, mas ainda não podemos dizer o quanto até mesmo porque o plantio ainda está iniciando”, diz Sumiya.