Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 446 | Abril de 2015 | Campo Mourão - Paraná

Pecuária

PARANÁ PREPARA A ÚLTIMA VACINAÇÃO CONTRA A AFTOSA

O Paraná se prepara para a última campanha de vacinação contra a febre aftosa, que será realizada durante o mês de maio. O Estado iniciou o processo para, em 2016, ser reconhecido pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) como área livre da doença, sem a vacina.

Livre da doença há dez anos, o Paraná será o segundo Estado brasileiro – atrás apenas de Santa Catarina – a manter a febre aftosa erradicada nos rebanhos de bovinos e bubalinos, o que permite a abertura de mercados mais atraentes para a exportação de carnes bovina e suína, como os Estados Unidos, o Japão e a Coreia do Sul.

As Lojas Veterinárias da Coamo estão preparadas para atender os cooperados na aquisição das vacinas

O processo seguirá conforme o calendário dos órgãos internacionais. De acordo com as normas da OIE, o pleito para que uma determinada área seja decretada livre de uma doença, sem vacinação, é feito 12 meses após a retirada do processo de imunização.

O Paraná já cumpriu quase todos os requisitos necessários aos processos para o reconhecimento, faltando apenas a reestruturação física de postos de fiscalização nos limites com São Paulo e Mato Grosso do Sul e a nomeação de servidores concursados para reforçar a Agência de Defesa Agropecuária (Adapar), executora do processo.

No dia 31 de março, a Secretaria da Agricultura e Abastecimento reuniu os representantes do Conselho Estadual de Sanidade Animal (Conesa) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para apresentar as ações do Estado visando conseguir o status de área livre de febre aftosa, sem vacinação.

Já foram iniciadas a construção e as reformas de postos de fiscalização, com a colaboração da iniciativa privada, que será beneficiada diretamente com o processo. Outros cinco postos já existentes serão adequados e as fiscalizações volantes, que monitoram o trânsito de animais e produtos de origem animal em todo Estado, serão reforçadas. O Estado também se comprometeu em autorizar a nomeação de 169 novos servidores para reforçar os quadros de fiscalização da Adapar, já no início de maio.

“O Governo do Estado tem dado todo o respaldo para atingirmos esse status, com o entendimento da relevância de dar esse importante passo, que trará um grande impacto para a economia do Estado”, afirmou o secretário da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara.

Vacinação ocorrerá durante o mês de maio

Previsão é de vacinar cerca de quatro milhões de cabeças de gado e búfalos com até 24 meses de idade.

O Paraná é, hoje, o principal produtor de aves, o terceiro de suínos e nono produtor de bovinos no País. Estes rebanhos geraram, ano passado, receitas de US$ 2,36 bilhões, US$ 132 milhões e US$ 110 milhões, respectivamente.

AVEIA E AZEVÉM, OPÇÃO PARA O OUTONO

O outono chegou. É o período propício para que o produtor rural faça o plantio da pastagem anual de inverno. Normalmente, a opção é o consórcio da aveia com o azevém, duas espécies que casam bem. “A aveia é utilizada em um primeiro momento pelos animais e o azevém complementa depois, com o arranque ou o crescimento vegetativo mais lento. Assim, o azevém supri da metade para o final do inverno a suplementação alimentar dos animais”, é o que afirma o médico veterinário do departamento Técnico de Campo Mourão, Hérico Alexandre Rosseto.

Rosseto indica ao cooperado que o primeiro passo está na escolha de semente certificada e definição do ciclo. “Indicamos que o produtor trabalhe com sementes idôneas quanto a qualidade de germinação. O vigor é muito importante, porque de acordo com a espécie é preconizada uma quantidade de sementes por hectare. Quem utilizará uma aveia de ciclo curto e comum, de 85 a 90 dias, trabalha com 60 kg de sementes por hectare, e associando ao azevém comum de ciclo curto, utilizará 30kg”, considera.

SEMEADEIRA REGULADA

Outro aspecto preconizado aos produtores é para que tenham uma boa germinação e arranque destas pastagens. “A orientação é para que o cooperado trabalhe com uma regulagem muito bem feita da semeadeira e em especial quanto a profundidade do plantio da aveia e azevém. A aveia pode ser plantada com profundidade de 1,5 a 3 cm, já o azevém, é ideal que o produtor não passe da profundidade de 8 cm. Quando ele realizar o plantio, a regulagem será muito importante no quesito profundidade. Isso pode impactar a quantidade de plantas por metro quadrado. Se ele errar na profundidade de plantio, a aveia nascerá com bastante vigor e o azevém sem a quantidade correta”, explica Hérico Rosseto.

Como consequência de uma má regulagem, também pode-se afetar o pastejo. “Os animais farão três pastejos nesta aveia, que levarão em torno de 75 a 80 dias. Após o último pastejo da aveia quem toma conta da área é o azevém. Se não estiver bem plantado, com o estande mais ralo, a quantidade de animais que estava sendo suportada na área, não será mais suportada pelo azevém”, alerta.

