Condição indispensável à sobrevivência e à competitividade dos territórios rurais, a diversificação de atividades garante a biodiversidade, promove o trabalho mantendo a família no campo, cria riqueza através de novas oportunidades de negócios e gera dinâmicas em torno de agentes de desenvolvimento local. Diversificar a propriedade é a garantia de manter a atividade rural em equilíbrio, uma vez que quando uma coisa não vai bem a outra acaba compensando perdas que, porventura, venham a ocorrer.
Ao diversificar o produtor diminui os riscos e aumenta a sustentabilidade da propriedade, que fica amparada pela atividade que naquele momento está fortalecida no mercado. É assim que pensa o cooperado Jesuíno Dalmagro, que junto com os três filhos, os netos, esposa e a nora, conduz com profissionalismo e muito trabalho o pequeno sítio na comunidade Pinheiro Marcado, localizada num bonito vale em Ouro Verde (Oeste de Santa Catarina).
Gaúcho de Tapejara, na região de Passo Fundo, ‘seo’ Jesuíno conta que chegou à região em 1963 com 14 anos de idade e sempre trabalhou na lavoura, onde formou sua família, que hoje desenvolve todas as atividades da propriedade. “A nossa união nos fez crescer. Eu queria que meus filhos estudassem, mas eles preferiram ficar na lavoura comigo. De certa forma foi bom, porque estamos evoluindo juntos”, comemora o pequeno produtor, que de 10 alqueires saltou para 37,5 onde produz leite e fumo, que foram as atividades propulsoras para o crescimento, além de soja e milho. “Temos mais 2,5 alqueires comprados, só falta pagar”, brinca o cooperado, lembrando que o milho e a soja são atividades que contribuem muito no orçamento anual da propriedade. “Estamos conseguindo bons resultados com a produção de grãos agora, amparados pela Coamo. Mas o leite e o fumo nos ajudaram muito no início”, revela.
No sítio dos Dalmagro, tem de tudo um pouco. “Vivemos bem e compramos na cidade apenas o que não produzimos. Temos um pouco de batata, cebola e frutas a vontade. Até vinho produzimos com as uvas que cultivamos”, orgulha-se ‘seo’ Jesuíno, valorizando o cooperativismo, filosofia da qual está integrado há mais de trinta anos. “Para mim o cooperativismo é uma união de pessoas trabalhando pelo mesmo ideal. E na Coamo temos toda confiança, porque é uma cooperativa muito séria”, agradece.
Não é preciso ir longe para encontrar exemplos como o do ‘seo’ Jesuíno, naquela região de Santa Catarina. Para o agrônomo Darci Baggio, do departamento de Assistência Técnica da Coamo em Ouro Verde, o que o "seo" Jesuíno faz é uma diversificação com rentabilidade. Na opinião do agrônomo o sucesso dos Dalmagro está baseado em três pontos fundamentais. “O primeiro é a diversificação de atividade propriamente dita que proporciona segurança e rentabilidade. O segundo ponto é o trabalho em família, onde todos puxam para o mesmo lado e o terceiro, que é fundamental para o sucesso deles, é a busca por aperfeiçoamento e novidades”, destaca.
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"Seo" Jesuíno e Volmir Dalmagro: trabalho alicerçado na diversificação, cooperativismo e união familiar
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Darci Baggio, engenheiro agrônomo da Coamo em Ouro Verde, diz que é importante a diversificação para a rentabilidade das famílias
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Cada espaço na propriedade de 13 alqueires do casal Vanilda e Paulo Roberto Baptistela, de Laguna Carapã (Sudoeste do Mato Grosso do Sul), é muito bem aproveitado. Seja para pastagem para as vacas na produção de leite, uma pequena horta de onde são retiradas verduras e legumes e a parte da lavoura, seja soja no verão e milho na segunda safra
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Quando se fala em Mato Grosso do Sul, o que vem na cabeça são grandes áreas de pastagem ou lavoura. Mas, saibam que o Estado também conta com propriedades pequenas, de agricultores familiares que tem a diversificação de culturas como principal fonte de renda. Um exemplo é o casal Vanilda e Paulo Roberto Baptistela, de Laguna Carapã (Sudoeste do Mato Grosso do Sul). Cada espaço na propriedade de 13 alqueires é muito bem aproveitado, seja com pastagem para as vacas na produção de leite, uma pequena horta de onde são retiradas verduras e legumes e a parte da lavoura, seja soja no verão e milho na segunda safra.
