ENTENDA O SISTEMA
CONCEITO: É a possibilidade de integrar a produção de grãos e criação de gado numa mesma área
ALTERNATIVA ECONÔMICA: aumento da eficiência e rentabilidade da propriedade, onde ambas as atividades, agrícola e pecuária são beneficiadas, auxiliando a sustentabilidade das propriedades produtoras de grãos e criadoras de bovinos
ALTERNATIVA ECOLÓGICA: ação conservadora e recuperadora de solos pelas pastagens e sequestro de carbono
O QUE É O SISTEMA: utilização de 20% da área para implantação da pastagem perene de verão e 80% da área que é destinada a lavoura de verão para implantação de pastagem anual de inverno. Ex: pressão de pastejo de 4.500 Kg de peso vivo animal necessitará de 1 hectare de pastagem perene de verão e 4 hectares de pastagem anual de inverno
QUAL O OBJETIVO DO SISTEMA ILP
- reforma de pastagens com o uso de cultivos agrícolas
- plantio de forrageiras para recuperação e/ou aumento da sustentabilidade de áreas agrícolas
- renda adicional e diminuição de riscos pela utilização de forrageiras anuais em pastejo após o cultivo agrícola de verão
BENEFÍCIOS OBTIDOS
- utilização de pastagens de elevado potencial produtivo e de qualidade
- facilidade na formação de pastagens
- aproveitamento de resíduos agrícolas para alimentação animal
- planejamento forrageiro adequado, com alimento disponível o ano todo para os animais
- manutenção do solo coberto
- diminuição de plantas invasoras nas culturas subsequentes
- sequestro de carbono pelas pastagens cultivadas e manejadas
- racionalização do emprego da mão-de-obra e maior eficiência do uso de adubos e máquinas
- produção de carne e leite de alta qualidade e de forma competitiva
- aumento da produtividade agrícola
POSSÍVEIS ENTRAVES
- escolha de combinações de culturas e pastagens ligadas ao interesse dos sistemas de produção em uso e conhecimento prévio da produtividade e sazonalidade das forrageiras utilizadas no sistema
- aumento da complexidade do sistema e maior preparo dos produtores e técnicos envolvidos no sistema
- aceitação da atividade pecuária por agricultores tradicionais e vice versa
- dúvidas sobre o efeito da entrada de animais em áreas de lavoura
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Um projeto implantado em 1999 na Fazenda Experimental da Coamo, em Campo Mourão (Centro-Oeste do Paraná), revolucionou o conceito de exploração consorciada no campo. Baseada na rentabilidade e sustentabilidade, a proposta buscou respostas para diversas dúvidas da pesquisa e dos produtores rurais sobre um sistema até então pouco adaptado à agropecuária moderna: a integração lavoura e pecuária.
O projeto é desenvolvido pela Coamo em parceria com órgãos e instituições de ensino, entre eles o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e as universidades Federal do Paraná (UFPR) e Estadual de Maringá (UEM), além de empresas parceiras.
O banco de dados que compila todo o trabalho mostra resultados surpreendentes. Além da alta produção de soja e milho, todo lote de bezerros que entrou no sistema, saiu boi gordo, no período de um ano. A grande sacada do projeto é manter o solo coberto, o ano inteiro. Com o decorrer dos anos, o teor de matéria orgânica do solo aumenta, o que credencia o sistema a enfrentar anos secos, chuvosos e com geada. Com isso, há um impacto positivo no aumento da renda do produtor, sobretudo por meio da diminuição dos riscos com a atividade de inverno.
Na área de ação da Coamo cerca de 1,3 mil cooperados desenvolvem o sistema. A rentabilidade no campo, devido ao uso adequado da tecnologia, praticamente assemelha-se ao alcançado na unidade demonstrativa instalada na Fazenda Experimental da cooperativa. "Isso demonstra que os produtores rurais seguem as orientações técnicas geradas pela pesquisa no manejo dos animais; avaliam bem a pressão de pastejo; aplicam corretamente a adubação de base no verão e no inverno, e a adubação de cobertura no inverno; manejam bem a pastagem, além de comprar e vender bem os animais", enumera o veterinário da Coamo, Hérico Alexandre Rossetto. O técnico revela que o sistema vai bem tanto na bovinocultura de corte quanto de leite.
A lotação de animais na pastagem de verão, dentro do sistema, varia de 18 a 23 cabeças por alqueire, enquanto a média nacional, em pastos adequados, é de até cinco animais por alqueire. Em todo o complexo a rentabilidade de soja, levando em conta o uso de 100% da tecnologia, tende a ser de até 15% a mais na área de integração, na comparação com uma área de cultivo sem bois. E o que é melhor: a soja não recebe adubo porque este já foi disponibilizado no sistema, durante o inverno; além de que são feitas menos aplicações para controle de plantas daninhas, na comparação com uma lavoura que não teve a presença de bois. "Sendo assim, a grande vantagem do sistema é não deixar de ganhar nas culturas de grãos e, acima de tudo, agregar resultados expressivos com a produção de carne, no inverno, com uma atividade de risco baixo", finaliza Rossetto.
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Hérico Rossetto: a grande vantagem do sistema é não deixar de ganhar nas culturas de grãos e, acima de tudo, agregar resultados expressivos com a produção de carne, no inverno, com uma atividade de risco baixo |
Implantado com suporte técnico fornecido pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), desenvolveu-se pesquisas quanto ao impacto da integração do pastejo animal sobre o solo destinado ao plantio comercial de cereais de verão, soja e milho. “O que fizemos foi sistematizar a relação solo/planta/ animal dentro de uma demanda estabelecida pelos próprios agricultores, que buscavam uma alternativa econômica para o período de inverno”, conta o professor Aníbal de Moraes, da UFPR. “A pesquisa evoluiu muito nos últimos anos e já é capaz de responder todos os questionamentos dos produtores rurais, principalmente na relação da química, física e biologia do solo, dentro do sistema”, comemora Moraes.
Integrante do projeto de pesquisa desenvolvido dentro da Fazenda Coamo, o pesquisador Sérgio José Alves, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), lembra que no início os estudos geraram desconfiança do agricultor. “O maior receio era colocar os bois nas áreas de produção agrícola, porque havia uma preocupação com a compactação do solo, a partir do pisoteio do gado”, explica Alves.
No entanto, a pesquisa, segundo ele, quebrou não apenas este, mas outros paradigmas construídos em torno da tecnologia. “O produtor rural que investiu na tecnologia e que consegue manejar bem os talhões da propriedade destinados ao sistema ganhou muito. O solo, nas áreas de coprodução, está mais produtivo”, revela o pesquisador.
Nesses 16 anos de pesquisa, muito se aprendeu e o sistema foi aperfeiçoado de forma que se tornasse viável tecnicamente e economicamente. Nos gráficos a seguir é possível analisar a produtividade agrícola, de soja e milho, e também a pecuária, além de resultados econômico.
As pesquisas foram delineadas buscando entender qual seria a pressão de pastejo ideal sobre a pastagem de inverno, aveia e azevém, bem como adubação de base e de superfície correta para manutenção da pastagem anual de inverno e impacto da permanência dos animais nesta área sobre a produtividade da lavoura de verão.
Também avaliou-se a pressão de pastejo ideal sobre a pastagem perene de verão, correta adubação de correção e manutenção e manejo da mesma.
Desta forma no período de primavera e verão os animais eram mantidos em uma área de pastagem perene, dividida em estrela africana e mombaça e no período de outono e inverno os animais eram mantidos em uma pastagem de aveia e azevém plantada sobre a área destinada a atividade agrícola.
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