CUIDADO COM O REBANHO

Quanto ao controle sanitário, o veterinário também ressalta a importância dos cuidados. “Nesta área, há um teor muito alto de energia e pode ter uma produção exacerbada de alguns ácidos que chamamos de ácidos graxos voláteis a nível de rumem. Estes ácidos graxos podem fazer com que haja um aumento da perfusão intestinal dos animais, apresentando diarreia, fazendo com que fique propício o ambiente intestinal para a multiplicação de algumas bactérias que são indesejáveis.”

A recomendação técnica é para que os animais sejam vacinados. “No mínimo 30 dias antes de adentrar com os animais à área de aveia e azevém é preciso fazer uma premonição profilática da vacina contra a pasteurelose e clostridiose. Se ele tiver feito a vacina contra as clostridioses (vacina de carbúnculo) há menos de um ano, não precisará ser feita agora. Mas, se passou mais de um ano, a recomendação é para que ele refaça em 30 dias antes de adentrar ao pastejo. Quanto a da pasteurella é obrigatória, independente de tempo. A multiplicação dessas bactérias no intestino podem produzir uma grande quantidade de toxinas e o produtor pode ter a perca por mortalidade de alguns animais no seu plantel.”

PASTO PREPARADO

O ideal ainda é que o produtor rural trabalhe com adubação de base especial, com no mínimo 8% de nitrogênio, o que segundo Hérico Rosseto, fará com que haja um bom arranque da aveia. “Fazendo uma boa adubação, a aveia nascerá com quatro perfilhas, recomendamos então, que ele faça a primeira manutenção já de nitrogênio com 50 kg por hectare.” Após o terceiro pastejo da aveia terá o arranque do azevém, este tomará conta da área. “Neste momento, deve-se aplicar pela segunda vez o nitrogênio, para que o azevém venha com bastante vigor, perfilhe bastante e dê a quantidade de massa certa para suprir a lotação que o produtor está almejando.” Ainda segundo Rosseto,numa área muito bem manejada de aveia e azevém, é possível colocar até 1200 kg de animais por hectare. “Assim, pode-se produzir uma quantidade grande de carne e ter uma rentabilidade muito alta. Sem contar, que também dá para utilizar essa área para as vacas em produção de leite, conseguindo tirar dessa pastagem de 80 a 90% do fornecimento de energia para seus animais.”

CONSERVAR O SOLO É GARANTIR O FUTURO

O Dia Nacional da Conservação do Solo é comemorado anualmente no Brasil, sempre no dia 15 de abril. A instalação é resultado da aprovação em 13 de novembro de 1989 da Lei Federal 7.876.

Joaquim Montans, José Aroldo Gallassini, Antonio Álvaro Massareto e Ricardo Accioly Calderari

A conservação e proteção do solo deve ser uma missão de todos os agricultores do nosso país, que tiram dele o sustento para si e familiares, e produzem alimentos para o Brasil e o mundo.

Nas regiões da Coamo, os agricultores associados vêm fazendo a sua parte e participando do processo evolutivo nos trabalhos de conscientização com a utilização de ferramentas que tornaram possível ao longo dos anos o uso de tecnologias para a melhoria dos sistemas de plantio e cuidados com o solo.  “Conscientizar os produtores, no início, principalmente na década de 70, na região de Campo Mourão, de que o controle da erosão era o único futuro para a agricultura não foi tarefa fácil. Felizmente, conseguimos aos poucos introduzir as técnicas de conservação do solo e plantio direto, as quais, literalmente, foram a salvação da lavoura”, lembra o engenheiro agrônomo José Aroldo Gallassini, diretor presidente da Coamo.

Campo Mourão sediou em 04 de setembro de 1976, na Praça Bento Munhoz da Rocha Netto - conhecida como a “Praça do Fórum”, o lançamento do Plano Nacional de Conservação de Solos (PNCS). No local está exposto um monumento alusivo à conservação de solos.

PIONEIROS

Entre essas ferramentas para conservar o solo está o plantio direto. Campo Mourão foi o segundo município do Brasil a implantar o sistema. Com o pioneirismo dos agricultores Joaquim Peres Montans, Antonio Álvaro Massareto e Ricardo Accioly Calderari, Gabriel Borsato e Henrique Gustavo Salonski (in memorian), – cooperados da Coamo, o sistema de Plantio Direto completou em 2013, 40 anos de implantação na região Centro-Oeste do Paraná.

Quem comemora o sucesso da agricultura com o advento do Plantio Direto é o engenheiro agrônomo Ricardo Accioly Calderari, diretor-secretário da Coamo. “O progresso foi tão grande nos últimos 42 anos que os novos agricultores nem imaginam como eram os solos e a agricultura lá na década de 70”, diz. Calderari lembra que os agricultores na época, tinham duas grandes preocupações: precisavam de chuva, mas quando chovia, às vezes nem precisava ser muito forte, para que as terras fossem literalmente ‘lavadas’ e tudo se perdia, a lavoura e o solo. “Se existe agricultura hoje é porque existe o plantio direto”, conta.

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