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JOSÉ AROLDO GALLASSINI
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Diretor-presidente da Coamo
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Esta edição da Revista Coamo apresenta o resultado positivo da safra de verão 2016/17, em reportagem realizada em várias regiões da Coamo, abordando a utilização de tecnologias e das práticas difundidas pela assistência técnica em um grande trabalho junto ao quadro social.
Foi a maior safra de toda a história da Coamo em 46 anos, com grande volume e boa produtividade em todas as regiões da cooperativa no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
O recebimento recorde das lavouras de soja e milho provocou grandes estoques e, consequentemente, excedente na produção, o que pode impactar diretamente em preços menores na comercialização da produção. Estamos observando um cenário mundial que registra bom volume de produção e estoques e, com isso, os preços de soja e milho devem ser bem diferentes daqueles praticados no ano passado.
No caso do milho, por exemplo, o Brasil deve produzir 90 milhões de toneladas para um consumo de 56 milhões de toneladas e devemos levar em consideração que este cereal é exportado eventualmente, quando há oportunidades e bons preços.
Em 2016, a soja chegou a ser vendida a R$ 80,00 e, atualmente, o preço está abaixo de R$ 60,00 a saca, portanto com um déficit em relação ao ano anterior. O milho era praticado a R$ 45,00 a saca e está sendo comercializado a R$ 21,00. Os associados estão bem capitalizados e segurando suas vendas. Esta situação provoca armazéns lotados e a necessidade de colocação da produção em silos bags e até em instalações alugadas para o recebimento da safra dos produtores. A situação poderá se agravar em função da chegada futura do milho segunda safra.
O cenário poderá ser alterado se houver frustração da safra americana, que deverá implantar uma área maior de soja. Se correr normalmente, o excedente será ainda maior. Poderemos ter preços melhores se o dólar subir, o que não está acontecendo em função da melhora na economia brasileira. O mercado já teve dólar valendo R$ 4,16 e hoje está na faixa dos R$ 3,15.
É difícil fazer previsões em relação a possibilidade de reversão desta situação de mercado. Por isso, recomendamos aos associados vender a produção aos poucos, para ganhar na média anual por meio do escalonamento das vendas. O que nos resta é esperar e torcer pela mudança do panorama atual.
Aguardamos a divulgação por parte do governo das medidas do plano safra 2017/18. Enquanto isso, os associados já estão fazendo projetos e adquirindo insumos.
Entre as medidas que o nosso setor, por meio da Ocepar e outras entidades, estão reivindicando junto ao governo está a redução da taxa de juros dos atuais 9,5% para 6,5,%, ou seja, que tenhamos juros menores para ter custos compatíveis e assim produzir, já que praticamos uma atividade de risco que está sustentando a economia do nosso país em meio a forte crise e produzindo alimentos com qualidade para o Brasil e o mundo.
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