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Até pouco tempo, a propriedade de 1.080 alqueires era inteira destinada para a pecuária. A agricultura passou a ser incorporada há cerca de dez anos e tem ajudado a mantê-la como uma das referências para a região
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O jeito calmo de falar e o sotaque manso logo mostra a origem do cooperado Sérgio de Azevedo Barros. Nascido em uma cidade chamada Cássia, na região Sudeste de Minas Gerais, ele é o proprietário de uma fazenda que tem história em Caarapó (Sudoeste do Mato Grosso do Sul). Afinal, a propriedade está há mais de 50 anos com a família. São meio século de investimentos e bons exemplos de organização, preocupação com o meio ambiente, sustentabilidade e boas práticas agrícolas.
Até pouco tempo, a propriedade de 1.080 alqueires era inteira destinada para a pecuária. A agricultura passou a ser incorporada há cerca de dez anos e tem ajudado a mantê-la como uma das referências na região. Atualmente, os animais ocupam 75% da área e a lavoura 25%. O cooperado utiliza o sistema de integração, rotacionando sempre a área de plantio com pastagem. “Com isso, a cada seis ou sete anos a lavoura dá um giro por toda área”, frisa ‘seo’ Sérgio.
Conforme o cooperado, com o sistema é possível aumentar a capacidade de animais por hectare e ter ganho de peso mais rápido. “Saímos de 500 para 650 gramas/dia. É uma boa melhora”, frisa. Na propriedade é desenvolvido o sistema de recria e engorda. Os cerca de três mil animais são tratados a pasto e sal mineral no cocho. Em relação à agricultura, ‘seo’ Sérgio, revela que também está tendo boas médias. Na safra passada a média de soja ficou em 130 sacas por alqueire e neste ano a produtividade foi de 133 sacas. “Me sinto realizado. Há dez anos, faltava muita coisa, mas hoje está bem melhor. A agricultura contribuiu para o pasto, dando mais lucratividade. Sai da pecuária 100%, justamente para procurar uma alternativa para diminuir os custos e otimizar a mão de obra.”
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Cooperado Sérgio Azevedo tem dados anotados há vários anos
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A história da família Azevedo com Caarapó, teve início com o ‘seo’ Paulo de Azevedo Barros pai do cooperado. Ele comprou a área em 1966 e se mudou no ano seguinte. Já em 1970, foi a vez do ‘seo’ Sérgio se mudar para o Mato Grosso do Sul. “Era uma área de muita mata e demoraram 25 anos para formar toda a pastagem”, diz o cooperado.
Ele recorda que o pai veio para a região já com 52 anos de idade, a fim de buscar uma vida nova. “Foi uma grande luta”, destaca. ‘Seo’ Sérgio conta que todas as gerações da família Azevedo têm no sangue o empreendedorismo. Prova disso, é que o seu avô, Antenor Azevedo, foi um dos primeiros brasileiros a importar gado da raça gir da Índia. O fato ocorreu em 1919 e foram 125 cabeças, a maioria vacas, além de dez búfalos. “Ele [o avô] demorou um ano e meio, do dia que saiu até que chegou na fazenda. Foi de navio, comprou, embarcou, o gado ficou de quarentena até desembarcar na propriedade. Naquela época só tinham raças curraleiras, animais chifrudos de anca pequena e que pesavam pouco”, explica.
A organização do cooperado passa por todas as áreas da propriedade. Cada implemento, máquina, produto ou peça, fica em seu devido lugar. “Pegou, guarda. Fazemos o possível para manter tudo em ordem. A organização é fundamental, não tem porque deixar mais ou menos arrumado”, diz. E a organização passa também pelo planejamento e gerenciamento da atividade agrícola, já que tudo é anotado em caderno, sejam dados relacionados a custos, investimentos ou produtividade.
Outra preocupação do cooperado é com o meio ambiente. Na propriedade são 17 quilômetros de rio, e todo trajeto conta com mata ciliar e reserva legal. “Recentemente, plantamos mais de mil árvores. Estamos em dia com a parte ambiental e já fizemos o CAR [Cadastro Ambiental Rural]. O meio ambiente é uma questão que devemos nos preocupar. Cada um tem que fazer a sua parte”, destaca ‘seo’ Sérgio.
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Organização do cooperado passa por todas as áreas da propriedade. Cada implemento, máquina, produto ou peça, fica em seu devido lugar.
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