Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 473 | Setembro de 2017 | Campo Mourão - Paraná

SAFRA DE INVERNO

TRIGO COM ALTOS E BAIXOS

Com produtividades consideradas razoáveis para boas, as áreas de trigo começaram a ser colhidas no final do mês de agosto na região da Coamo. Os cooperados, novamente, investiram na cultura focando o retorno econômico proporcionado pelo cereal, mas, sobretudo, o aspecto técnico oferecido ao sistema produtivo, uma vez que o trigo é uma das melhores opções quando se trata de rotação.

Sabedor disso, o cooperado Nilson José Gomes, de Ivaiporã (Centro-Norte do Paraná), não abre mão da presença do cereal no seu sistema de produção, por acreditar não somente no retorno financeiro, mas especialmente nos benefícios disponibilizados pelo cereal. “Tivemos um ano atípico, mas podemos considerar que a produtividade nas primeiras áreas foram boas, variando de 140 até 150 sacas. Contudo, as áreas que plantamos mais tarde sofreram um pouco mais e derrubou essa média. Para a adversidade que tivemos com o clima ainda tivemos um bom resultado”, analisa Gomes, lembrando que foram cerca de 70 dias de sol que prejudicaram o desenvolvimento da lavoura. “Eu tenho lavoura que o trigo perfilhou, soltou cacho e entrou no período de maturação sem ver uma gota de água”, conta.

Apesar da irregularidade climática o cooperado ainda considera o resultado positivo, a julgar pelo estresse sofrido pela lavoura com a falta de umidade. “A falta de chuva foi prejudicial, mas pelo menos não tivemos geada, que poderia ser ainda pior”, avalia o cooperado, que neste ano cultivou 125 alqueires de trigo com investimento médio para alto. “Na safra passada a média foi de 160 sacas, então a diferença é considerável”, comenta.

Cooperado Nilson José Gomes, de Ivaiporã, com o agrônomo Danilo Prevedel Capristo

Apaixonado pela cultura Nilson Gomes defende a opção pelo trigo, apontando os benefícios creditados ao sistema de produção. “Gosto muito dessa cultura porque me ajuda em todos os sentidos. Na lavoura de milho ainda encontra buva e capim amargoso, já no trigo isso não existe. Deixa uma massa muito boa e a lavoura fica limpa beneficiando muito a soja que vem na sequência”, argumenta.

Ter a visão macro do sistema é o melhor caminho para cultivar trigo, pensando primeiramente no sistema de cultivo. Ao se planejar desta forma o cooperado estará um passo a frente, conforme o engenheiro agrônomo Danilo Prevedel Capristo, do departamento de assistência técnica (Detec) da Coamo em Ivaiporã. “Desta forma é possível ter um melhor aproveitamento da soja quando cultivada depois do trigo, pois há um controle mais efetivo de plantas daninhas, melhora a reciclagem de nutrientes e mantém o solo coberto com uma palhada mais eficiente. Tudo isso agregado ao sistema”, garante o agrônomo. Ele informa que na região de Ivaiporã os resultados serão os mais variados possíveis. “Certamente teremos casos de baixas, médias e de boas produtividades devido a irregularidade climática”, aponta.

Em Manoel Ribas (Centro-Norte do Paraná) os cooperados Agostinho e Edson Roecker colocaram a máquina no campo logo que as plantas chegaram ao ponto de colheita. Pai e filho, os associados sabem que o momento é especial, já que está sendo colhido todo um investimento para uma renda no inverno. De acordo com os cooperados, a produtividade foi boa, mesmo o clima não tendo influenciado para o bom desenvolvimento da lavoura. “Começamos colhendo uma média de 120 sacas por alqueire. A lavoura teve um bom início, mas na hora que mais precisou de chuva, faltou. Foram quase 50 dias de sol e prejudicou a produtividade. Se não fosse isso, teríamos uma grande safra”, assinala ‘seo’ Agostinho.

Triticultor tradicional na região, o cooperado recorda que a cultura evoluiu bastante nos últimos anos, saltando de 70 a 80 sacas por alqueire para 130 até 150 de média. “Temos novas tecnologias e variedades adaptadas para uma lavoura produtiva e de qualidade. Fazemos a nossa parte que é plantar e cuidar da lavoura. A questão de mercado e de clima não temos o que fazer”, observa.

