Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 459 | Junho de 2016 | Campo Mourão - Paraná

ENTREVISTA

“MISSÃO DA EMATER É CONTRIBUIR PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL”

"COMPLETAR 60 ANOS DE TRABALHO ININTERRUPTO REPRESENTA O RECONHECIMENTO DA SOCIEDADE QUE PERCEBE NA EXTENSÃO RURAL UM SERVIÇO ESSENCIAL."



"A Extensão Rural foi se adaptando de acordo com as necessidades, para estar sempre contribuindo com o desenvolvimento rural." Rubens Ernesto Niederheitmann, presidente da Emater.

O engenheiro agrônomo Rubens Ernesto Niederheitmann, presidente da Emater – Instituto Paranaense de Extensão Rural que em maio completou 60 anos de existência é o entrevistado deste mês na Revista Coamo. Niederheitmann foi admitido na então Acarpa, hoje Emater, em 16 de janeiro de 1979, fez estágio em Campo Mourão e iniciou sua carreira na Instituição como assessor de Cooperativismo. Segundo ele, a Acarpa/Emater investiu bastante na preparação e aprimoramento dos seus servidores, sempre disseminando os princípios de disciplina, ética, profissionalismo e compromisso com as comunidades e municípios do Estado. “Esta vivência e prática da cultura é um dos pontos fortes da Emater, aliado aos propósitos de contribuir para o desenvolvimento dos produtores rurais e de seus familiares”, afirma.


Revista Coamo: Como o senhor entrou no Sistema Emater?


Rubens Ernesto Niederheitmann: Entrei no concurso realizado no final de 1978, após me formar em Agronomia na Universidade Federal do Paraná em Curitiba, foi o meu primeiro e único concurso. Já conhecia um pouco o trabalho da Emater, inclusive havia estagiado em Campo Mourão com o colega Vitor Krzyzaniak. Ao ser aprovado, assumi em Ponta Grossa como assessor de Cooperativismo e de lá para cá nunca mais saí da Emater.


RC: Qual é a missão da Emater e o que representa 60 anos? 


Niederheitmann: A Missão da Emater é contribuir para o desenvolvimento rural sustentável. Esta missão é bastante abrangente e muito importante porque busca a melhoria da vida dos agricultores, por meio do aumento da renda e da sua qualificação, a preservação do meio ambiente, a dinamização da economia dos municípios rurais, a inclusão social e principalmente a produção de alimentos saudáveis para toda a população. Para uma entidade como a nossa fazer 60 anos de trabalho ininterrupto representa o reconhecimento da sociedade que percebe na extensão rural um serviço essencial ainda não só no Paraná como em todos os Estados brasileiros. Representa que durante estas seis décadas, os extensionistas cumpriram sua missão e estão constantemente buscando seu aprimoramento para atender bem seu público. Assim como toda Instituição, tivemos altos e baixos, mas sempre com o compromisso de fazer o melhor dentro das condições existentes.


RC:  Qual é atualmente a estrutura da Emater?


Niederheitmann: Atualmente temos um total de 1090 funcionários distribuídos em 23 regiões administrativas e uma Unidade estadual. Estamos com concurso realizado e aguardando autorização para chamar mais 400. O quadro próprio da Instituição é de 1600 funcionários. Estamos presentes em todos os municípios, seja com estrutura local, seja com atendimento por equipes vizinhas, por falta de técnico por enquanto. Nosso quadro é formado por várias profissões como agrônomos, médicos veterinários, zootecnistas, técnicos agropecuários, biólogos, assistentes sociais, economistas domésticas, pedagogos, engenheiros florestais, engenheiros de pesca. A atuação da Extensão é muito abrangente e atinge todas as áreas de ciências agrárias e sociais.


RC: Como avalia o trabalho da extensão rural realizada atualmente pela Emater? 


Niederheitmann: A Emater executa praticamente todos os programas governamentais voltados para a agricultura e meio rural. Desde crédito, manejo de solos, redução da pobreza, Habitação Rural, trator solidário, PAA, PNAE, Crédito Fundiário, Turismo Rural, e muitos outros. Além disto, nossos extensionistas prestam assistência técnica aos agricultores familiares, prioritariamente em projetos estratégicos voltados à geração de renda, preservação do meio ambiente e inclusão social. Dentro das condições existentes a Emater busca cumprir suas atribuições da melhor maneira possível, porém é certo que com a nova contratação que se aproxima, iremos ampliar e aperfeiçoar nossa atuação. Em 2012, com uma consultoria externa, reformulamos a estratégia de trabalHo por meio da definição de nosso mapa estratégico, onde estão muito claros nossos objetivos tanto com relação aos nossos beneficiários, ao nosso mantenedor maior que é o Governo do Estado, quanto a sociedade como um todo.


