Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 447 | Maio de 2015 | Campo Mourão - Paraná

Pecuária

SOMBRA E ÁGUA FRESCA

CONSÓRCIO DE EUCALIPTO COM PASTAGEM MELHOROU RESULTADOS DA PECUÁRIA LEITEIRA NA PROPRIEDADE DE JAIRO RAMOS, EM GUARAPUAVA

Há cerca de cinco anos uma nova tecnologia vem mudando para melhor a realidade da Chácara Bela Vista, de propriedade do cooperado Jairo Luiz Ramos Neto, de Guarapuava (Centro- Sul do Paraná).

Por meio de cursos que participou, promovidos pela Sociedade Rural do município, o produtor descobriu que um certo sistema que engloba pecuária, floresta e até lavoura poderia ajudá-lo a otimizar a pequena propriedade, focada principalmente na exploração de leite: o silvipastoril. Uma tecnologia que promove o aumento e manutenção da produtividade, com conservação dos recursos naturais.

Jairo Neto conta que no início a intenção era apenas de garantir sombra para os animais, proporcionando conforto térmico e favorecendo o aspecto reprodutivo da vacada. “Formamos uma área de pouco mais de um hectare de gramínea tifton só com bebedouros e sem sombreamento. Foi quando tive a oportunidade de conversar com um pesquisador em um curso e descobrir que seria possível introduzir no sistema os eucaliptos que ajudariam a melhorar todo o sistema, que reflete diretamente na produção”, comenta.

De acordo com o cooperado é difícil mensurar o quanto o sistema melhorou a atividade, mas é evidente que no verão os animais se sentem muito mais confortáveis. Situação que, sem dúvida, contribui para o desempenho do rebanho. “O que observamos é que a temperatura nesse espaço é de 3 a 4 graus menor que nos demais locais da propriedade. Isso com certeza reflete na produção. Acreditamos que o incremento seja entre 10 a 15% certamente”, observa.

Veterinário por formação, além de apostar na pecuária, Jairo Neto também investe na agricultura cultivando soja e milho. “É a forma que encontramos para diversificar bem a propriedade que é pequena. São apenas 15,5 alqueires de cultivo. Sendo quatro de reserva e mais algumas áreas dobradas”, explica Neto, lembrando que para o futuro existem novos projetos. “O carro-chefe da propriedade é leite. Tudo que fazemos visa a produção leiteira. Hoje, a gente faz agricultura porque temos uma oferta mais de pasto do que precisamos. Mas, o objetivo é chegar a um determinado momento onde necessite plantar só milho para silagem”, confidencia.

GANHO EXTRA – O eucalipto utilizado para sombra e bem estar dos animais, no futuro será também uma fonte de renda para o produtor. Contudo, por enquanto ele revela que não pensa em se desfazer dessa espécie de poupança que implantou no solo. “Mais cedo ou mais tarde teremos de cortar. Mas, por enquanto, o objetivo é a sombra para os animais”, conclui.

Na opinião do engenheiro agrônomo Fernando Lago, do departamento de assistência técnica da Coamo em Guarapuava, o importante é variar os produtos dentro da propriedade, especialmente nas pequenas áreas. “Ele tem aqui soja, milho, leite e no futuro a madeira. Então, quanto mais você diversificar menos você dependerá de um único ramo e terá um resultado mais positivo ao final do ano agrícola.

ENTENDA A TECNOLOGIA

Tecnologia proporciona bem estar animal e aumenta o desempenho tanto para o leite como para a carne

O sistema silvipastoril (SSP) é a combinação intencional de árvores, pastagem e gado numa mesma área e ao mesmo tempo. Manejados de forma integrada, o objetivo é incrementar a produtividade por unidade de área. Nesses sistemas, ocorrem interações em todos os sentidos e em diferentes magnitudes.

Os SSPs apresentam grande potencial de benefícios econômicos e ambientais para os produtores e para a sociedade. São sistemas multifuncionais, onde existe a possibilidade de intensificar a produção pelo manejo integrado dos recursos naturais evitando sua degradação, além de recuperar a capacidade produtiva.

