Sabíamos que estávamos começando a organizar o movimento cooperativista com direcionamento e seriedade. Mas, de forma alguma, imaginávamos o alcance que o cooperativismo teria entre os paranaenses”, diz Guntolf van Kaick, o primeiro presidente da Ocepar. Num dia ensolarado em Curitiba, 02 de abril de 1971, nascia a Organização das Cooperativas do Estado do Paraná. A ata da constituição da entidade foi assinada por 86 pessoas, entre elas representantes das 34 cooperativas fundadoras - as primeiras filiadas -, além de autoridades e profissionais de instituições estatais e privadas de fomento ao cooperativismo. Naquele ano, de acordo com estudos do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), havia no Estado cerca de 56 mil cooperados, a maioria associados a cooperativas do ramo agropecuário e de consumo.
Num aprofundado estudo sobre o setor agropecuário, realizado em 1974 por meio de uma parceria entre a Ocepar e o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), pesquisadores levantaram os dados do sistema nos primeiros anos daquela década. Em 1971, as cooperativas agropecuárias congregavam 32.785 cooperados e o faturamento do ramo no Estado foi de Cr$ 436,389 milhões (em cruzeiros), o equivalente nos dias de hoje a R$ 1,76 bilhão, em valores corrigidos pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna). Passados 45 anos, a Ocepar tem sob sua abrangência um dos sistemas econômicos e sociais mais pujantes do país.
Os números impressionam: em 2015, o faturamento das 220 cooperativas registradas à entidade chegou a R$ 60,4 bilhões. Somente o segmento agropecuário movimentou cerca de R$ 50 bilhões no ano passado. Em comparação ao ano de fundação, o ramo teve um crescimento de 2,741% na sua movimentação econômica. No total, o sistema cooperativista do Paraná tem hoje 1,3 milhão de cooperados, gera mais de 2,6 milhões de postos de trabalho e alcança 3 milhões de pessoas - associados, colaboradores e familiares.
Mas, números e estatísticas, embora demonstrem o crescimento do movimento cooperativista no Estado, não revelam as histórias de vida e superação que o cooperativismo, sob a representação, o guarda-chuva da Ocepar, ajudou a construir nas últimas quatro décadas. Quando apoia um cooperado, estimula seu desenvolvimento econômico e social, é nessas ações que a filosofia cooperativista se revela em sua essência.
Hoje, o Sistema Ocepar representa cooperativas que atuam em dez ramos - agropecuário, saúde, crédito, educacional, consumo, infraestrutura, habitacional, trabalho, transporte, turismo/lazer. No ramo agropecuário são 74 entidades que respondem por cerca 56% da economia do agronegócio regional.
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Inauguração da sede própria, em 1975 |
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Segunda sede da Ocepar |
UMA ÚNICA VOZ A Ocepar começou a ser gestada muito antes da data de sua constituição. A criação foi resultado do processo de reestruturação do cooperativismo que começou a ser discutido em 1967, por meio de fóruns de discussão, alguns deles promovidos pelo Conselho de Coordenação e Fomento do Cooperativismo no Paraná (Cofep). Das reuniões participavam representantes de órgãos governamentais e de cooperativas. Desses encontros, surgiu o Projeto Iguaçu de Cooperativismo (PIC), programa piloto de integração e disciplinamento do setor, voltado para as regiões Sudoeste e Oeste do Paraná. Houve também consenso de que era preciso criar um novo órgão de representação para congregar todas as cooperativas do Estado. Antes mesmo de sua fundação, os estatutos da Ocepar, com os objetivos e atribuições da nova organização, já estavam delineados e prontos. A entidade nascia com o propósito de representar e indicar soluções aos problemas ligados ao desenvolvimento da estrutura organizacional e funcional das cooperativas, além de promover a divulgação do sistema cooperativista, fomentando a criação, racionalizada, de sociedades cooperativistas nas suas várias modalidades e categorias. Impresso no relatório do 3º Encontro, uma frase resumia os objetivos e o comprometimento dos fundadores da Ocepar: “vozes isoladas não se podem fazer ouvir”.
CENTRO DAS DECISÕES E DEBATES O que explica a longevidade e a força de uma organização representativa? Ter um projeto estratégico, ter o comprometimento de seus dirigentes, cooperados e colaboradores, promover ações inovadores, ter atitude e presença junto às esferas políticas? Fato é que, em 40 anos de atividades, a Ocepar construiu uma imagem de credibilidade e de proximidade com suas filiadas.
FUTURO E quanto ao futuro, os desafios dos novos tempos apontam na direção da intensificação dos processos de profissionalização e industrialização. “É preciso continuar investindo fortemente no aprimoramento de cooperados e colaboradores. Ampliar o processo de transformação industrial é outra meta, para que as cooperativas tenham mais estabilidade e oportunidades de negócios”, diz Koslovski. Na opinião do dirigente, a intercooperação entre as cooperativas, mesmo em diferentes ramos e regiões, é um caminho a ser trilhado para reduzir custos e viabilizar novas possibilidades para os empreendimentos cooperativos. “E é fundamental trabalhar com firmeza para que o ato cooperativo seja reconhecido em todos os ramos, reduzindo as distorções tributárias que tanto prejudicam o setor”, finaliza.
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