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Hugo Zampieri Sobrinho, cooperado da Coamo em Mariluz, vem apostando no plantio de soja como forma de reformar a pastagem e melhorar o sistema produtivo na propriedade |
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Área cultivada com soja no verão recebeu forrageiras para alimentar o gado no outono e inverno |
A Fazenda Araguari está situada no Noroeste do Paraná onde o solo é arenoso e fraco, denominado Arenito Caiuá. A pecuária extensiva ainda predomina na região. Contudo, essa não é a realidade da propriedade do agropecuarista Hugo Zampieri Sobrinho, cooperado da Coamo em Mariluz. Até pouco tempo, a área do associado, que fica no município de Umuarama, também era dominada pela pecuária, mas está passando por uma grande mudança motivada pela implantação de soja no sistema produtivo.
De família tradicional na pecuária e especialista na criação de animais super precoces de raças nobres como angus, bonsmara, hereford e nelore, Zampieri é referência na região, produzindo carne de qualidade para os principais distribuidores do Noroeste paranaense. Diante dos desafios e dificuldades enfrentados pela criação de gado e com o objetivo de agregar valor à produção e a propriedade, o cooperado está colhendo os primeiros frutos com o sistema de integração lavoura-pecuária.
Ele revela que a ideia de implantar a soja no sistema surgiu após participar de um dia de campo promovido pela Coamo, que mostrou a viabilidade e importância da integração para a sustentabilidade da propriedade. “Aceitei o desafio proposto pela assistência técnica e na safra passada fiz o primeiro plantio de soja. Foi um ano difícil para a lavoura, com clima seco e altas temperaturas, mesmo assim considero que tivemos uma boa produtividade. Porém, o maior benefício está sendo com a pastagem de inverno.”
Neste primeiro ano, foram cultivados dez alqueires de soja que renderam uma produtividade média de 80 sacas por alqueire. A área que recebeu a lavoura no verão, virou pastagem no outono-inverno com a taxa de lotação quatro vezes maior que nos outros talhões da propriedade. Além disso, a qualidade nutricional da forrageira, no caso capim-ruziziensis consorciado com milheto, está superior quando comparada com o restante da propriedade.
De acordo com Zampieri, outro benefício é que outras áreas que foram pastejadas no verão, se recompuseram para fornecer mais forragem nos próximos meses aos animais. “Economizamos com ração e mão de obra. Mesmo com a soja não tendo uma boa renda, a diminuição de custo na propriedade já paga a conta”, assinala o cooperado que faz o sistema de cria e engorda dos animais.
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Plantio de soja vem ganhando espaço na propriedade que até pouco tempo era exclusiva da pecuária |
Cooperado Hugo Zampieri com o engenheiro agrônomo Hugo Lorran de Melo Rocha, da Coamo em Mariluz: "a integração lavoura-pecuária proporciona vários benefícios para o sistema produtivo." |
O cooperado ressalta que a pecuária está passando por mudanças e precisa ser inovada. “Fico até chateado por não ter começado antes com esse sistema. Contudo, tenho certeza que para trás não volto. A integração ajuda a baratear os custos com a pecuária e ainda traz ganho com a lavoura. Queremos ganhar dinheiro com a soja, mas o nosso principal objetivo é deixar a propriedade mais sustentável e, para isso, a lavoura com a pecuária é um casamento perfeito.”
O engenheiro agrônomo Hugo Lorran de Melo Rocha, da Coamo em Mariluz, ressalta que a integração lavoura-pecuária proporciona vários benefícios para o sistema produtivo. Como, por exemplo, a produção de forragem de qualidade no período da seca, recuperação da produtividade da pastagem, reestruturação da parte física e química do solo, reciclagem de nutrientes, formação de palhada contribuindo com a proteção do solo contra erosões e excesso de luminosidade, melhoria da fertilidade, aumento de matéria orgânica, aumento da retenção de água. “Há uma valorização da propriedade com a diversificação de atividades exploradas na fazenda, como a produção de carne e grãos. Isso tudo aumenta a estabilidade e renda do cooperado.”
No sítio São João, Em Peabiru (Centro-Oeste do Paraná) os irmãos Valdemir e Vagner Agostinis fizeram o caminho inverso. Agricultores tradicionais, estão apostando na pecuária como diversificação e fonte extra de renda. No verão, toda a área é utilizada para o cultivo de soja, e no inverno parte da propriedade é destinada para o plantio de aveia e milho que servem de alimentação para os animais.
O sistema foi implantado há cerca de quatro anos. Vagner conta que sempre gostaram de diversificar as atividades e que a pecuária se mostrou uma boa alternativa, já que poderia otimizar a área de produção comercial e para tratos dos animais. O sistema escolhido pelos irmãos foi de recria e engorda. “Fazemos isso porque temos pouco pasto. Assim que chegam, os bezerros ficam na área de pastagem e cerca de seis meses depois, seguem para o confinamento, onde ficam entre 70 e 90 dias até chegar no peso ideal. Esse tempo depende da raça.”
No confinamento os animais recebem tratos a base de silagem e aveia. Na pastagem, além de silagem e aveia, recebem suplementação com minerais. “Essa alimentação balanceada é importante para que possamos ter um bom número de animais”, assinala Vagner.
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Irmãos Valdemir e Vagner Agostinis, de Peabiru (PR), estão investindo na pecuária como diversificação e fonte extra de renda no sítio Santo Antonio |
As atividades desenvolvidas na propriedade são integradas e os irmãos buscam sempre melhorar o sistema, sendo que parte da área no inverno recebe aveia e brachiária como cobertura e palhada para o verão. “Aumentar a produção de grãos e melhorar os tratos para os animais estão entre os nossos objetivos”, observa.
Vagner ressalta que para começar com a pecuária tiveram que destinar parte da área de lavoura para o plantio de pastagem. São cerca de oito alqueires de pasto. Uma perda que compensou, pois houve aumento da renda com a criação de gado. “O giro com a pecuária é mais rápido e traz mais segurança para a propriedade e ainda tem o fato de que quando uma atividade não está boa, a outra ajuda nas despesas”, destaca o associado.
O médico veterinário Fabiano Camargo, da Coamo em Campo Mourão, ressalta que mesmo há pouco tempo na atividade, os irmãos Valdemir e Vagner Agostinis estão trabalhando de forma eficiente e obtendo lucro com a atividade. “A propriedade é bem otimizada e fazem um bom manejo no sistema produtivo. Podemos dizer que é pecuária moderna, com tecnologia simples e eficiente”, pondera Camargo.
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Médico veterinário Fabiano Camargo, da Coamo em Campo Mourão, acompanha qualidade da silagem com os irmaos |
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