Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 447 | Maio de 2015 | Campo Mourão - Paraná

Entrevista

COOPERATIVISMO AJUDA A IMPULSIONAR O DESENVOLVIMENTO DO MATO GROSSO DO SUL

Celso Ramos Régis, presidente do Sistema OCB/MS – Organização das Cooperativas Brasileiras no Mato Grosso do Sul – é o entrevistado do mês. Filho de produtor rural, ainda jovem teve o primeiro contato com as cooperativas, inicialmente ligada à agropecuária e, posteriormente, por meio da atuação na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS).

Celso Ramos Régis, presidente da OCB/MS: Estado tem a economia baseada no agronegócio e isso também se reflete no cooperativismo

Iniciou a trajetória no cooperativismo de crédito, onde após dois anos de estudos, juntamente com um grupo de servidores da UFMS, ajudou a criar em 1988, a primeira cooperativa de crédito do Estado, hoje a Sicredi União MS. A partir daí participou das atividades do cooperativismo sul-mato-grossense e brasileiro, por meio do Sistema OCB/MS, da participação efetiva no Conselho Consultivo do Ramo Credito da OCB (CECO) e da atuação nas entidades do Ramo Crédito.

Em 2006, foi eleito para presidir o Sistema OCB/MS. A partir de 2012, com a adoção do novo sistema de governança na OCB/MS, foi convidado para exercer a função de Presidente Executivo. Integra a Diretoria da OCB em Brasília e é presidente da Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebrás).

Atualmente, são 104 cooperativas registradas no Sistema OCB/MS, distribuídas por diversos segmentos econômicos, com grande expressão nos setores de saúde, infraestrutura, trabalho, transporte, agronegócio e crédito. São aproximadamente 170 mil cooperados e o setor emprega mais de cinco mil pessoas, representando 9% do PIB Estadual.

Revista Coamo: Como está atualmente o cooperativismo do MS?

Celso Ramos Régis: Muito bem. O cooperativismo sul-mato-grossense está forte e sólido. Crescendo de forma sustentável e colaborando com o desenvolvimento socioeconômico do Estado. O Sistema vem investindo, cada vez mais, na profissionalização da gestão e na consolidação dos empreendimentos cooperativos como agentes de desenvolvimento das comunidades, por meio da expansão e criação de novos empreendimentos.

RC: Como foram os resultados no exercício 2014?

Régis: Foi um ano prodigioso para o cooperativismo sul-mato-grossense. Cresceu de forma consistente em todos os níveis: número de cooperados, faturamento, participação na economia estadual. Deu um salto qualitativo e quantitativo do movimento cooperativista, abrangendo todas as áreas do setor produtivo e serviços do estado. No campo da representação institucional, de forma organizada e com absoluta neutralidade político-partidária, o cooperativismo estadual participou de forma eficiente e ativa do pleito eleitoral de 2014.

RC: O que representa o cooperativismo para o Estado?

Régis: As atividades do cooperativismo têm sido muito fortes e primam pelo fortalecimento das relações por meio da participação efetiva das pessoas nas atividades produtivas. Assim, o cooperativismo é reconhecido como um dos principais agentes de desenvolvimento.

RC: Quais os principais atributos e características do cooperativismo?

Régis: O cooperativismo no MS tem forte atuação no agronegócio, crédito, transporte, infraestrutura e saúde. Nosso Estado, tem a economia baseada no agronegócio e isso também se reflete no cooperativismo. Mas, ainda precisamos desenvolver o setor agroindustrial das cooperativas. Temos um grande potencial neste setor, o apoio do setor público tem sido importante para atrair novos empreendimentos cooperativos.

RC: Quais são os entraves para o avanço do movimento no Mato Grosso do Sul?

Régis: Ainda precisamos melhorar e disseminar a cultura do cooperativismo entre a população do Estado. As pessoas conhecem pouco o modelo cooperativista e suas vantagens, e esse desconhecimento se estende às autoridades e acaba trazendo dificuldades para um avanço mais acelerado do movimento.

RC: Como o Senhor vê a chegada da Coamo no Estado?

Régis: Com certeza, a vinda da Coamo só fortaleceu o cooperativismo na região, pois é uma cooperativa respeitada e com uma trajetória de sucesso. Bons exemplos de gestão são sempre bem-vindos e trazem credibilidade ao nosso sistema. A Coamo tem nos ajudado de forma consistente a superar as dificuldades. Seus resultados, sua forma de atuação, transparência da gestão e proximidade com o quadro social têm oportunizado o reconhecimento de que com competência, transparência e agregação de valor se pode promover o desenvolvimento local.

RC: No Agronegócio, quais são os desafios do produtor sul-mato-grossense?

Régis: Temos um extraordinário potencial em todos os setores da produção rural, forte atuação na pesquisa e transferência de tecnologia. O setor rural está organizado na representação, mas carece de melhorias no planejamento e na organização da produção e comercialização. E é nesse momento que o movimento cooperativo mostra seu potencial. O Estado possui um déficit na armazenagem, temos dificuldades de escoamento da produção e alguns entraves tributários, cujos fatores são verificados em todo o Brasil, porém o principal desafio está na falta da agroindustrialização.

RC: Como o Senhor vê o cenário econômico e estrutural do país? O cooperativismo e o agronegócio sofrerão impactos das suas medidas?

Régis: O cooperativismo demonstra que as pessoas, quando estão juntas, conseguem atravessar períodos de crise de forma mais tranquila. Eu não tenho dúvida que nos próximos dois anos teremos enormes dificuldades. As pessoas ligadas ao movimento cooperativo terão mais facilidade de transpor esse momento. Não estaremos imunes à crise, mas ela terá menor intensidade entre aqueles que se juntarem por meio de uma cooperativa.

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