MAIS ALIMENTO, MENOS TEMPO NO PASTO

O cenário da pecuária vem se mostrando em alta e para aproveitar o momento o cooperado Reginaldo Kczan, de Ivaiporã (Centro-Norte do Paraná), tem investido em tecnologias que tornam a atividade ainda mais eficiente e rentável. Entre as práticas adotadas está o sistema de suplementação à pasto.

Reginaldo Kczan: Quando não trabalhava com suplementação, sobravam muitos animais de um ano para o outro. Esse sistema veio para encurtar o período de permanência na área.

A propriedade de 70 alqueires é formada de grama estrela roxa, brachiária brizantha e colonião. A área é dividida em oito piquetes e recebe em média 400 novilhas a cada ano. A suplementação alimentar é servida no cocho e foi desenvolvida em parceria com a assistência técnica da Coamo. “Os resultados têm sido bons e isso mostra que vale a pena investir na pecuária”, comenta Kczan.

Os animais permanecem na propriedade até meados de maio, e assim que atingem 12 arrobas ou 360 quilos são enviados para o abate. Durante esse período, consomem em média 200 a 300 gramas de suplementação protéica/energética/dia, formulado na própria propriedade. Os animais que não atingirem peso de abate seguem para pastejo em aveia com azevém e recebem uma suplementação energética até outubro, quando são todos abatidos. “Os animais entram recém desmamados e saem prontos para o abate. Quando não trabalhava com suplementação, sobrava muitos animais de um ano para o outro. Esse sistema veio para encurtar o período de permanência na área”, comenta o cooperado.

Durante o período em que permanecem na pastagem perene, os animais percorrem os piquetes e são transferidos de um para o outro conforme a situação do pasto. Dessa forma, o gado pasteja por toda a área, onde os piquetes já pastejados ficam em descanso para recuperação. “Em junho não temos mais animais no pasto, já que eles são removidos para áreas com aveia e azevém. Com isso, mesmo sendo no inverno, há boa recuperação da pastagem”, diz Kczan.

Segundo o pecuarista, o sistema de suplementação na propriedade tornou a atividade mais animadora. “Estamos passando uma boa fase e os resultados têm sido bons. Daqui para a frente é só aperfeiçoar o nosso sistema”, destaca.

Conforme o médico veterinário Vinicius Dziubate de Andrade, do Detec da Coamo em Ivaiporã, o sistema de suplementação à pasto permite que os animais sejam abatidos com idade entre 16 e 20 meses, enquanto que na pecuária tradicional levaria de 36 a 48 meses.  “Pensando em uma pecuária rentável é preciso utilizar a suplementação como uma alternativa para diminuir o tempo de permanência dos animais dentro da propriedade. A suplementação se torna viável, pois o custo/benefício viabiliza a adoção do sistema”, analisa.

SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR É SERVIDA NO COCHO E FOI DESENVOLVIDA EM PARCERIA COM A ASSISTÊNCIA TÉCNICA DA COAMO

Reginaldo analisa alimentação com o veterinário Vinicius Dziubate de Andrade

SUPLEMENTAÇÃO

A proposta de implementar a suplementação alimentar foi para garantir ganho diário de peso acima de 0,500gramas/dia. Foram utilizados farelo de soja, milho moído, ureia, sal mineral, sal comum e aditivo. 

PASTAGEM

Aliado ao sistema de suplementação à pasto é fundamental que a propriedade ofereça uma boa pastagem. “Não adianta ter bons animais, disponibilizar a melhor suplementação se não tiver uma pastagem de boa qualidade. Esses fatores interferem diretamente no ganho de peso dos animais”, conclui Andrade.

COMO FUNCIONA O SISTEMA

Os animais entram na propriedade na época das águas – entre os meses de agosto e setembro – com sete a oito meses e pesando entre 170 e 200 quilos.

Assim que chegam recebem o protocolo sanitário, vermífugo e vacina de acordo com a recomendação técnica, e já passam a receber suplementação proteico/energética de 0,1% do peso vivo. Os ganhos são de 0,500 a 0,700gr/animal/dia.

O percentual de animais abatidos durante o ciclo de suplementação à pasto é de 30% a 40%. Os que não atingiram o peso para o abate são colocados na pastagem de aveia com azevem e recebem uma suplementação energética para chegarem no peso até o final do ciclo da aveia.

Os animais são abatidos com idades entre 16 e 20 meses com 12 a 14 arrobas.

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