Edson aponta que para a região Centro do Paraná o trigo é a melhor opção de inverno, já que o clima inviabiliza outras culturas como, por exemplo, o milho segunda safra. “O trigo tem grande importância para a nossa região. Além de uma renda no inverno, a cultura ajuda o sistema produtivo, pois deixa a área mais limpa e produtiva para a soja”, observa. Pai e filho plantaram um total de 25 alqueires com trigo.

O engenheiro agrônomo Renan Ferracini Segalla, do Detec da Coamo em Manoel Ribas, reitera que as primeiras áreas renderam 120 sacas de médias e nas demais, a produtividade caiu. “As condições climáticas não foram favoráveis. A falta de chuva atingiu as lavouras no período de frutificação e enchimento de grão. É uma fase importante e que precisa de água para um bom desenvolvimento. Contudo, ainda podemos dizer que foi uma boa safra”, destaca. Ele acrescenta que por tradição os associados da cooperativa fazem um bom investimento no trigo, por ser a melhor opção para o inverno. “Os cooperados investem e têm respaldo da Coamo para uma boa condução da lavoura. Fazem toda parte de tratos culturais e pensam na cultura como opção de renda e no sistema como um todo.”

Em Manoel Ribas, os cooperados Agostinho e Edson Roecker colocaram a máquina no campo logo que as plantas chegaram ao ponto de colheita. Na imagem com o agrônomo Renan Ferracini Segalla

USO CONSCIENTE DE AGROQUÍMICOS NO TRIGO

Segundo alimento mais consumido no mundo e o terceiro pela população brasileira, o trigo está presente no cardápio diário de qualquer pessoa. Na forma de pães, macarrão, biscoitos, bolos e uma infinidade de produtos, o cereal é consumido em larga escala de Norte a Sul do Brasil. Mas, para entregar um produto de excelência à mesa de milhões de brasileiros, os triticultores precisam estar atentos ao uso correto, consciente e responsável dos agroquímicos aprovados pela legislação. Do contrário, multas, barreiras, punições e sanções estão previstas para quem não respeitar as normas.

 A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) preparou a cartilha “O uso correto dos agrotóxicos na cultura do trigo”, com o objetivo de esclarecer dúvidas, mostrar o que pode ou não ser utilizado e alertar o setor produtivo. Entre os tópicos da cartilha estão as chamadas Boas Práticas Agrícolas (BPA), destinadas a proteger a saúde de todo o ecossistema, pessoas e planeta. As boas práticas são necessárias em todas as fases da cultura, desde o momento da compra dos agrotóxicos até o seu descarte, passando pelo transporte e armazenamento, assim como a preparação, manuseio e aplicação.

Orientações sobre as boas práticas em qualquer etapa da cultura do trigo podem ser obtidas com assistências técnicas, órgãos estaduais de apoio à agricultura e principalmente por meio de um engenheiro agrônomo.

OS AGROTÓXICOS SÓ DEVEM SER COMPRADOS COM RECEITUÁRIO DEVIDAMENTE ASSINADO PELO ENGENHEIRO AGRÔNOMO. AINDA NA FASE DE AQUISIÇÃO É PRECISO ESTAR ATENTO AOS SEGUINTES PONTOS:
  • Sempre exija a nota fiscal;
  • Compre apenas produtos originais. Cuidado com cargas roubadas, contrabandeadas ou falsificadas: o barato pode sair caro!
  • Verifique o prazo de validade e não compre se as embalagens estiverem danificadas;
  • Verifique se as informações de rótulo e bula estão legíveis.

Além disso, fique atento à classificação da Anvisa que determina o nível de toxidade (perigo) dos produtos. Há quatro classes de perigo para a sua saúde, e cada uma é representada por uma cor no rótulo e na bula do produto, como mostra a tabela abaixo. Lembrese que essa classificação não quer dizer que os produtos classes I e II são melhores que os produtos das classes III e IV para combater pragas ou doenças. O que mais importa é a indicação do seu agrônomo!

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