Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 462 | Setembro de 2016 | Campo Mourão - Paraná

ENTREVISTA

PRESIDENTE DO SISTEMA OCESC FALA SOBRE O PANORAMA COOPERATIVISTA

Luiz Vicente Suzin, presidente do Sistema Ocesc

PERFIL

Luiz Vicente Suzin iniciou sua trajetória no cooperativismo por volta de 1975. Filho de associado, ingressou no quadro social da Coopervil e em 1983 foi eleito membro do Conselho Administrativo, passou a ser vice-presidente em 1987, o qual foi aprovado em assembleia geral. Em 1989 assumiu a presidência da Coopervil, com o apoio de Aury Luiz Bodanese, presidente da Aurora, em um momento que a cooperativa passava por dificuldades. Suzin com o apoio do conselho, funcionários e cooperados, tornou a Coopervil uma cooperativa consolidada e continua na presidência da mesma.

Em seu legado ele deixa muitas marcas. Em 1.988 foi um dos 23 membros fundadores da primeira Cooperativa de Crédito Rural de Videira – Credivil. Em 1.989 passou a ser presidente, a qual está à frente até hoje, conduzindo a Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados do Vale do Vinho – Sicoob Videira.

Ele também faz parte do Conselho de Administração da Cooperativa Central Aurora Alimentos, onde a Coopervil é uma das filiadas. Na sua trajetória presidiu a Fecoagro por nove anos, onde sua gestão foi repleta de realizações. Também fez parte do Conselho da Ocesc por muitos anos e em abril deste ano foi eleito presidente da entidade.

Dinamizando a economia do Estado e colaborando com as políticas públicas, o cooperativismo tornou-se instrumento essencial de desenvolvimento, integração e inclusão no cenário socioeconômico catarinense. Nessa entrevista, Luiz Vicente Suzin presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), discorre sobre os novos desafios do setor.


Revista Coamo: Quais são suas metas no comando do Sistema Ocesc/Sescoop?

Luiz Vicente Suzin: Em primeiro lugar, é necessário lembrar que eu participo há muitos anos do Conselho de Administração da Ocesc, portanto, sempre acompanhei as decisões, planos e programas que inovaram e dinamizaram as atividades em favor do cooperativismo catarinense. Em segundo lugar, a instituição cuja presidência assumi em abril de 2016, após mandato de oito anos do ex-presidente Marcos Antônio Zordan, vive uma excelente fase e sua atuação tem ampla aprovação da comunidade cooperativista catarinense, das autoridades, da imprensa e dos órgãos de fiscalização. Assim, vamos dar continuidade ao trabalho tão bem conduzido pelo ex-presidente Marcos Zordan. Na verdade, há um quadro que se repete: há oito anos, Zordan me passou o comando da Fecoagro, agora, ele me transmite a presidência da Ocesc. Manteremos todas as ações que estão em andamento e aprimoraremos o que for possível e necessário.


RC: Em qual estágio se encontra o cooperativismo catarinense?

Suzin: O tamanho do setor cooperativista de Santa Catarina é o ideal, se considerarmos as características do Estado e um processo de crescimento ordenado, sólido e estruturado na observância dos princípios que o regem há mais de um século.  No aspecto econômico há um aumento médio de 12% a 20% nos últimos anos, o que coloca o setor em destaque no cenário Estadual. Para 2016, deveremos crescer de 6% a 8%, o que é muito bom se comparado ao quadro geral de recessão que domina a economia brasileira. O número de cooperativas de todos os ramos existentes em Santa Catarina continua relativamente estável. O dinamismo do cooperativismo barriga-verde, entretanto, manifesta-se no número de associados (cooperados), que aumenta em torno de 8% a 10% ao ano.


RC: Qual é o nível de intercooperação do sistema cooperativista catarinense?

Suzin: É muito bom. Intercooperação não é palavra vazia e, na verdade, é o sexto dos sete princípios do cooperativismo mundial. Preconiza a parceria, a ação conjunta, o relacionamento institucional, político e comercial entre as cooperativas, prática que leva ao fortalecimento recíproco das cooperativas e, por extensão, do sistema. São muitas e várias as formas de intercooperação. Pratica-se a intercooperação quando a cooperativa de produção agrícola entrega a safra de grãos para uma cooperativa regional que a industrializa e, por sua vez, entrega o produto a uma cooperativa central que abate e processa aves, suínos, bovinos etc. Ou quando a cooperativa de crédito financia a cooperativa habitacional etc. Outros desafios são a aprovação da lei geral do cooperativismo que dormita no Congresso há mais de dez anos e a regulamentação do ato cooperativo, ou seja, a relação econômica do associado com sua própria cooperativa.