RC: Quais são seus desafios à frente da Instituição? 


Niederheitmann: A consolidação da gestão para resultados, criando mais oportunidades de negócio aos agricultores, maior riqueza no meio rural e com isto dinamizar as economias locais. Para isto a preparação dos Extensionistas é fundamental, tendo como pano de fundo o papel da Extensão e com um aprimoramento constante das metodologias de trabalho. Neste processo o estabelecimento de parcerias com todos os agentes de desenvolvimento e atores do agrícola e do rural paranaense é fundamental. Por outro lado para cumprir adequadamente nosso papel precisamos formar novas lideranças internas para desempenhar as ações de extensão rural cada vez com mais efetividade.


RC: A Emater foi criada na década de 60 como Acarpa, o que mudou desde então? 


Niederheitmann: A Extensão Rural foi se adaptando de acordo com as necessidades para estar sempre contribuindo com o desenvolvimento rural. Se antes a ênfase eram ações voltadas ao aumento da produção, e do bem-estar, e a Acarpa atuando quase que sozinha neste trabalho, hoje como Emater buscamos o desenvolvimento econômico, social e ambiental do meio rural. No início só existia a Acarpa como entidade ATER – Assistência e Extensão Rural. Hoje temos as cooperativas, a iniciativa privada, as ONGs, as Secretarias Municipais de Agricultura, e assim a Extensão rural oficial assume um papel a mais, que é o de articular esta assistência buscando uma ação complementar, focada para que não haja superposição de um lado e nem falta de outro, buscando maior abrangência no atendimento e qualificação dos resultados.


RC: Qual a contribuição da Instituição para a organização e desenvolvimento dos produtores rurais paranaenses? 


Niederheitmann: A contribuição da Acarpa/Emater para o desenvolvimento do Estado ocorreu na  organização dos produtores e comunidades, estabelecendo as bases  para implantação da infraestrutura, conservação do solo, melhoria das  estradas rurais e formação de capital social, por meio do trabalho de formação de lideranças via  projeto com jovens rurais (Clubs 4 S). O resultado mais expressivo foi a participação ativa no projeto de reestruturação e consolidação do sistema  cooperativo do Estado, por meio dos Projetos, Iguaçu, Norcoop e Centrosul, assessorando a constituição de novas cooperativas, organização dos departamentos técnicos e elaboração dos projetos de viabilidade econômica para construção dos armazéns graneleiros, produção de sementes junto às instituições financeiras.


RC: Muitos presidentes e dirigentes de cooperativas são oriundos da Acarpa/Emater. Como o senhor avalia esta questão que resultou no surgimento do cooperativismo? 


Niederheitmann: A Acarpa desde sua constituição caracterizou-se por ser uma instituição empreendedora, organizada e comprometida com o desenvolvimento econômico e social dos agricultores e famílias. Para executar sua missão a Acarpa/Emater investiu na preparação de seus servidores, capacitação inicial (Pré-Serviço) e treinamentos técnicos. Exigiu-se de todo o quadro funcional, muita disciplina, ética, profissionalismo e compromisso com as comunidades e municípios. Vivenciando e praticando essa cultura, muitos de nossos extensionistas foram para a iniciativa privada. O Dr. Aroldo Gallassini é um desses casos de sucesso, ocupou todas as funções de nível gerencial da Acarpa. Ao se desligar de nosso quadro de servidores levou consigo o espírito e valores extensionistas e junto com outros empreendedores fundou a Coamo, estrurando-a  com competência, ética e gestão profissional. Isso confere à Coamo o reconhecimento nacional e internacional.


RC: Qual a importância do cooperativismo como agente de desenvolvimento? 


Niederheitmann: O cooperativismo é fundamental para o desenvolvimento, por meio da organização econômica do quadro social, promovendo o fortalecimento e integração das cadeias produtivas. Verticalizando e implantando a agroindustrialização junto aos municípios de sua área de atuação, gera renda, emprego, bem estar social e sustentabilidade ambiental. 

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