Gaúchos de Nova Palma (Centro-Oeste do RS), eles estão em Laguna Carapã desde 1989, logo após se casarem. A troca de município e Estado foi em busca de novas oportunidades para o casal que estava começando a vida. Logo que chegaram no município sul-mato-grossense, foram trabalhar de empregados em uma propriedade. Dona Vanilda atuava na cozinha e ‘seo’ Paulo na lavoura. Aos poucos, foram guardando dinheiro e em 12 anos de trabalho compraram a primeira chácara, de cinco alqueires. Com o dinheiro que ganhavam como empregado e a renda que começaram a ter com a pequena propriedade foram poupando e adquiriram os outros oito alqueires.
O esforço e a dedicação valeram a pena. Os últimos anos foram de prosperidade para a família, que comprou trator e plantadeira. “Estamos muito melhores do que quando chegamos aqui. Viemos com uma mão na frente e outra atrás. O Paulo vinha guardando um dinheiro na poupança, para começarmos a nossa vida. Porém, o dinheiro foi confiscado pelo então governo Collor, e ficamos sem nada. Tivemos que começar do zero”, comenta dona Vanilda.
Dos 13 alqueires atuais, oito são destinados para a lavoura, com soja no verão e milho na segunda safra, sendo que parte da produção do cereal é para grãos e outra parte silagem. A área de pastagem, também, recebe boa atenção por parte do casal que sempre se preocupam em melhorar o pasto para uma boa alimentação dos animais. A área conta com irrigação artificial, o que garante uma grama, sempre, com qualidade.
A área de pastagem abriga um total de 80 cabeças, sendo que em média sempre 26 ou 27 vacas estão em lactação. A produção diária é de aproximadamente 600 litros/dia. Além do pasto, os animais recebem alimentação da silagem com ração e minerais, o que ajuda a manter a produtividade mesmo em períodos mais secos. Maioria da produção do leite é comercializado in natura e fica uma parte para fazer queijo e doce de leite, tudo comercializado na cidade para garantir uma renda a mais.
As verduras e legumes são entregues para a merenda escolar no município, por meio do programa de Agricultura Familiar. São produzidos pepino, cheiro verde, alface e couve. Parte da produção é feita conserva, que são comercializadas pelo próprio casal. “Estou feliz com o que temos vendido e que tem aumentado. É uma renda que ajuda na despesa da casa”, assinala dona Vanilda que participa sempre dos Cursos Sociais promovidos pela Coamo para aprimorar a produção, tanto dos legumes quanto de derivados do leite. “A Coamo tem nos ajudado bastante, oferecendo assistência técnica, crédito e insumos para a condução das nossas atividades.”
Paulo destaca que a diversificação de culturas é a melhor opção para os pequenos agricultores. Na visão dele, além de ajudar a melhorar a alimentação da família os produtos ajudam na renda. “São atividades que ajudam a manter as famílias no campo. Temos vários benefícios e incentivos para continuarmos na atividade e estamos aproveitando para melhorar a nossa qualidade de vida”, assinala.
De acordo com o engenheiro agrônomo Cássio Toshitaka Yasunaka, do Departamento Técnico da Coamo em Laguna Carapã, na agricultura moderna, a sustentabilidade tem grande importância principalmente para propriedades pequenas e médias. “A diversificação de atividades agrícolas é de suma importância. Aliada a diversos segmentos dentro da cadeia produtiva podem aumentar os ganhos dos cooperados. Para isso, a Coamo tem dado todo apoio, fornecendo serviço de assistência técnica no cultivo de grãos e bovinos para que produzam produtos de melhor qualidade e produtividade”, destaca.
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As verduras e legumes são entregues para a merenda escolar no município, por meio do programa de Agricultura Familiar. Dinheiro ajuda na renda da família Baptistela
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