Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 459 | Junho de 2016 | Campo Mourão - Paraná

MERCADO

PÓDIO DAS COMMODITIES

No grande prêmio de valorização do preço das commodities, a soja tem sido a pole position do mercado agrícola. Com o constante aquecimento do mercado, a possibilidade da saca chegar ao preço histórico de R$ 100 já enche os olhos do produtor rural, que nos últimos dias viu o grão ser cotado ao preço recorde de R$ 85 a saca. Uma valorização que iniciou no final de abril quando estava cotada a pouco mais de R$ 60 e que teve poucos pit stop’s.

Segundo o trader Sênior da gerência de Comercialização da Coamo, José Gilmar Chacon Pignatti, o clima foi um dos responsáveis por esse valor. “A expectativa para a safra brasileira era de 100 milhões de toneladas, mas deve fechar ao redor de 96 milhões de toneladas. É uma consequência do clima. Primeiramente, em algumas lavouras houve seca e no final, próximo a colheita houve quase 15 dias de chuva com altas temperaturas. Isso deteriorou o grão, deixando com grande percentual de avariados e, consequente, quebra de peso.” 

Mas, não foi só no Brasil que o clima influenciou. Na sequência, conforme Pignatti, “veio a Argentina, que esperava colher 60 milhões de toneladas e também teve a safra reduzida para cerca de 55 milhões de toneladas. Agora, depende da safra americana que está estimada em torno de 103 milhões de toneladas. Até então, a lavoura está com bom desenvolvimento vegetativo.”

No Brasil, além das cotações da Bolsa de Chicago, o câmbio é outro fator predominante. Há um comentário de que as águas do oceano pacífico estão esquentando, o que pode trazer seca para as lavouras americanas. “Com a quebra nos Estados Unidos, os preços se elevariam ainda mais. É uma tendência que começou demonstrar. Porém, com isso, no Brasil também pode ocorrer seca no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Oeste do Paraná e Mato Grosso do Sul. Isso não seria bom para ninguém, pois melhor que preço é ter produção, tendo produto na mão, o preço você faz mais cedo ou mais tarde.” 

Quanto aos estoques mundiais, Pignatti acrescenta que estão mais baixo que anos anteriores, mas com a produção americana ficarão próximos da safra anterior. Quanto ao Brasil, em função do grande volume já exportado no primeiro semestre, pode-se ter um segundo semestre de menor oferta de soja, até pelo que o produtor já vendeu. “O agricultor vendo os preços subirem, vai vendendo em volumes menores e isso deixa o mercado mais enxuto, e as indústrias podem fazer prevalecer o preço, independente de Chicago, até pelo fato da oferta de produtos estar menor”, afirma.

Ele ainda ressalta que no cenário da Coamo, os cooperados têm feito uma média e aproveitado os bons preços. “Vendendo escalonadamente o associado tem acertado. Ele deve ter vendido praticamente 50% dessa safra. E da próxima aproximadamente 10%, aproveitando o bom momento do mercado.” 

Diante desse cenário, o que se sabe é que a soja já é campeã. Agora, é uma questão de clima e mercado.  “O preço da saca de soja chegar a R$ 100 é o tipo de boato que pode virar realidade, se o câmbio continuar a subir, ou chegar próximo a R$ 3,90 e a Bolsa de Chicago continuar dando sustentação. Nesse mercado tudo pode acontecer, como também daqui a pouco pode ser que a safra americana se confirme com grande volume, e a Bolsa de Chicago despenque de uma hora para a outra da mesma forma que subiu, ou até mais rápido”, conclui Pignatti.

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