Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 493 | Julho de 2019 | Campo Mourão - Paraná

ENTREVISTA

"Onde há plantações e tem agronegócio acontecendo normalmente são áreas conservadas."


Márcio Nunes: "O Paraná é o maior produtor do mundo por metro quadrado, somos o celeiro do mundo."

"É possível proteger o meio ambiente, combater desmatamento e ao mesmo tempo ter um crescimento socioeconômico." A frase é do secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná, Márcio Nunes, entrevistado do mês na Revista Coamo.

Natural de Campo Mourão, Márcio Fernando Nunes é engenheiro agrônomo e produtor rural. Foi vice-prefeito e secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente de Campo Mourão, na gestão 1996/2000. Também foi chefe regional da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento na região Noroeste e diretor administrativo e financeiro do Emater/ PR. Em janeiro de 2011, Márcio Nunes assumiu a presidência do Instituto das Águas do Paraná. Foi eleito deputado estadual em 2014 e reeleito em 2018, quando se licenciou do cargo para assumir a Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo na gestão do governador Carlos Massa Ratinho Junior.




Revista Coamo: Como aceitou o desafio para coordenar a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos?

Márcio Nunes: Estou muito feliz em estar como secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo é um grande desafio. Desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades. Além das atribuições da secretaria fazem parte da pasta a Agência Paraná Desenvolvimento, que é a porta de entrada de investidores para o Estado; a Paraná Turismo, que desenvolve o turismo de forma economicamente sustentável, gerando empregos, renda por meio de ações que promovam o Estado do Paraná; e o Simepar, que são os satélites de monitoramento meteorológico, hidrológico e ambiental. Aceitei esse grande desafio com muita satisfação. Mas queremos transformar o Paraná no Estado que mais se desenvolve e mais cuida do meio ambiente.



RC: Como pretende desenvolver o seu trabalho nesta pasta? Quais os planos de governo?

Nunes: O objetivo dessa gestão é trazer o equilíbrio para a área. Uma das exigências do Governador é agilizar os processos de licenciamento ambiental. Trazer rapidez e simplificar os processos com embasamento jurídico. Com isso alavancar o crescimento e desenvolvimento do Paraná. A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (SEDEST) tem por finalidade formular, coordenar, executar e desenvolver e restauração do poatrimônio natual de proteção, conservação e restauração do patrimônio natural, de gerenciamento e recursos hídricos, saneamento ambiental, gestão territorial, política agrária, fundiária, mineral e geológica e a implantação de política de turismo, visando o desenvolvimento sustentável do Estado do Paraná.



RC: Qual a política ambiental do Paraná?

Nunes: O objetivo dessa gestão é facilitar o desenvolvimento do setor industrial por meio  da adequação das regras e agilidade nos licenciamentos ambientais. É possível proteger o meio ambiente, combater desmatamento e, ao mesmo tempo, ter um crescimento socioeconômico. Além disso estamos trabalhando forte com o Turismo. É o momento do turismo no Estado, e essa é uma grande mola para o desenvolvimento pois gera emprego e renda aos municípios.



RC: Com relação ao agronegócio, como avalia o impacto deste segmento no meio ambiente?

Nunes: Onde há plantações e tem agronegócio acontecendo normalmente são áreas conservadas. Importante usar as novas tecnologias para que se tenha um desenvolvimento que visem à sustentabilidade e a conservação da natureza.



RC: O Paraná é berço da conservação de solos. Como avalia esse trabalho realizado pelos agricultores?

Nunes: Hoje o Paraná é o estado que talvez tenha o solo mais bem conservado, os produtores rurais absorveram muito bem esse conceito, tanto é que quase todas as beiras de rios e nossas minas estão bem conservadas, mas é  um programa que o Paraná tem que trabalhar com muita força, por conta da nossa alta produtividade. Temos que ser o Estado que mais conserva e recupera, provando que é possível um equilíbrio entre produção e conservação.



RC: Recentemente saiu uma pesquisa da FAO/ONU em que o Brasil aparece como 44ª na lista dos países que utilizam defensivos agrícolas. Está atrás de países menores e que produzem muito menos. A que atribui essa posição do Brasil? Pode-se dizer que os agricultores brasileiros produzem alimentos com qualidade sem impactar negativamente no meio ambiente?

Nunes: O Paraná é o maior produtor do mundo por metro quadrado, somos o celeiro do mundo. Temos um cuidado muito grande na utilização de defensivos, somos os pioneiros na devolução de embalagens de fertilizantes no Brasil, com um programa bem desenvolvido que envolve produtores, comerciantes, fabricantes e distribuidores comandados pelo o Inpev, onde o Paraná é exemplo com o controle na utilização de defensivos. Nós temos um trabalho grande desenvolvido pelas empresas, cooperativas, Emater e IAP, que fazem o controle qualificado para que o Paraná possa fazer o uso correto de agroquímicos.



RC: Qual a opinião do Secretário sobre essa campanha permanente contra os defensivos agrícolas, onde agricultores e agrônomos têm sido equiparados a criminosos, sendo denunciados criminalmente simplesmente por usar ou recomendar esses defensivos. E qual sua opinião sobre as leis municipais que estão sendo promulgadas em vários municípios do Paraná restringindo a aplicação dos defensivos a distâncias de até 300 metros de áreas urbanas, sem qualquer critério técnico ou ambiental?

Nunes: Para formar alguém em alguma área de engenharia ligada ao agronegócio existe a questão da responsabilidade técnica. Eu acredito muito na ART dos agrônomos e temos que ter critérios muito claros, não nos permitindo analisar algumas coisas de forma isolada, como proibir a utilização de qualquer agroquímico em uma faixa de 300 metros. A aplicação tem que ser feita com consciência, sem prejudicar locais e pessoas, não deixando que aquele espaço que não se pode aplicar vire um lixão ou um terreno com mato alto, e posteriormente, vire um problema para todos.



Márcio Nunes, secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná

RC: A Coamo constantemente realiza treinamentos junto aos seus associados sobre boas práticas agrícolas. Como avalia o impacto desse trabalho, uma vez que, a cooperativa está presente em três Estados, atuando com mais de 28 mil associados?

Nunes: A Coamo tem sido referência e serve de exemplo para todas as áreas, não só atendendo os produtores rurais como as famílias também, possibilitando a permanência deles nas terras e tirando a necessidade de migrarem para grandes cidades, aumentando a população e passando dificuldades.  A Coamo faz muito bem esse papel de assistir a família rural.

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