RC: Por que até hoje não foi regulamentado o Ato Cooperativo, velha e justa reivindicação das cooperativas brasileiras?

Suzin: Apesar do imenso esforço da Organização das Cooperativas Brasileiras junto ao Congresso Nacional, verificamos, com pesar, que a maioria dos parlamentares federais desconhece o cooperativismo – sua doutrina, seu papel econômico, seus efeitos sociais e a contribuição que oferece ao desenvolvimento do Brasil. Por isso, há dificuldade em aprovar as matérias de interesse das cooperativas e de imensa faixa da população. O Congresso Nacional aprovou apenas a regulamentação do ato cooperativo para os ramos (segmentos) agropecuário, crédito e transporte. Falta estender esse benefício aos outros ramos. A lei geral do cooperativismo ainda não foi votada. Ato cooperativo é a relação econômica que o associado mantém com sua própria cooperativa.


NÚMEROS DO COOPERATIVISMO DE SC
  • Força do cooperativismo catarinense:
  • 260 cooperativas catarinenses;
  • Reúnem 1.908.435 famílias associadas;
  • Mantém 56.311 empregados;
  • Faturam mais de R$ 27 bilhões por ano;
  • Representam 11% do PIB catarinense.
  • Receita operacional bruta das cooperativas de SC em 2015:
  • R$ 27 bilhões 48,9 milhões.
  • Crescimento em 2015: 12,96%.
  • Número de cooperados (associados) às cooperativas de SC:
  • 1.908.435 pessoas. Consideradas as células familiares, mais da metade da população catarinense está vinculada ao cooperativismo.
  • Crescimento em 2015: 8,7%.

Os 12 ramos do cooperativismo catarinense:

As cooperativas dos ramos agropecuário, saúde, crédito, consumo, infraestrutura e transporte registraram o movimento econômico mais expressivo. Os ramos de trabalho, produção, habitacional, mineral, especial e educacional, mesmo com menor expressão econômica, são instrumentos para a promoção de renda às pessoas físicas, que organizadas na forma de cooperativas prestam serviços especializados aos mais diversos segmentos da sociedade.

RC: A sociedade brasileira adotará o cooperativismo como modelo de organização econômica e social como fizeram alguns países mais avançados?

Suzin: Este é o sonho dos cooperativistas: um dia o cooperativismo será bandeira de todos. O cooperativismo deixou de ser apenas uma doutrina bonita, apurada e reconhecida mundialmente para transformar-se em um grande e eficaz instrumento de transformação da sociedade humana. Os estudos comprovam que, nas regiões onde atuam, as cooperativas elevam o índice de desenvolvimento humano (IDH).

Muito além do proselitismo, essa constatação resulta das preocupações com a qualidade de vida dos colaboradores, cooperados e familiares, com o meio ambiente, com a redução da emissão de poluentes, com educação, saúde e lazer, dentre outras. Os postulados da ACI concorrem para esses resultados, razão pelas quais os apoiamos integralmente. Gostaríamos de salientar que, dentro dos pontos mais importantes no cooperativismo, a comunicação é a forma de chegar aos quatro cantos do mundo para dar uma melhor oportunidade de crescimento aos associados.


RC: Quais os principais ramos do cooperativismo do Estado?

Suzin: O setor agropecuário responde por aproximadamente 64% do peso econômico das cooperativas no Estado de Santa Catarina. Tem importância significativa também as cooperativas da área de saúde, crédito, infraestrutura e consumo as quais, além da considerável contribuição econômica, tem um importante papel na distribuição de renda e apoio social. Também são expressivos os demais ramos: transporte, trabalho, produção, habitacional, mineral, especial e educacional.


RC: Como o setor cooperativista catarinense se diferencia de outros Estados?

Suzin: Vamos falar do ramo agropecuário que é o maior de todos. As características de minifúndios do Estado de Santa Catarina levam os produtores rurais a maior necessidade de união objetivando a otimização de sua renda. Esse aspecto, aliado aos inúmeros serviços prestados pelas cooperativas a seus associados, resultam numa maior integração. Em outro angulo, há intenso direcionamento das atividades das cooperativas no sentido de agregar valor aos produtos primários, o que proporciona a melhoria da remuneração dos associados. Finalmente o forte empenho dos últimos anos na linha de reestruturações, racionalização de custos e elevação de escala tem permitido a obtenção de resultados positivos.

 Fonte: Assessoria de Imprensa Ocesc

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