Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 539 | Setembro de 2023 | Campo Mourão - Paraná

SAFRA DE INVERNO

Trigo se torna opção viável para o MS

Cereal tem chamado a atenção dos cooperados pela rentabilidade e por manter um ambiente equilibrado, favorecendo a lavoura de soja no verão

Olivar Benedetti, de Laguna Carapã, está utilizando a experiência com a cultura para cultivar o trigo no Mato Grosso do Sul

Ainda pouco explorado no Mato Grosso do Sul o trigo vem ganhando área nas regiões em que a Coamo está presente. O cereal tem chamado a atenção dos cooperados pela rentabilidade e por manter um ambiente equilibrado favorecendo a lavoura de soja, no verão. Em todo o Estado, nesta safra, a área cultivada saltou de 20,5 em 2022 para 45 mil hectares, um aumento de 120% impulsionado por produtores que resolveram semear o cereal para principalmente melhorar o sistema de produção. A Coamo prevê receber 550 mil sacas de trigo, cerca de 30% de toda a produção do Mato Grosso do Sul. 

A unidade de Lagunita, em Laguna Carapã, é pioneira no recebimento de trigo no Estado. É a região que concentra boa parte da produção do trigo sul-mato-grossense. O catarinense Olivar Benedetti está há pouco mais de um ano na localidade. Até então, ele produzia trigo em Ouro Verde, no Oeste de Santa Catarina, e está utilizando a experiência com acultura para cultivar o trigo no Mato Grosso do Sul. 

Ele plantou 250 hectares de trigo, que representa um terço da área destinada para a lavoura de inverno. “Ainda estou conhecendo as características do clima e solo da região. Fiz um bom investimento na lavoura. Se é para plantar trigo, tem que investir. Além da rentabilidade, a cultura deixa uma boa palhada e favorece a área que receberá soja na safra de verão”, diz o cooperado. 

Olivar colheu uma média de 52 sacas de trigo por hectare. Segundo ele, a produtividade alcançada foi boa para a região, mas a lavoura tem potencial de produzir ainda mais com variedades mais adaptadas e seguindo as épocas de plantio mais recomendas. O cooperado pretende manter a área de trigo para o ano que vem e já se antecipou adquirindo os insumos. 

O engenheiro agrônomo, Celso Raphael dos Santos, da Coamo em Laguna Carapã, comenta que a cultura é importante, principalmente, pela rotação de culturas. “A lavoura vem se desenvolvendo bem na região. Cooperados que fazem um bom investimento estão produzindo mais. É uma cultura que vem ganhando espaço como opção de segunda safra”, observa. 

Airton Francisco de Jesus, cooperado em Aral Moreira, também introduziu o cereal no planejamento da propriedade, pensando no benefício que proporciona para o sistema de produção. Ele diz que a cada safra, pelo menos 20% da área destinada para a lavoura de inverno é reservada para o trigo em um sistema de rotação de culturas. O agricultor ressalta que o mercado está abaixo do esperado, mas sempre mantém o foco em produtividade para conseguir uma renda. 

Olivar e Celso Raphael dos Santos, engenheiro agrônomo da Coamo

A produtividade média na propriedade ficou em 52 sacas por hectare. Segundo ele, foram adotadas tecnologias adequadas para o bom desenvolvimento e as plantas responderam aos investimentos. “Foi uma boa produtividade. Dentro do que esperávamos”, frisa. 

A expectativa do cooperado para a próxima safra é manter a cultura no sistema. “Tudo vai depender do custo de produção. Sabemos da importância para o sistema de produção, mas além da rotação analisamos o lado econômico. Tendo rentabilidade, possivelmente, continuaremos plantando trigo”, ressalta Airton. 

O engenheiro agrônomo, Antonio Gabriel Zanella, da Coamo em Aral Moreira, observa que o trigo tem uma boa qualidade na região devido ao clima que propicia o bom desenvolvimento da lavoura. Segundo ele, nesta safra houve um aumento de área motivado por ajuste no calendário de plantio da segunda safra, já que a colheita de soja atrasou e isso fez com que muitas áreas que eram para o milho segunda safra não fossem semeadas. “O trigo tem um fator muito importante que é a ciclagem de nutrientes. Ele forma matéria orgânica na área e o produtor usa o cereal para o controlar as plantas daninhas. Estamos observando esses resultados e investindo para agregar em produtividade e estão tendo um bom resultado.”

Airton Francisco de Jesus, de Aral Moreira, introduziu o cereal no planejamento da propriedade pensando no benefício que proporciona para o sistema de produção

Isaac do Carmo Filho, de Dourados, recorda que a região já foi uma grande produtora de trigo nas décadas de 1980 e 1990. Devido às doenças, as lavouras deixaram de ser viáveis. O retorno na sua propriedade foi pelo saudosismo e, também, para o controle de buva e capim amargoso na área. “Uma das soluções apresentadas pelos agrônomos da Coamo foi voltar a plantar trigo visando o controle das plantas daninhas. No primeiro momento foi feita uma experiência positiva com 34 hectares. Ali voltou a paixão pelo cereal e o benefício que a lavoura traz ao solo visando a lavoura de verão. Em todas as áreas que trabalho com o trigo, a cultura seguinte tem respondido com mais produtividade”, assinala. 

O retorno com o trigo na propriedade do cooperado foi em 2018. Desde então, parte da área de cultivo é destinada para o cereal, em sistema de rotação de culturas. Isaac diz que o trigo ainda não é mais rentável que o milho. No entanto, quando analisa o sistema há um grande benefício. Ele cita que no primeiro ano que plantou trigo, na área colheu 40 sacas a mais de soja por alqueire. “Há um aumento da rentabilidade da cultura seguinte, inclusive, a do milho segunda safra, comparando área de trigo com milho e de milho com milho. Traz mais produtividade e, consequentemente, mais rentabilidade.”

Airton e o engenheiro agrônomo, Antonio Gabriel Zanella

Isaac do Carmo Filho, de Dourados, diz que o trigo tem contribuindo na melhoria do sistema produtivo

A engenheira agrônoma, Mônica Caldeira, da Coamo em Dourados, revela que no município o trigo ocupou um total de 1350 hectares nesta safra. Ela diz que a cooperativa está incentivando os cooperados no cultivo de trigo e a partir deste ano começou a receber o cereal no parque industrial em Dourados. Uma forma de diminuir a distância para entregar a produção, já que antes era preciso levar até a unidade de Lagunita. “O trigo é uma opção para a segunda safra e a cooperativa está incentivando o plantio. É uma cultura que tem potencial de crescer na região e os cooperados estão mais interessados em investir como opção de diversifi cação de atividade e de uma renda a mais na propriedade.”

Isaac com a engenheira agrônoma Mônica Caldeira

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